“Com vontade de ir mais longe” na sua luta foi ao Palácio de Belém, no dia 18 de setembro, entregar uma carta ao Presidente da República, Cavaco Silva, para dar conhecimento da sua situação, sem qualquer resposta. Duas semanas depois, foi ao Ministério das Finanças pedir uma audiência a Maria Luís Albuquerque, mas mais uma vez sem quaisquer resultados. Nelson Arraiolos diz que “anuíram pelo seu silêncio”.
Invoca vários direitos que estão presentes na Constituição da República, tais como o Direito à Resistência, artigo 21.º: “Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública”, para não pagar impostos ou dívidas ao fisco; salienta também o artigo 58.º referente ao Direito ao trabalho e o ponto 3 do artigo 63.º que se refere à Segurança social e solidariedade referindo o seu caso como um exemplo de que “não estão a ser cumpridos” tais direitos.
Na missiva, Nelson anuncia também que não pagará nenhum imposto: “E não o faço por se tratar de uma opção, faço-o precisamente porque não tenho outra opção”.
Nesta quarta-feira, vai à repartição das Finanças do Bombarral para marcar uma audiência a reportar a mesma situação. Informa que vai esperar uns dias para obter respostas, mas em declarações ao JORNAL DAS CALDAS, caso não as obtenha, revela que “há obviamente um plano estruturado”, embora prefira esperar para ver o que sucede após esta última ação.
Vive em casa dos pais e é com o apoio destes e de amigos que conta para sobreviver, sem receber qualquer ajuda por parte do Estado. Nelson Arraiolos pretende fazer ouvir a sua voz “e alertar consciências” para estes casos que “infelizmente existem muitos mais pelo país”. “Estamos a falar de milhares de desempregados sem qualquer apoio social e, neste momento, eu sou um porta-voz destas pessoas”, salienta Nelson.
Quer arranjar trabalho porque apesar das suas limitações, quer ser independente e fazer a sua vida, até porque, como diz o próprio, não tem liberdade: “Para ir a qualquer lado tenho de contar com a ajuda dos meus amigos e familiares. Não é isso que eu pretendo. Tenho 41 anos e acho que tenho direito à minha independência e à minha dignidade enquanto cidadão”.
Faz fortes críticas ao governo afirmando que “em vez de promover a criação de emprego, promove o desemprego” e que com o desenrolar destas situações pode estar a “acionar uma bomba relógio que pode rebentar a qualquer momento”.
Com vontade de levar a sua luta avante, este desempregado revela que tem tido imensas mensagens de apoio “e há pessoas que me dizem: continua por ti e por nós porque nós precisamos”.
Cátia Nunes
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