No hospital mandado construir pela rainha D. Leonor desde 1488 que se tratam doentes com as águas termais. Mas nas últimas duas décadas, o estabelecimento de saúde tem tido um funcionamento irregular por causa de batérias na canalização e atualmente os tratamentos termais estão suspensos. O Ministério da Saúde quer entregar a gestão do património a entidades privadas, por entender não ter capacidade e vocação para suportar as termas.
A atual administração hospitalar não tem escapado às críticas de inércia e a gota de água foi um vidro partido. Jorge Varanda, da Comissão Cívica de Proteção do Hospital Termal, afirmou que “a bandeira nacional deixou de ser hasteada na janela onde estava o vidro”, alegando que a administração tem tido “uma atitude miserabilista”.
“Pugnamos para que o hospital recupere a sua dignidade e que mereça a atenção da parte de quem tutela a todos os níveis hierárquicos, desde o ministério da Saúde até ao conselho de administração, que devem ser chamados à responsabilidade porque o edifício está a ser desprezado e alvo de indiferença e alheamento”, declarou Mário Gonçalves, elemento do Conselho da Cidade.
A Comissão Cívica de Proteção do Hospital Termal comprou um vidro por dez euros e foi entregá-lo ao administrador do Centro Hospitalar do Oeste, Carlos Sá, que ficou surpreendido. O vidro com um buraco, que esteve tapado com um contraplacado, tinha sido substituído há dias, só que um erro do carpinteiro em alguns centímetros tornou a troca inestética.
Carlos Sá admitiu que “não tinha conhecimento de que não estava devidamente reparado”, mas sustentou não ser motivo para “tentarem fazer um caso”, porque “o centro hospitalar tem condições para reparar o vidro”.
“O vidro ficou partido com a intempérie e para adquirir um novo tivemos de seguir procedimentos administrativos que demoraram semana e meia”, justificou ainda o administrador, rejeitando a acusação de falta de manutenção do hospital e não aceitando a oferta do vidro.
“Não percebo esta agitação. É uma situação pontual”, argumentou, o que fez aquecer os ânimos e levou à exaltação de alguns elementos da Comissão Cívica de Proteção do Hospital Termal, nomeadamente Vítor Dinis e Jorge Varanda, que consideraram que Carlos Sá “não tem competência para o lugar e é o coveiro do hospital”.
Jorge Varanda questionou o administrador porque é que o elevador está avariado, obrigando os utentes, alguns de idade avançada, a terem de subir e descer uma grande quantidade de degraus. “O elevador avariou e já foi chamada a empresa para reparar”, respondeu Carlos Sá, que finalizou a conversa por achar estar na presença de “associações de pessoas que gostam de falar alto em vez de terem uma conversa séria”.
Mas ainda acrescentou que os melhoramentos a efetuar no hospital termal “estão sob a alçada da Câmara, que contratou uma empresa que está na fase final do projeto que vai apresentar”.
Coube a Conceição Camacho, diretora clínica do hospital termal, apaziguar os ânimos, ao apontar que “o ministério da saúde não investe e direção-geral de geologia e energia quis retirar a concessão termal à instituição”, pelo que pediu “união para construirmos o futuro”.
Jorge Varanda fez notar que para colocar as termas de novo a funcionar são precisas obras no sistema de adução e canalização da água no valor de 150 mil euros, um investimento que seria compensado com a receita da frequência de aquistas, para além da própria cidade beneficiar com o Hospital Termal aberto. Defendeu que parcerias com privados só devam ser feitas para gestão do património. Carlos Sá revelou que tem convidado várias entidades para cativá-las. A Câmara também trouxe recentemente o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Pedro Santana Lopes, com o mesmo intuito.
Jaime Neto, da Comissão de Utentes “Juntos pelo nosso Hospital”, apontou que se devia ir às instâncias decisoras na Europa para apresentar um projeto de valorização do hospital termal.
Jorge Sobral, vereador do PS, elogiou a iniciativa de deslocação ao Hospital Termal, indicando que a Câmara está a ter sensibilidade para pagar algumas despesas, estando a “responder a questões que não lhe competiam, por exemplo, pagamento de verbas para que as coisas não caiam completamente ou para que haja manutenção dos Pavilhões do Parque”. Aproveitou ainda para criticar Carlos Sá “por defender o ministério da saúde em detrimento da cidade”.
Pedro Marques, deputado municipal do PSD, admitiu que a reunião no hospital termal “estava a ir para aquilo que não gosto, que é um confronto direto, que não resolve nenhum problema”. Defendeu também que se elabore um projeto consensual que seja promovido “a uma só voz”.
Paulo Freitas, do BE, desafiou a autarquia a “promover um encontro de todos os partidos e movimentos associados a esta luta para discutir este problema e chegarmos a um consenso”.
Um documento de consenso vai agora ser discutido entre as forças representativas da cidade.
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