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Jornais moderam debate com candidatos no auditório da Câmara das Caldas

Francisco Gomes

EXCLUSIVO

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O Conselho da Cidade – Associação para a Cidadania organizou na passada sexta-feira um debate com os candidatos à Câmara das Caldas. O evento teve lugar no auditório municipal, nos Paços do Concelho, que encheu.
Rui Correia, José Carlos Faria, Teresa Serrenho, Tinta Ferreira e Carlos Carujo

Maria Júlia de Carvalho, presidente da Comissão Executiva do Conselho da Cidade, esclareceu o objetivo a atingir: “Não se trata de uma sessão de propaganda partidária, mas sim uma sessão de esclarecimento”.

A organização convidou representantes dos dois jornais do concelho para moderarem o debate – Francisco Gomes, do Jornal das Caldas, e José Luís de Almeida e Silva, da Gazeta das Caldas.

Participaram Tinta Ferreira, do PSD, Rui Correia, do PS, José Carlos Faria, da CDU, Teresa Serrenho, do MVC, e Carlos Carujo, do BE. Apenas não esteve presente o candidato do CDS-PP, Manuel Isaac, que tinha um jantar de apoio marcado nesse dia.

Tinta Ferreira foi quem começou. “Apresentamo-nos com a vontade de fazer mais e melhor, envolvendo as instituições e estabelecendo parcerias, colaborando no desenvolvimento económico e na área social. Temos uma equipa com experiência”, sustentou. “Não tivemos necessidade de aderir ao Programa de Apoio à Economia Local, não perdemos autonomia financeira e podemos investir e imprimir uma nova dinâmica no concelho”, referiu.

Rui Correia apresentou a sua motivação: “Caldas da Rainha, quem te viu e quem te vê. Em 27 anos praticamente tudo foi posto em causa e destruído. A cerâmica, o turismo, o comércio, o hospital…”.

“Do lado do PSD diz-se que querem fazer mais e melhor. É uma velha frase conhecida, só que acabam por fazer mais do mesmo. Nós queremos fazer diferente, relativamente à ameaça a que o Hospital Termal está confrontado e no problema que se arrasta há décadas na Lagoa, com o assoreamento grave e com esgotos a céu aberto”, comentou José Carlos Faria. “Queremos fazer diferente também no modelo de desenvolvimento que apostou no betão e que deixou como herança terrível uma cidade degradada, suja e com edifícios nunca acabados”, destacou. “Restituir a visibilidade a uma cidade que foi um pólo de atração com atividade cultural pujante e comercial e que caminha para ser um dormitório”, é outro dos propósitos da sua candidatura. “Estamos na altura de escolher outro rumo, que não tem nada a ver com novas dinâmicas [alusão ao slogan de Tinta Ferreira], porque se são novas, significam que as anteriores eram velhas”, frisou.

“A nossa presença aqui é um pouco diferente. Um grupo de cidadãos eleitores resolveu unir-se para se constituir como outra alternativa. Não se reveem nos partidos e nas políticas utilizadas nestes anos. A independência é a nossa força”, sustentou Teresa Serrenho, indicando que o seu programa eleitoral participativo “foi baseado na auscultação dos cidadãos”. A candidata deu como exemplo as condições degradadas da sala onde decorria o debate para focar “o descuido do património”. Falou ainda da “ausência de planeamento, o desaproveitamento de fundos comunitários, a inexistência de políticas de proteção e valorização ambiental, o betão como dominante na construção em espaço urbano, o hospital deixado em águas mornas e a falta de obras de requalificação da Praça da Fruta”. “Passivo é não só a falta de dinheiro no banco, é também o dinheiro não empregue naquilo que era preciso para os munícipes poderem ter outra qualidade de vida”, fez notar.

Carlos Carujo manifestou que “é preciso um plano de emergência social e não meras intervenções. Queremos um plano de reabilitação urbana profundo e não uma intervenção cosmética”. “O que nos separa é o termalismo. Devia ficar claro quem quer um hospital termal no Serviço Nacional de Saúde (SNS), como nós, e quem quer municipalizar. Quanto à cultura, o compromisso do BE é descentralizar pelas aldeias”, indicou.

O que distingue as candidaturas

A moderação lançou o desafio às candidaturas para elucidarem o que as distingue e o motivo pelo qual os eleitores devem votar nelas.

Rui Correia referiu-se à atual gestão camarária: “As pessoas estão fartas desta gente. Querem-na fora dos lugares de decisão. A ideia pela qual quem está nesta Câmara pretenda o benefício da dúvida, depois dos resultados que apresenta, é algo que ultrapassa a compreensão das pessoas. É algo que nos faz movimentar. São negligentes. Falta-lhes zelo e entusiasmo. Eu não posso aceitar que nestes últimos quatro anos em que estive como vereador não tenha havido uma única reunião de planeamento”.

