José Rui Raposo, da CDU, técnico sindical, é candidato pela segunda vez à presidência da Câmara. “Pelo trabalho realizado e pelos eleitos no mandato que agora termina e pelas propostas, concerteza que as nossas posições serão reforçadas”, declarou.
Carlos Pinto Machado, do CDS, quadro técnico de uma instituição bancária estrangeira que opera em Portugal, argumenta ter “experiência de mais de vinte de anos de gestão”.
“A minha candidatura está preocupada com as pessoas, com os carenciados, com a agricultura e o desenvolvimento sustentado”, referiu, para acusar: “O PSD tem enterrado e endividado o concelho”.
Bernardo Rodrigues, do PS, solicitador e agente de execução, pretende “mudar o que entendemos estar menos bem e devolver a esperança às pessoas e colocar Óbidos no caminho que entendemos ser correto”.
Humberto Marques, agrónomo, esteve oito anos na Assembleia Municipal e está há oito anos na Câmara, sendo atualmente o vice-presidente. “Sou um conhecedor profundo de todos os dossiês da Câmara. Pretendo continuar o projeto que iniciámos desde 2001 e que enche os obidenses de orgulho por poderem dizer que são de Óbidos. Vou continuar projetos fundamentais na área da educação, de novos eventos, na área da agricultura e também no parque tecnológico”, comentou.
Prioridades
Para o candidato do CDS, será prioridade “mudar o modelo de gestão financeira do municipio”. “Temos o corolário de doze anos de investimento e de má gestão, levando ao recurso ao Programa de Apoio à Economia Local (PAEL) para honrar os pagamentos aos fornecedores. As prioridades são na área social, estamos perante uma grande pobreza, para criar uma rede de apoio aos mais carenciados, em parceria com os grupos que estão no terreno, de modo a minimizar este flagelo que atinge o concelho. Pretendemos criar uma bolsa de emprego, porque o desemprego cresce de forma descontrolada”, relatou.
Outra das medidas de Pinto Machado será “a contratação de um médico municipal para prestar apoio domiciliário aos mais idosos, porque não há médicos de família, já que o PSD não tem sabido exigir do Governo essa responsabilidade”. “Abdicaria de ter um chefe de gabinete para contratar um médico”, revelou.
O candidato da CDU assume como prioridades “introduzir no município de Óbidos uma gestão democrática e transparente, medidas de proximidade das populações, discussão participada dos planos anuais, reforço das competências da Câmara e Assembleia Municipal que têm sido transferidas para empresas municipais e reforçar competências para as juntas de freguesia”.
“Começar por fazer uma auditoria a todo o estado financeiro da Câmara. A educação é prioritária. Os resultados não têm sido os desejáveis e a Câmara não tem feito o que devia fazer. É urgente agir no património eclesiástico. Queremos fazer uma gestão transparente, com prestação de contas constante, e um orçamento participativo”, declarou o candidato do PS.
“Tenho total confiança do ponto de vista financeiro no projeto que tenho. Criar a grande central das Várzeas, para mitigar riscos que estão a acontecer com a grande distribuição a esmagar a produção, explorar as Termas da Gaeiras e no Parque Tecnológico vamos ter mais de 250 empresas nos edificios centrais”, apontou o candidato do PSD.
“A suposta instalação de 250 novas empresas e as Termas das Gaeiras são duas ideias que são claramente propaganda eleitoral”, ripostou Rui Raposo.
“O protocolo com a Startup para as 250 empresas é fumaça e a população no dia 29 vai correr com o PSD do concelho”, manifestou Pinto Machado.
“É uma situação recorrente o PSD não cumprir promessas”, disse Bernardo Rodrigues.
Humberto Marques rejeitou as críticas dos três adversários.
Situação financeira
Para Humberto Marques, o “candidato do CDS mudou de opinião”, quando assumiu que a Câmara tinha capacidade de endividamento e agora diz o contrário, “talvez por não haver acordo de coligação que foi gorado”. “Eu nunca faria acordo convosco”, retorquiu Pinto Machado
“Estava convencido de que os ativos imobiliários da Câmara andariam pelos 100 milhões de euros, mas esse número estava mascarado e quando se fez a reavalição do ativo para 47 milhões”, justificou Pinto Machado, sendo contrariado por Humberto Marques: “Não é verdade”.
Bernardo Rodrigues considera que a situação financeira da autarquia “é preocupante”. “A Câmara seleciona os itens que lhe interessa no Anuário Financeiro, mas se estivesse bem financeiramente não teria recorrido ao PAEL como teve de fazer e seria um pagante em tempo útil”, declarou.
“O Município tem 10,4 milhões de euros de dívidas em 2012 e tem 11 milhões para receber. Pergunto se é dívida”, interrogou Humberto Marques. “É importante saber o que é cobrável”, respondeu Bernardo Rodrigues.
