Q

Previsão do tempo

13° C
  • Thursday 15° C
  • Friday 15° C
  • Saturday 15° C
13° C
  • Thursday 16° C
  • Friday 15° C
  • Saturday 15° C
14° C
  • Thursday 16° C
  • Friday 15° C
  • Saturday 16° C

Mais do mesmo, é suficiente?

EXCLUSIVO

ASSINE JÁ
A 10th Biennial of European Towns and Town Planners teve lugar em Cascais, na semana passada. Discutiram-se bloqueios, desafios e oportunidades para as cidades europeias, equacionaram-se novos paradigmas e abriram-se perspetivas sobre o contributo que os que planeiam e propõem intervenções para (re)qualificar os espaços urbanos podem dar para superar a crise (e aprender com ela). A discussão ancorou-se num facto: “uma criança que nasce hoje, viverá até 2090” e, num mote: “mais do mesmo, não é suficiente”. Acrescentamos um ponto de interrogação ao dito mote e a partir da questão resultante, nasceu e cresceu este contributo que este cidadão pode (e sente que deve) dar. Assim, esta é uma “radiografia” (em 5 partes) à dinâmica das últimas décadas e à situação atual (consequente) do concelho das Caldas da Rainha. Abre-se uma pequena janela para se poder entender o que é “mais do mesmo”. Esta situação de referência será, ponto de chagada, para uns e patamar de partida, para outros. O que vai ler é uma cadência quantitativa, não é por isso, prosa aprazível. Pede-se ao leitor, interesse, paciência e persistência. Obrigado. 1ª Parte - défices de planeamento e de gestão do território: 27 é o nº de anos de sedimentação do exercício de poder; 18 é a média de anos que já exercem funções os 3 primeiros autarcas que propõem dar continuidade a essa sedimentação (entre 12, 18 e 27 anos, onde começará o dito Jurássico, na escala de tempo autárquico?); 76 é o nº de anos decorridos desde a última intervenção no espaço termal; 60 é o nº de anos decorridos desde a aprovação do último plano de urbanização para a cidade; 39 é o nº de anos decorridos desde a criação da Zona Industrial (onde só recentemente se infraestruturaram algumas ruas); 28 é o nº de anos de atraso na adoção do PDM como instrumento de planeamento e desenvolvimento do território (em 1978 alguns municípios já os ensaiavam e em 1985 outros já os implementavam); 18 é o nº de anos de atraso na implementação de programas/po

O caso da crescente vulnerabilidade ambiental da Lagoa de Óbidos é apenas uma das muitas e graves consequências de um entendimento totalmente avesso á cooperação, perfilhado pelos governantes das Caldas da Rainha das últimas 3 décadas. Vejamos apenas uma pequena parcela dessa postura. Retomemos o exemplo da Lagoa. Não obstante de se ter assinado este programa (http://www.oestecim.pt/_uploads/ProgramaTerritorialdeDesenvolvimentodoOeste.pdf, ver Parte III – pags. 45, 67 e especialmente, 68) com peso (e pago a peso) da Augusto Mateus & Associados – Sociedade de Consultores, com linha de atuação definida para requalificar a Lagoa e suas margens, orçamento calculado, fonte de financiamento apresentada e assinaturas de todos o Presidentes de Câmara do Oeste (isso mesmo, assinaturas, veja-se a página 5 do tal Programa), 5 anos passaram e nada aconteceu.

Pergunte-se porque se passeia agora de barco na Lagoa, se recebem Secretários de Estado, se fazem acordos verbais, se projetam cimeiras e se dão apertos de mão temperados com sorrisos mediáticos. Permitam-me, neste, já longo, parênteses, uma nota de ironia: só se foram deitar borda fora, o Programa onde colocaram as suas respetivas assinaturas em 2008. Se foi isso só aumentam o problema que parece ser, para estes atores políticos, perversamente de “estimação”.

