Durante três horas, e num ambiente descontraído, como se de uma conversa informal se tratasse, as cerca de 60 pessoas que assistiram ao evento puderam ouvir as histórias contadas por Sérgio Ribeiro, Manuel Freire e José Santa Bárbara.
Sérgio Ribeiro, economista, foi deputado da Assembleia da República, em 1986 e entre 1989 e 1990 e foi eurodeputado entre 1994 a 2004. É atualmente membro do comité central do PCP e da Assembleia Municipal de Ourém.
Foi preso em Caxias pela PIDE a 18 de abril de 1974, não sendo a primeira vez que tal se sucederia. “Notei que as rotinas eram diferentes do que o normal, pois não houve recreio, nem julgamentos. Percebi que havia um golpe militar quando comecei a ouvir “Revolução vitoriosa. Marcelo caiu” vindo do exterior da cela”, recordou Sérgio Ribeiro. “A preocupação dos presos políticos era serem reféns da PIDE, o que não aconteceu e acabámos por sair em liberdade no dia 27 de abril”, disse o economista.
Manuel Freire, cantor de intervenção, é autor de canções como “Pedra Filosofal”, “Gaivota”, “Lutaremos meu amor” e compõe e interpreta músicas para o teatro e cinema e para diversos autores portugueses, brasileiros e franceses. Eleito presidente da Sociedade Portuguesa de Autores em 2003, Manuel Freire trabalhou durante 17 anos numa empresa ligada às novas tecnologias. “Recordo que a empresa onde trabalhava tinha uma ficha de colaborador com informações para a PIDE”, indicou, acrescentando que “as minhas músicas às vezes tocavam na rádio, apesar de proibidas”.
José Santa Bárbara, para além de artista plástico, foi autor das capas dos discos de Zeca Afonso. “Também existia censura nas capas dos discos”, contudo “as capas continham mensagens subliminares nos títulos e nas imagens utilizadas, como é o caso do disco “E vou ser como a toupeira”, relembrou José Santa Bárbara.
Inês Lopes
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