Os vários projetos foram revelados pelo presidente da câmara durante a comemoração oficial do feriado municipal de Óbidos, realizada no passado dia 11, no Convento de S. Miguel, nas Gaeiras.

Durante esta sessão, Humberto Marques traçou, no discurso solene, as linhas orientadoras da política autárquica para este ano, assim como os objetivos para o mandato.

O projeto de regadio das baixas de Óbidos, um investimento de 20 milhões de euros que permitirá irrigar 1400 hectares de terrenos e servirá cerca de 800 agricultores, vai ser posto a concurso em março, anunciou o autarca. “No dia 18 de dezembro foi assumido pelo secretário de estado da agricultura que a rede de rega das baixas de Óbidos se iniciará ainda em 2014 ao abrigo de um regulamento transitório com regras do atual quadro comunitário de apoio mas com verbas do próximo”, afirmou Humberto Marques, esclarecendo que tal “permitirá antecipar em um ano o arranque da obra, uma vez que não teremos que esperar até 2015 pelas publicações dos regulamentos do próximo quadro de financiamento”.

O projeto hidroagrícola das baixas de Óbidos foi iniciado em 1978 e previa a construção de uma barragem e de uma rede de regadio, que deveria servir 800 agricultores e regar 1400 hectares de terrenos. A barragem está concluída desde 2005, mas a rede de rega nunca chegou a ser construída.

O presidente da Câmara dá agora a garantia de que a obra irá finalmente ser concretizada, revelando que depois de iniciada, a rede poderá estar concluída após cerca de um ano e meio. “Esta será a maior obra jamais realizada no nosso concelho”, afirmou Humberto Marques, sublinhando a importância da obra, que irá “alavancar a produtividade agrícola dos nossos agricultores”.

Investidor russo mostrou interesse em investir no termalismo em Óbidos

Outro projeto que a autarquia pretende continuar a desenvolver é o termalismo em Óbidos. Segundo o autarca, o município entregou à Direção-Geral de Energia e Geologia (DGGE) o projeto de execução necessário para efeitos de prestação de garantias a favor do Estado Português, bem como à garantia bancária necessária para a finalização do processo de concessão sobre as águas minerais.

“A partir deste momento aguarda-se a discussão pública para a decisão final do Sr. ministro do ambiente na atribuição da concessão das águas minerais”, disse Humberto Marques, frisando que “face o interesse manifestado por privados, começámos já a trabalhar na preparação de um programa preliminar, que poderá servir de base a uma eventual subconcessão a privados”. O autarca revelou que foi contatado por um privado (capital russo) que manifestou bastante interesse, com um projeto turístico de medicina alternativa e várias ofertas. Humberto Marques espera que o processo do despacho da subconcessão esteja terminado daqui a noventa dias.

Para o presidente da Câmara, deste projeto terá que resultar uma maior dinamização turística, tecnológica, qualidade de vida, entre outras, e fundamentalmente uma resposta às necessidades das populações locais. Se houver algum privado que responda a esses requisitos, o autarca disse que não hesitará. Se não houver o interesse por parte de um privado, terá que ser o Município a desenvolver um projeto “diferente, menos arrojado e concretizado de uma forma faseada”.

Humberto Marques não exclui a possibilidade do projeto de termalismo em Óbidos ter uma ligação às termas das Caldas. “As Caldas tem uma perspetiva diferente na área da saúde e isso pode ajudar a criar um projeto numa dimensão turística com a ligação do bem-estar à saúde”, apontou.

Criação da grande central das várzeas

Para este ano e já previsto em orçamento, a Câmara irá lançar um regulamento de apoio à criação da grande central das várzeas, com incentivo até 300 mil euros repartidos em três anos, para estimular a constituição de um grupo alargado de produtores agrícolas, com vista à concentração da oferta e dinamização do produto local, sob o fim de aumentar o rendimento dos produtores. “A ideia deste projeto é valorizar os produtos locais como uma marca própria e o fato de estarem concentrados possam responder de forma mais expedita quer ao mercado local e nacional quer ao mercado internacional”, explicou Humberto Marques.

“Estamos a tentar que os produtores, nomeadamente os pequenos que estão desorganizados, que concentrem a sua produção”, indicou, convidando todos os agricultores, nomeadamente os jovens, “a fazerem este trabalho em conjunto com o Município”.

Abertura dos edifícios centrais do Parque Tecnológico

Cinco anos após a abertura do ABC – Apoio de Base à Criatividade, no antigo Convento de São Miguel das Gaeiras, Óbidos “vive hoje um momento emblemático da sua estratégia de desenvolvimento económico na véspera da abertura dos edifícios centrais no Parque Tecnológico”. “Este projeto, tão estranhamente criticado por alguns conformistas e sem estratégia para o concelho, é hoje um dos mais importantes projetos de apoio ao empreendedorismo na região Centro, aumentando a capacidade competitiva desta região”, sustentou o autarca, sublinhando que “em 2014 o Parque Tecnológico reforçará o seu ecossistema, multiplicando por cinco a sua capacidade física para instalação de empresas, mantendo regimes favoráveis à instalação de novas empresas como no ABC”.

Humberto Marques revelou que continuarão a desenvolver novas formas de trabalhar através do Colab e com o início de funcionamento de um projeto inovador – o Spin Lab – “e que será um espaço de materialização e concretização de ideias”. “Ao chegar com uma ideia de um produto pode-se aqui criar esse produto, desde o protótipo até à fase pré-industrial. Este é um projeto alinhado com o que de mais inovador se faz no mundo e que encerra a marca de Óbidos”, apontou o autarca.

A comemoração do feriado municipal de Óbidos iniciou com um concerto dado pela Banda da União Filarmónica de A-da-Gorda e pelo Coral Alma Nova. Depois da intervenção política do presidente da Câmara de Óbidos e por ausência do presidente da Assembleia Municipal, Telmo Faria, tomou da palavra o primeiro secretário, Fernando Jorge. Este ano, e ao contrário do que tem acontecido em anos anteriores, não houve homenagens nem inaugurações neste dia, devendo estas acontecer, segundo a autarquia, ao longo de 2014.

“Vamos assistir durante o ano a um ciclo de inaugurações e de lançamentos de novas obras, projetos e converter a gala de Óbidos em atuações mais abertas à comunidade e a turistas que nos visitam”, manifestou Humberto Marques.