“Fomos ao PAEL por um ato de gestão, estávamos a pagar juros de 700 mil euros por ano e passámos a pagar 120 mil. Se não fossemos estariamos condicionados ao investimento por causa da Lei dos Compromissos”, alegou Humberto Marques.
Empresa municipal
Para Bernardo Rodrigues, a empresa municipal deve servir para uma área muito especifica, mas a Óbidos Criativa “tem um objeto social muito lato, praticamente pode fazer tudo dentro da Câmara”. “É uma câmara dentro da câmara e o seu papel devia ser reduzido ao mínimo essencial, porque deve ser a Câmara a fazer”, justificou.
“A empresa tem conseguido com menos dinheiro gerir toda a rede de museus e galerias, até fazer eventos que não dão dinheiro e ainda assim apresenta resultados positivos”, defendeu Humberto Marques.
Rui Raposo disse pretender a extinção da empresa municipal porque “as competências que lhe estão atribuídas podem muito bem, e com igual eficiência, serem realizadas pela Câmara”.
“O problema é a questão da transparência das contas, da designação das administrações e suas remunerações”, explicou, indicando que os trabalhadores “serão integrados na Câmara”.
Pinto Machado afirmou ser contra a empresa municipal, mas admitiu que primeiro terá de “avaliar a sustentabilidade financeira”. “Vejo estas empresas como uma sede partidária do poder para meter os boys a exercer funções. Por outro lado, os administradores não têm competência técnica para exercer gestão e o Município tem quadros capazes de fazer o que a empresa faz”.
Medidas para desenvolver a economia
“Criação de riqueza na Lagoa através de aquacultura em regime extensivo, agricultura com rede de rega, a grande Central de Várzeas, para concentrar a produção e ter outra capacidade negocial, as Termas de Gaeiras para servir o turismo e a saúde, e uma linha de cosméticos. A Startup Portugal vai ter a sede do empreendedorismo em Óbidos, o que vai ajudar a criar riqueza. As (250) empresas vão permanecer durante seis meses e há que haver competência para captar essas empresas para o Parque Tecnológico”, descreveu o candidato do PSD.
O candidato da CDU apontou as suas medidas para desenvolver a economia do concelho: Aprovar um programa de incentivos à criação de novas unidades industrais no concelho, a passagem da gestão do Parque Tecnológico para a Câmara de Óbidos em conjunto com a Câmara das Caldas, constituir um gabinete de apoio aos pequenos e médios empresários, o desenvolvimento de um plano de promoção turística do concelho, onde se incluem os atuais eventos de grande dimensão, e exigir do Governo a conclusão da rede de rega da barragem do Arnoia.
O candidato do CDS indicou as suas apostas: Criar incentivos municipais e fiscais que tornem o concelho apetecível para os investidores e pressionar o Governo para avançar com a obra da rega do Arnoia.
“Deve-se investir na dinamização do Parque Tecnológico e defendo uma gestão integrada com Caldas da Rainha”, apontou o candidato do PS, que também defende que o Estado tem de ser pressionado a concluir a rede de irrigação. “A recuperação do património edificado”, é outra das medidas.
Combater a desertificação
Como combater a desertificação populacional que afeta o aglomerado entre muralhas, na vila, foi uma das questões colocadas neste debate.
Pinto Machado defendeu que a Câmara deve “requalificar as casas de que é proprietário e disponibilizá-las para habitação a jovens do concelho”. Para tal, “deve ser criado um regime de arrendamento com condições favoráveis”. “Temos uma vila quase fantasma, com cerca de oitenta habitantes, que o Munícipio transformou em parque de eventos”, criticou.
Bernardo Rodrigues sustentou que “deve ser promovido o apoio aos privados para recuperação dos imóveis degradados e criado regime de apoio específico e incentivado o arrendamento das casas vazias, mas o mais importante passa pelas casas de que a Câmara é proprietária, que devem ser postas ao serviço do arrendamento jovem e social”. “Mas temos de dar qualidade de vida a quem morar em Óbidos, como lugares de estacionamento. É mais uma situação em que a Câmara não fez tudo o que estava ao seu alcance e não geriu a situação com a competência devida”.
Humberto Marques refutou a crítica. “O Município fez investimento na compra de mais de vinte espaços completamente devolutos e teve o cuidado de os recuperar”, indicou. “Lançámos um programa de concurso para o arrendamento”, sublinhou.
Rui Raposo fez notar que “há responsabilidade do poder central, do poder local e dos privados”. “O Governo, através da secretaria de Estado da Cultura, é proprietário de imóveis que estão classificados dentro da muralha e não os recupera. É indispensável aprovar um plano de requalificação”, declarou. “É preciso discutir com a população se queremos para vila um palco de eventos e zona comercial aberta ou vila histórica onde se possa viver com condições mínimas indispensáveis”, rematou, defendendo ainda a retirada do trânsito do interior da vila.
Francisco Gomes
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