A Rainha parecia profeta: “profeta com as suas cautelas, dos males que vieram por aquela administração “ (Augusto da Silva Carvalho ) e dos males futuros que o poder autárquico irá fazer ao Hospital Termal, por isso solicitou no Compromisso, a nós vindouros, não querer o poder político na gestão do Hospital.
O poder político, que profeticamente a Rainha maldizia, prepara-se agora para dar a machadada final na vontade da Rainha ao tentar, a todo o custo e com a ajuda do poder central, conquistar e apossar-se do Hospital e do pouco que ainda resta do enorme património hospitalar que nos foi doado.
Os políticos municipais que preparam esta traição à vontade da Rainha dizem que o fazem em nome dela, porque os tempos são outros e a Câmara é o representante do povo.
Não, a Câmara é estado e o Estado e a Câmara, como sabemos, representam por vezes com mais vontade outros interesses que não os do povo, e é o caso.
Mas ainda em tempos recentes o Município fez o que se prepara para fazer no Hospital Termal, nas Termas caldenses das Águas Santas e com resultados aniquiladores.
Nas Águas Santas, a Câmara concessionária dessas termas, e também por não ter vocação para as administrar, concessionou-as a privados, como agora pretende fazer com o Hospital Termal e com resultados destruidores.
É verdade, a Câmara já tem toda esta experiência e até da construção de um novo balneário termal, tal como já tem a prática de, após o acima descrito, abandonar as termas ao desmazelo, deixando até contaminar e poluir irremediavelmente as suas águas. Permitindo, até, que uma fábrica com tanto sítio para se instalar, o fizesse exatamente num dos poucos locais onde não o poderia fazer, colocando os esgotos dessa fábrica a poucos metros do balneário, junto dos aquíferos dessas termas, destruindo-os, talvez, para sempre.
Já abandonou estas Termas das Águas Santas ao desleixo e prepara uma segunda aventura com o Hospital Termal, apenas porque o quer, apenas para mostrar que ao fim de 500 anos o património termal, com o seu Hospital, finalmente foi conquistado, apossado pela Câmara, para glória do presidente, o único que vai conseguir que o Município se apodere do que a Rainha deixou, do que a Rainha doou ao povo português.
Anteriormente, outros presidentes o quiseram fazer sem o terem conseguido, como o demonstra o arrendamento pretendido pela Câmara da Mata em 1920, e esta ambição é apenas porque o Dr. Fernando Costa quis esse troféu, sem medir consequências, sem estudos prévios, com divulgação de parceiros que não têm dinheiro para o fazer, prometendo fundos comunitários, quando para tal nenhum projeto existe, retirando o Hospital do S.N.S. onde, com entendimento e acordo com o Ministério da Saúde, esse Hospital Termal deve permanecer.
Temos que nos unir para contrariarmos toda esta tramoia.
A instituição Hospital Termal e o seu património foram doados ao povo pela Rainha.
O Hospital Termal e o seu património é, portanto, nosso.
António Gaspar
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