A surdez do ouvido direito e a “falta de vista” são o “calcanhar de Aquiles” de Maria Matildes – nome oficial e completo de “Dona Toneca”, à custa de se chamarem “António” o seu falecido marido e o seu único filho.
A idosa foi acolhida pelo Centro Social e Paroquial de Lamas (CSPL), onde gosta “muito, muito” de viver no lar onde está há 17 anos.
Quanto aos cem anos, fê-los no dia 29 de dezembro, e foi festejá-los a casa, com a família. No dia seguinte, já de regresso ao lar, foi mais uma vez recebida em festa pelo CSPL.
Com um neto e dois bisnetos, justifica a sua boa saúde: “Ponho-me a pensar se seria de eu ter começado muito cedo a trabalhar e de não ser uma pessoa de me ‘encostar’”, a ajudar a mãe, ora a cuidar dos seus já falecidos seis irmãos, ora a madrugar para amassar pão.
Recorda os bailes que frequentava e também que depois quando chegava a casa “a minha mãe dizia: se tiveste habilidade para ir ao baile, também tens habilidade para ir amassar”.
“Dona Toneca” afirma ainda hoje se fartar de trabalhar. No lar começou a ajudar na cozinha e chegou a tratar da roupa, na lavandaria. “Quando vai a minha casa”, prossegue o filho António, “ou tem de estar a varrer a cozinha ou a lavar a loiça, ela não para”.
A idosa, que ficou viúva há 43 anos, ainda hoje insiste em lavar a sua roupa à mão, num tanque do lar (negando-se à lavandaria), assim como lençóis e até tapetes do quarto. Faz a cama e limpa o pó dos móveis. E arrisca ainda pôr-se em cima de uma cadeira para lavar os vidros das janelas, e de joelhos para esfregar o chão, fintando os conselhos das técnicas e auxiliares do lar, que já tão bem conhecem a “simpática teimosia” da “Dona Toneca”.
Para ver televisão não tem paciência. “Mas que raça de coisa, nunca estou enjoada de trabalho. E assim cheguei a esta idade!”, exclama.
0 Comentários