Jorge Sobral tinha responsabilidades no Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados, no Conselho Geral da Escola Raul Proença, na Comissão Municipal de Defesa das Florestas contra Incêndios, na Comissão Municipal de Segurança e na Comissão Municipal de Proteção Civil.
Devia a Câmara ter outra abertura e atribuir pelouros remunerados à oposição? Conseguem os dois vereadores do PSD a tempo inteiro dar conta das áreas de intervenção que têm a seu cargo?
Foi esta tónica do debate decorrido na semana passada em “Pontos de Vista”, fórum político da Mais Oeste Rádio/Jornal das Caldas.
Emanuel Pontes, do MVC, manifestou que “dá ideia de que o vereador aceitou os cargos porque lhe tinha sido prometida alguma remuneração. Ou desconhecia que eram cargos não remunerados ou houve falta de comunicação”.
“Temos de contribuir para a melhor governança do concelho, independentemente de sermos remunerados ou não. Eu teria aceite continuar nos serviços municipalizados, porque é um ponto estratégico”, afirmou, considerando que a atividade política “é como praticar voluntariado”.
“Também não há vontade do atual executivo em partilhar a gestão e quem perde são os caldenses”, criticou Emanuel Pontes.
“O primeiro dinheiro que ganhei na política foi nas senhas de presença nos quatro anos como deputado municipal. Se não ganhasse ia lá na mesma, mas acho que funções executivas devem ser remuneradas, porque se deixa de ganhar noutros sítios, perde-se tempo e as responsabilidades têm de ser pagas. Acho que o Jorge Sobral tem razão”, comentou Fernando Rocha, do BE.
“Os vereadores do PSD não conseguem dar vazão e onde é que está a pluralidade? É obsceno ter de suportar as despesas. O trabalho na política deve ser pago, porque não é mecenato”, disse.
José Carlos Abegão, do PS, começou por dizer que “este é um Município monocolor”. “Pensava que a Nova Dinâmica ia alterar. Não vejo qual é a incompatibilidade e razão dos vereadores da oposição não terem meio tempo ou tempo inteiro”, afirmou.
“Vir de propósito à cidade e fazer trinta quilómetros, se não pagam a deslocação, compreendo a posição do vereador Jorge Sobral”, sublinhou.
Rui Gonçalves, do CDS-PP, acha que “não era espetável haver maior disponiblidade para abranger os vereadores da oposição, porque o dr. Tinta Ferreira, novo presidente da Câmara, esteve com o dr. Fernando Costa alguns vinte anos e quem anda com um coxo, ao fim de algum tempo também coxeia”.
“Há um estigma relativamente aos vereadores da oposição e às suas ideias, porque tem-se medo que as propostas resultem e que deem votos aos vereadores”, sustentou.
“Atualmente há dois vereadores a tempo inteiro e uma vereadora a meio-tempo, mas ela só está cá um dia por semana e não pode ter tempo para gerir bem três pelouros como a Cultura, a Ação Social e a Saúde”, referiu Rui Gonçalves.
“O Jorge Sobral é uma pessoa experiente e se tem disponibilidade, porque é que não pode ser vereador? Mas se não combinou na altura as condições, também não é agora. Por exemplo, o Rui Correia dava um excelente vereador da Cultura. Porque é que não se aproveita o potencial das pessoas, independentemente do partido que forem?, questionou.
João Frade, do PSD, revelou que “logo a seguir às eleições foi perguntado aos vereadores da oposição se queriam aceitar pelouros. Só o sr. Jorge Sobral aceitou e não se falou em vencimentos. Nas reuniões de Câmara qualquer vereador recebe senhas de presença. Já à partida sabia que no resto não ia ser remunerado. Isso não foi combinado”.
José Carlos Faria, da CDU, declarou que “não acredito que haja uma atitude de oportunismo do vereador Jorge Sobral”. “Exigir que faça trinta quilómetros diários sem haver remuneração, não é aceitável”, defendeu.
“Podia haver vontade política para um acerto de posições”, sustentou.
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