Prossigamos: 12 é o nº de anos que demorou a elaborar o PDM (2 anos e meio era o prazo estabelecido no caderno de encargos); 11 é o nº de anos decorridos desde o início da elaboração do Plano de Pormenor do Centro Histórico (ainda não está concluído apesar de, em 2011, se ter anunciado a sua aprovação na Gazeta das Caldas de 25 de março); 10 é o nº de anos decorridos desde o início da elaboração do Plano de Urbanização de Salir do Porto (ainda sem fim à vista); 2 é o nº de Instrumentos de Planeamento e Gestão Territorial em vigor (o PDM há 11 anos e o PP da Estrada Atlântica há 2 anos e 2 meses. Pergunte-se pelo início da sua execução); 1,2% é o peso relativo dos projetos aprovados para o Município no Eixo “Valorização do Espaço Regional” do PO Regional Centro; 0,61% é o peso relativo do investimento total aprovado para o Município no Eixo 2 “Coesão Local e Urbana” do PO Regional Centro; 0,97% é o peso relativo da provisão de despesa com “Planeamento Urbanístico” no total da provisão de 2013; 0,73% é o peso relativo da provisão com “Transportes, Saneamento e Salubridade” no total da provisão de 2013; 0,15% é o peso relativo da provisão de despesa com “Orçamento Participativo” no total da provisão de 2013 (quer dizer, os cidadãos participaram na decisão de 0,15% do Orçamento Municipal).

2ª Parte – fôlego da urbanização especulativa: 35,2% foi a taxa de crescimento do nº de empresas de construção entre 1997 e 2005; 120% foi a taxa de crescimento da área urbanizada entre 1994 e 2004; 54% foi a taxa de crescimento do nº de alojamentos entre 1991 e 2011 (o parque edificado mais do que duplicou); 0 era o número de reconstruções por cada 100 construções novas concluídas em 2012 (4,5 no país); 5620 era o nº de fogos excedentes em 2007; 6277 foi o nº de fogos licenciados só entre 1995 e 2012 (17 anos); 1.085€ era o crédito hipotecário por habitante em 2009 (em 2005 era 2.272€/habitante, em 2000 era 1.007€/habitante); -12% foi a variação dos valores médios de avaliação bancária (€/m2) dos alojamentos, em 2009; 2,4% era o peso da população do Centro Histórico face ao total de residentes da cidade (em 2011); -11% foi a taxa de variação da população no Centro Histórico entre 2001 e 2011; 39,7% era o peso dos impostos direta, ou indiretamente, relacionados com o processo de urbanização nas receitas correntes (em 1995 era 49% e em 2007 chegou a ser 62%).

3ª Parte – défices de urbanidade: 1,4% é o peso relativo de despesa com as rubricas, “Espaços Verdes”, “Defesa do Ambiente”, “Ambiente” e “Ações de Sensibilização Ambiental” no total da provisão de 2013; 1 por cada 28 hectares é o rácio de trabalhadores da “Divisão de Ambiente” por hectare de área do perímetro urbano; 0 é o nº de equipamentos mecanizados de limpeza urbana em 2013 (um veículo varredor, mesmo das gamas mais baixas, tem capacidade de limpeza na ordem dos 23000m2/h e capacidade de aspiração de 2.500m3/h).

4ª Parte – vulnerabilidade económica: 92,3% era o valor do índice de renovação da população em idade ativa, em 2011 (não está garantida a renovação da força de trabalho); 98,7% era o indicador de poder de compra per capita em 2009 (a média nacional corresponde a 100%. Dos 18 concelhos com cidades médias classificadas como Centros urbanos Regionais (fora das Áreas Metropolitanas), apenas 6 têm valores inferiores ao concelho das Caldas da Rainha neste indicador (Castelo Branco= 97,35; Figueira da Foz = 96,8; Torres Vedras = 96,8; Guarda = 94,6; Elvas = 91,3 e Covilhã = 84,6). Nos restantes 12 os valores são todos superiores ao verificado nas Caldas da Rainha (Leiria = 99,9; Coimbra = 144,8; Vila Real = 102,5; Évora = 118,65; Sines = 132,6; Santarém = 100,94; Portalegre = 108,77; Aveiro = 134,7; Beja = 112,7; Braga = 105, 59; Coimbra = 144,9); 5,2% era a taxa de depósitos de emigrantes em 2011 (em 2001 era 11,4%); -14,2% foi a taxa de variação do Valor Acrescentado Bruto, entre 2006 e 2011 (menos 36,5 milhões de VAB); -11,1% foi a taxa de variação do nº total de pessoas ao serviço, entre 2006 e 2011 (-2028 pessoas ao serviço); 4 foi o nº de empresas com mais de 250 pessoas ao serviço que fecharam, entre 2006 e 2011.

