“Não encontro palavras para descrever o horror que vivi no dia 10 de maio de 2013. Foi sem dúvida o pior dia da minha vida, fiquei com o coração destroçado de tamanha dor, tanta tristeza e angústia. Mas senti de imediato que não podia baixar os braços, e chorar não era a solução”, relata.
“Enviei na hora uma mensagem à Rebeca a participar o sucedido, para que ela pudesse arranjar uma bailarina substituta, visto que nesse fim de semana era suposto a Telma ir dançar com ela no norte do país. Poucos minutos depois a Rebeca estava à minha porta com os pais a oferecerem-se para irem comigo para o Hospital Santa Maria. Aí fiquei com a certeza que a Telma corria risco de vida. Hoje agradeço-lhes por me terem acompanhado nessa hora e sempre”, manifesta Teresa Carvalho.
“Senti que a minha filha precisava de mim junto dela. Ela precisava de sentir a minha presença, a minha força e saber que eu estava ao seu lado a lutar pela vida, com a esperança de que um milagre podia acontecer e a certeza que Deus não nos abandona nas horas de provação”, recorda a progenitora.
A mãe de Telma conta que quando chegou ao hospital tomou consciência de que o cenário era mesmo muito negro, à porta da sala de reanimação, onde a bailarina se encontrava em coma. “Um médico esperava-me e disse-me: “Vai ter de ser muito forte se quer ver a sua filha, a situação é muito, muito grave, para além das múltiplas fraturas existem também muitas lesões internas…”. Só lhe respondi: “Doutor, faça tudo o que estiver ao seu alcance, porque Deus também é muito grande e enquanto há vida há esperança” O doutor ficou em silêncio admirado com a minha calma aparente e fez sinal para eu entrar. Nem sei onde fui buscar tanta força… senti que não podia ouvir a voz do meu coração mas sim da razão, que me dizia que para ajudar a minha filha, era minha obrigação transmitir-lhe muita força, coragem e confiança, acreditar e fazê-la acreditar que isto era só uma nuvem escura, e que atrás desta nuvem estava uma estrela a brilhar e que juntas íamos lutar para a alcançar”, descreve.
Enquanto os amigos desesperados sem a poderem ver, choravam e rezavam no corredor do Hospital, “eu contava-lhe ao ouvido alguns dos episódios mais felizes que juntas passámos no teatro, tentando assim fazê-la sorrir, sem sequer saber se ela me estava a ouvir. 48 horas depois o resultado foi surpreendente e ela abriu os olhos e aí tive a certeza que ela me ouvia, aí foi o momento mais feliz da minha vida”.
“Hoje posso dizer que depois de um período de imensa escuridão, o sol voltou a brilhar e a nossa estrela já voltou a dançar. Tenho consciência que ainda temos um longo caminho a percorrer, pois devido à rejeição aos ferros, a Telma em breve será novamente submetida a uma cirurgia aos dois pés e à perna esquerda, mas mais uma vez acredito que tudo irá correr bem, é só mais um obstáculo que ela tem que saltar para poder voltar a dançar”, afirma Teresa Carvalho.
“Todas as manhãs agradeço a Deus pelo ”dom da vida” e pela força que nos deu. Apesar desses momentos mais difíceis e angustiosos da minha vida, eu conseguia sentir-me um pouco feliz, porque é nas horas mais difíceis que nós conhecemos os amigos, e eu descobri que tenho imensos amigos por todo o mundo”, vinca.
A mãe de Telma aproveita para “agradecer à minha entidade patronal e às minhas colegas de trabalho pela disponibilidade que me facultaram para eu poder acompanhar a minha filha”. “A todos os amigos eu digo, nunca haverá “obrigado” que chegue para exprimir a gratidão que sinto, por todo o apoio e solidariedade que me prestaram durante este ano, sem esse apoio a Telma nunca teria atingido a recuperação que teve até hoje, apesar de ter muita força de vontade e de ser uma lutadora”.
0 Comentários