O gangue terá conseguido arrecadar milhares de euros, fazendo explodir as caixas de multibanco com gelamonite. Antes arranjava carros de alta cilindrada para fugir. Mulheres ficavam responsáveis pelo depósito das quantias roubadas.
Segundo a agência Lusa, os roubos das caixas multibanco ocorreram em agências bancárias, edifícios públicos e comerciais e postos de combustível. Os equipamentos eram arrombados através do alargamento da ranhura de saída das notas com um pé de cabra, e posterior rebentamento de um cartuxo explosivo, com detonador e cordão de rastilho.
Foram causados elevados prejuízos com os rebentamentos. As autoridades policiais apreenderam 200 velas de explosivo e 200 detonadores, cordão lento e cordão detonante, para além de outros elementos de prova.
A atividade decorreu entre abril e outubro de 2012, até que o grupo foi desmantelado pela Unidade Nacional Contra Terrorismo da Polícia Judiciária, em articulação com o Departamento Central de Investigação e Ação Penal.
Descreve a agência Lusa que a primeira tentativa de furto numa caixa multibanco em Negrais (Sintra), a 24 de abril do ano passado, não correu bem. A explosão por gás acetileno, acionada com um rasto de gasolina a arder, apenas danificou as instalações e os cinco assaltantes fugiram com receio do alarme na vizinhança.
O grupo furtou depois uma carrinha em Sassoeiros (Cascais) e dois veículos comerciais e 75 caixas de uísque num armazém de bebidas no Linhó (Sintra).
A primeira experiência com explosivos visou a caixa multibanco da fachada de uma agência na Malveira da Serra (Cascais) em 25 de maio. O equipamento resistiu à explosão porque a gelamonite, subtraída de uma empresa de construção no Lourel, estava deteriorada.
O grupo regressou a Negrais. A gelamonite, desviada pelo empregado de uma empresa de construção civil em Ouressa (Sintra), não rebentou com a máquina. Os estragos somaram mais de 24000 euros.
Na mesma noite, na estação da CP de Mira-Sintra/Meleças, o explosivo destruiu o posto multibanco “portátil” junto às bilheteiras, mas acionou o sistema antifurto de tintagem de notas. Foram levados 44020 euros, tingidos de vermelho.
A rota de rebentamentos passou, por exemplo, pela fábrica da Siemens, no Sabugo (9300 euros); complexo multiserviços municipal na Adroana (27580 euros); centro comercial Riyadh, em Cascais (70010 euros); supermercado na Encarnação (48370 euros); estação da CP na Ribeira de Santarém (33660 euros); Junta de Freguesia de Runa (35920 euros); posto de combustíveis nas Mercês (17710 euros).
Na vila de A-dos-Francos o assalto na Caixa Agrícola aconteceu de madrugada. Os assaltantes arrancaram os fios de duas câmaras de videovigilância no exterior, poupando apenas uma que estava dentro do edifício. Depois partiram um vidro bastante espesso para chegarem ao interior. Tentaram arrancar uma parede junto a uma caixa multibanco, mas desistiram, e acabaram por atacar o posto de atendimento exterior. Através de método desconhecido, terão conseguido, do lado de fora, afastar a máquina e entrar pelo buraco, para depois fazer acionar a explosão.
Apesar do barulho ter sido ouvido na vila, os habitantes só mais tarde é que se aperceberam do que se tinha passado. Três recipientes já sem o dinheiro foram encontrados na estrada. Foram levados 27180 euros.
A cinco quilómetros de distância, na Vermelha, o mesmo grupo, com recurso a explosão, assaltou a caixa multibanco instalada num anexo da junta de freguesia, onde terá entrado após arrombar uma janela.
O estrondo foi ouvido na rua, tendo um dos assaltantes chegado a ameaçar uma moradora que se aproximava do local.
Foi levado o recipiente onde se encontrava o dinheiro, mas este posto tinha sistema de tintagem das notas, acionado com o impacto da explosão, que provocou danos na parede. Foram retirados 23230 euros.
Em ambos os casos, os assaltantes, que terão sido três, atuaram encapuzados.
Francisco Gomes
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