Braz Gil, do CDS-PP, estranhou a situação. “Diz-se que não há empresas municipais e que não há dívidas, mas depois a ADIO tem um conjunto de dívidas. Primeiro a Câmara fez o edifício, deu-o à ADIO e agora volta a comprar. Isto são esquemas que não resolvem problemas de fundo”, indicou.
José Carlos Abegão, do PS, considerou o negócio “uma trapalhada”. “Pago uma casa e depois quem ofereci a casa vai vendê-la a mim. É uma coisa sem pés nem cabeça. Tem de haver uma jogada qualquer por detrás disto para compensar prejuízos da ADIO”, disse.
“Temos aqui um novo folhetim. O caso do gasóleo comparado com isto não é nada”, considerou Emanuel Pontes, do MVC.
Alberto Pereira, do PSD, disse que “a Câmara decidiu comprar a Expoeste mas ainda não fez proposta à ADIO. É uma situação para colmatar dificuldades financeiras da ADIO mas também dar ao Munícipio uma instalação que não é sua, porque a Câmara não pagou todo o edifício que ali está, o que fez foi dar uma comparticipação”, defendeu.
Alexandre Cunha, do BE, afirmou que este caso “levanta dúvidas sobre as dívidas das organizações-satélite da Câmara”, uma vez que “dizem sempre que a Câmara nunca tem dívidas e é muito certinha e financeiramente estável, mas afinal o Centro da Juventude, a ADIO e outras organizações que fazem parte desta rede têm dívidas”.
“É tudo muito esquisito”, comentou Vítor Fernandes, da CDU.
“Dificuldades de gestão”
A direção da AIRO reconhece que têm existido “dificuldades de gestão” e que “têm sido abordadas várias hipóteses e reformas na ADIO, ainda não decididas”. “No primeiro semestre de 2011 houve abordagens informais da anterior vereação da Câmara à Direção da AIRO no sentido da possível venda das instalações, integrando a conclusão do saneamento financeiro da ADIO. Sempre afirmámos que a AIRO não bloquearia solução que fosse melhor para as Caldas da Rainha e para o Oeste, desde que cumpridos os acordos e salvaguardados os seus direitos”, revelou.
A AIRO recordou que nos anos 90 a construção do Centro Empresarial do Oeste, mais tarde chamado Expoeste, “só foi possível através de um projeto preparado e apresentado ao Ministério da Indústria pela AIRO, o que permitiu a aprovação da obra”.
“Tratava-se da Medida 1 do PEDIP (Programa Especifico de Apoio à Indústria Portuguesa) que se destinava à criação de infraestruturas para a Indústria e à qual apenas as associações industriais tinham acesso. A AIRO obteve assim um subsídio do Ministério da Indústria para a construção de 1,431.550 euros, integralmente nela aplicado”, lembrou.
“A seguir, por dificuldade em realizar a comparticipação própria de 274340 euros, a AIRO associou-se à Câmara, constituindo ambas a ADIO. O centro de exposições constitui assim património da ADIO. Mais tarde entrariam como sócias da ADIO, cinco Juntas de Freguesia (Nossa Senhora do Pópulo, Santo Onofre, Alvorninha, Santa Catarina e Vidais) e a ACCCRO (Associação Comercial dos Concelhos das Caldas da Rainha e Óbidos)”, referiu.
Francisco Gomes
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