5ª Parte – vulnerabilidade social: 14,4% era a taxa de desemprego em Jan. de 2013 (13,3% na Região Centro); 46,1% foi a taxa de variação do nº de desempregados entre 2004 e 2013 (36% no país); 42,3% foi a taxa de crescimento do nº de desempregados, entre Jan. de 2008 e Jan. de 2013 (40% no país); 42,5% foi a taxa de crescimento do nº de desempregados com níveis de formação mais elevados – secundário e superior – (em Jan. de 2004 era 27%); 31,8% era a proporção de desempregados de longa duração (27,3% em Jan. de 2004); 22,4 era o nº de benificiários de Rendimento Social de Inserção por cada 1000 habitantes em idade ativa (em 2007 o rácio era de 14); 58 era o nº de fogos de habitação social em 2011 (havia apenas 1 disponível); 9128 era o nº de residentes com pelo menos uma dificuldade, em 2011; 142 era o índice de envelhecimento, em 2012 (no computo do país era 131, nas Caldas da Rainha em 1991 era de 85); 51,7 era o nº de diplomados com ensino superior por cada 1000 habitantes, em 2010/2011 (no país era 69,9); 8,3% era a taxa de retenção e desistência no ensino básico regular (no país era 7,5%).

As fontes de informação principais são as seguintes: http://eleicoes.cne.pt/; www.maiscentro.qren.pt/; http://www.ifdr.pt; Diagnóstico PROT-OVT; IEFP; INE; MTSS; INE (estudo sobre o poder de compra concelhio 2009); INE e subsecções BGRI (INE); Afetação/reafectação dos Trabalhadores do mapa de pessoal do município (2013); Relatório do orçamento 2013. Caso se necessite de uma lista de fontes mais detalhada (por indicador) esta poderá ser fornecida.

Tão importante como “ver o filme” do passivo acumulado, será identificar as oportunidades que decorrem do seu desbloqueamento, os recursos, as competências, as potencialidades que o território, apesar de toda a errância, ainda mantem. Apesar de se ter feito esse trabalho, não coube aqui, nem a analise das razões que contribuíram para a acumulação deste passivo, tão pouco, o plano de trabalho passível de viabilizar caminhos consistentes para o desenvolvimento deste território, centrando o rumo exclusivamente, nas pessoas. Estamos disponíveis para a sua apresentação.

É certo que um território é o resultado de múltiplas camadas. Apresentamos aqui algumas, poder-se-ão acrescentar outras, difícil será suprimir estas. Todos os cidadãos (sem exceção) podem juntar os fragmentos de informação apresentados, montar a “fotografia” com o aspeto que entender e, no fim desta semana, decidir se, no caso das Caldas da Rainha, mais do mesmo (e mais dos mesmos) será suficiente. No fórum a que nos referimos no início, o mote transformou-se imediatamente numa conclusão unânime: mais do mesmo, não é suficiente, não é desejável, e não é possível. Este cidadão independente que só se abstém de participar na política partidária, subescreve.

Carlos Gonçalves (Geógrafo, mestre em urbanização e ordenamento do território e doutorando em Planeamento Regional e Urbano)

(0)
Comentários
.

0 Comentários

Deixe um comentário

Últimas

Artigos Relacionados

PSP intervém em jogo de futebol

O Comando Distrital da Polícia de Leiria da PSP transmitiu que no final de um jogo de futebol do escalão júnior realizado no passado sábado no Campo Luís Duarte, nas Caldas da Rainha, o juiz da partida “comunicou ao comandante do policiamento” ter existido uma “suposta tentativa de agressão ao árbitro” por parte do treinador de uma das equipas.

Bárbara Costa no “Centro das Conversas”

A iniciativa “Centro das Conversas”, realizada no passado dia 20, no Shopping Center La Vie Caldas da Rainha, contou com a presença de Bárbara Costa, Miss Petite Mesoamérica Portugal 2024 e vencedora do Mesoamerica International 2024, concurso de beleza e dança.

miss