Homenagem e pesar pela morte de um amigo – António Alexandre Amaral
Faz muitos anos que conheci o Sr. Amaral, um homem de bem e um autêntico autodidata, que conheci muito jovem, sendo ele já um homem com 40 ou mais anos. O sr. Amaral, que conheci no velho café Zaira, era um homem de espírito muito livre e culto, penso que sem grande grau de instrução académica, mas com quem, muito jovem, antes de eu ir para a guerra, aprendi muito. Era viajante dos fatos de banho Copacabana, na altura, salvo erro e ainda guardo comigo um bonito e original canivete dessa marca, que ele, gentilmente, me ofereceu. Há pouco mais de um ano, estive com ele, já bem mais velho, mas conservando a sua sempre grande simpatia, inteligência e jovialidade.
Foi ele que me emprestou um livro que muito me marcou, o “Porque Não Sou Cristão”, do grande filósofo Bertrand Russel. Eu e o Jaime Costa convivíamos bastante com ele, com esse grande senhor, muito distinto e um homem de espírito excecionalmente aberto, o que não era muito vulgar naqueles tempos da “outra senhora” (do salazarismo). Jamais o esquecerei, como amigo e personagem de uma enorme grandeza e generosidade, que fazia os encantos de muitos jovens, como eu. Aqui o recordo e não fui ao seu funeral porque só há dias tive o pesar de ver no jornal a notícia do seu falecimento. À sua família os meus sentidos pêsames.
Até sempre amigo sr. Amaral!
Fernando Rocha
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