“Nestas condições de trabalho, as possibilidades de erro e de troca de medicação são maiores e tudo o que possa acontecer é da responsabilidade da administração, devido ao risco acrescido pelas condições de trabalho”, afirmou Guadalupe Simões, da direção do SEP.
A disponibilização de trinta camas de internamento de doentes urgentes no hospital de Peniche para diminuir o número de macas nos corredores da urgência das Caldas da Rainha, a transferência dos doentes internados na urgência para camas de outros serviços em que haja vaga e a contratação de mais enfermeiros para aumentar a capacidade de resposta do hospital, são as medidas exigidas.
“Se até 30 de abril a administração não der resposta positiva, os enfermeiros entrarão em vigília em frente ao hospital por tempo indeterminado, a partir de 1 de maio”, anunciou.
“Utilizaremos essa vigília para dar a conhecer aos cidadãos que o conselho de administração desde hospital, numa atitude economicista, havendo condições para internar as pessoas com segurança, só não o faz porque não quer gastar dinheiro”, frisou Guadalupe Simões.
“As situações de rutura existem praticamente todos os dias, mas os enfermeiros, com sentido de responsabilidade, acabam por tentar fazer tudo em prol das pessoas e dessa forma colmatar as necessidades, mas chega uma altura em que os profissionais estão cansados”, indicou, denunciando “as condições infra-humanas para os enfermeiros, em que o confronto com a morte e sofrimento agrava-se com as condições de trabalho”.
“Há uma carência significativa de enfermeiros”, apontou Maria de Jesus Fernandes, da direção regional de Leiria do SEP, fazendo notar que “o centro hospitalar tem já uma dívida de 3000 dias aos enfermeiros e as horas estão a acumular”.
Um problema que se agrava porque, revelou Guadalupe Simões, “tivemos conhecimento de que a administração estaria a pensar despedir dez enfermeiros, mas só no serviço de medicina são precisos mais 21 enfermeiros, e isto num quadro de aumento das necessidades das pessoas, de carência económica e dificuldades, o que significa que temos mais pessoas internadas no hospital e a precisar de cuidados de saúde e temos menos enfermeiros”.
As condições físicas são para Marta Duarte, da direção regional de Leiria do SEP e enfermeira do serviço de urgência nas Caldas da Rainha, essenciais de resolver. “Foi aberto outro espaço na urgência que dava para mais cinco doentes, mas esse espaço precisava de mais um enfermeiro e um auxiliar, que funcionou apenas 48 horas, porque não havia enfermeiros para manter este local aberto”, destacou, rejeitando que o problema tenha a ver com uma eventual inusitada afluência à urgência: “Isto não é uma questão de sazonalidade, porque Verãos ou Invernos, é tudo igual”.
“Temos pessoas imunodeprimidas ao pé de doentes infetocontagiosos e sabemos onde é que isso vai dar, a não ser que exista um objetivo por parte do ministério da saúde de aumentar o número de mortos na urgência do hospital, porque, como já dizia alguém, temos de acabar com os velhos”, declarou Guadalupe Simões, que lamentou que a reunião que foi pedida à administração não tenha tido resposta até à altura. “O presidente da administração deve pensar que está numa empresa de produzir parafusos”, ironizou.
O presidente do CHO, Carlos Sá, disse entretanto que existe um grupo de trabalho que envolve também os enfermeiros e que já apresentou medidas para resolver o excesso de doentes na urgência do hospital das Caldas, nomeadamente a criação de mais dez camas em Peniche e a requalificação de uma área do serviço para acolher mais doentes. Desmentiu também que seriam despedidos mais enfermeiros.
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