Quando surgiu este fascínio pela arte?
Desde pequenina. Sempre disse que queria ser pintora. É claro que os meus pais e as pessoas que me rodeavam começaram a tentar orientar-me noutro sentido porque no nosso país viver da arte é muito difícil. Depois ainda houve a possibilidade de também ir para veterinária, mas não. De facto o que me faz feliz são mesmo as artes.
Começou a fazer exposições de ilustração há quanto tempo?
De ilustração só há dois anos. E, de facto, desde que comecei têm surgido vários convites e isso tem-me surpreendido. E tenho pena de não ter mais tempo para me dedicar mais a esta área, mas fiz exposições aqui nas Caldas, Figueira da Foz, Coimbra, Estoril, agora vou fazer uma em Óbidos em dezembro. Mas a maior parte são exposições colectivas.
Quanto tempo demora a fazer uma ilustração?
Depende. O que demora mais tempo é a ideia, é o acto de criar. A partir do momento em que nós sabemos aquilo que vamos fazer depois é uma questão de pôr a técnica em prática. Cada técnica demora o seu tempo e depois, apesar de já termos idealizado uma coisa, surpreendemo-nos porque surgem novas ideias e acabamos por seguir outros caminhos.
Que tipo de técnica usa?
Eu trabalho, principalmente, com aguarela, colagem, desenho, acrílico. Gosto de misturar técnicas e de misturar materiais porque quando faço as colagens não me limito apenas a utilizar, por exemplo, os papéis, mas agora tenho utilizado bastante a lã ou a linha, a fazer pequenos apontamentos de crochet.
O que a inspira a ilustrar?
A natureza e o reino animal. Nós, nos dias que correm, vivemos no “meio do cimento” e da poluição e, às vezes, esquecemo-nos que temos que viver também em harmonia com a natureza.
Os temas das exposições são escolha sua ou da galeria?
Neste caso em concreto fui eu que escolhi o tema, realmente tem mesmo a ver comigo, mas tenho feito outras exposições em que me sugerem determinados temas.
E o que é mais difícil? Escolher um tema ou já ter um definido?
Quando nos dizem que podemos fazer o que quisermos, as possibilidades são muitas.
É difícil ser ilustradora em Portugal?
Ainda estou a tentar descobrir. Eu acho que qualquer disciplina das artes em Portugal é difícil. A ilustração, no meio de tudo isto, talvez seja uma área onde exista mais oportunidade. Principalmente na área da ilustração de livros infantis e juvenis. Também estou a tentar enveredar também por essa área. Agora vamos ver como as coisas correm. Acho que apesar da situação financeira que o país atravessa ainda se continua a dar importância à leitura, em oferecer um bom livro. Por isso, acredito que as coisas ainda dêem.
Conselhos para quem quer seguir esta área?
Batalhar muito, bater a muitas portas e não ficar parado. Fecha-se uma porta, vamos à procura de outra. Falar com muita gente, ver muitos trabalhos e começar a mexer-se no meio e, a partir daí, acredito que, quando o trabalho tem qualidade, as coisas começam a acontecer, mas começam a acontecer porque batalhamos, não podemos ficar sentados à espera que nos caia no colo.
Cátia Nunes
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