José Carlos Faria disse que “podemos coincidir na identificação dos problemas, mas não no tratamento”. Em relação ao hospital, a diferença “é clara”. “Estamos a favor da defesa do hospital termal integrado no SNS, com gestão pública, e a unicidade do património”, indicou. “Divide-nos também a forma como tem sido encarada a perda de valências do Centro Hospitalar do Oeste e a atitude de inércia perante os graves problemas da Lagoa”, avançou.

Teresa Serrenho apontou que “a diferença é que não somos um partido político. É a cidadania participativa contra a teia instalada e o clientelismo político”. “O que valeu ao concelho a experiência de 30 anos de poder, quando se deixou que a nossa cidade saísse do mapa, que esteja no caos urbano e suja como está?”, interrogou.

Carlos Carujo considerou a pergunta “importantíssima num tempo em que se considera que os políticos são todos iguais”. “Não são as declarações de intenções, a diferença está em concreto nas políticas”, frisou, fazendo notar que “dizer-se que é de um movimento de cidadãos não dá qualquer tipo de privilégio”. “Se for o fiel da balança na Câmara Municipal, de que lado estará?”, confrontou a candidatura de Teresa Serrenho.

Tinta Ferreira disse que “em primeiro lugar, distinguem-nos as características individuais, porque a maioria das ideias são comuns. A forma como cada um as executa e envolve os cidadãos em projetos comuns é a principal característica que distingue os candidatos”. E em resposta ao candidato do PS, Tinta Ferreira sustentou: “Vamos ver se nos querem fora ou não. Não é isso que eu sinto. O que eu sinto é uma agregação maior de pessoas. A nova liderança pode dar um novo ritmo, conhecendo melhor aquilo que se passa à volta”.

O que fazer com a percentagem do IRS

As Câmaras têm a possibilidade de devolver aos munícipes uma percentagem até 5% do IRS. Mas têm a opção de cativarem essa verba para os cofres municipais. Que medidas tomarão, foi a questão colocada aos candidatos.

José Carlos Faria defendeu que “seja cativada para constituir a base de um programa de intervenção social de emergência”.

Teresa Serrenho revelou não ter intenção em mexer nos impostos, enquanto Carlos Carujo declarou que “gostaria de ver que quem tem mais dinheiro pudesse ajudar a pagar os manuais escolares, para que pudessem ser gratuitos, ou esse dinheiro podia ser utilizado para criar um gabinete para dar resposta à crise”.

Segundo Tinta Ferreira, “para manter uma política de impostos baixos, há que continuar com uma boa gestão financeira, em que haja uma contenção adequada dos custos e critério nos investimentos”. “Vamos manter os impostos baixos”, garantiu. Em relação ao IRS, lembrou que a última deliberação “devolve 3% aos munícipes“. “Vamos ter necessidade de gerir o Parque e a Mata, que custará 300 mil euros. 1% de IRS são 300 mil euros. Durante dois anos, enquanto o Hospital Termal não voltar a dar algum rendimento que permita compensar os custos do Parque e da Mata, admito a possibilidade de devolução ser de 2%”, revelou.

Rui Correia indicou que a devolução do IRS “beneficia uma porção pequena da população” e aproveitou para rejeitar “a falácia de dizer que Caldas tem os impostos mais baixos”.

O futuro do termalismo

Teresa Serrenho confessou não dispor de todos elementos para uma decisão sobre o termalismo, mas assegurou que o Hospital “tem de existir” e “à volta das Termas é preciso promover um polo de desenvolvimento relacionado com o turismo e o lazer”.

Carlos Carujo argumentou que “não é para depois das eleições que a questão deve ser remetida. É neste momento que devemos clarificar se queremos um Hospital Termal público e nacional. Nós queremos um Hospital Termal no SNS e com comparticipação para os tratamentos. Municipalizar é uma antecâmara para a privatização, porque a gestão das termas não é competência da Câmara. Defendemos um projeto que deve envolver uma unidade de investigação pública ligada à água, termalismo e saúde mental nos Pavilhões do Parque”.

Para Tinta Ferreira é possível ter o Hospital Termal “integrado no SNS e os custos do funcionamento não serem pagos pelo Ministério da Saúde, que não vai meter aqui um tostão. O Estado central não tem condições para gerir este património e temos de assumir e salvar o hospital termal”. Daí defender “um modelo misto, em que tenhamos o Hospital Termal em parceria com o Ministério da Saúde, e candidatarmo-nos a fundos comunitários”.

Rui Correia disse querer vincar a “assunção da vocação termal do município”, para chamar a atenção que “o único Governo que em 50 anos se atreveu a fechar o Hospital Termal foi este do PSD-CDS”.

José Carlos Faria sustentou que “se há privados que querem participar no gestão, então que haja um caderno de encargos rigoroso, mas assumam um papel supletivo. O papel estruturante tem de continuar a ser público”.

Público faz perguntas

O público teve oportunidade de colocar questões. Uma delas referia-se à importância que os candidatos darão aos órgãos representativos da autarquia – Assembleia Municipal e assembleias de freguesia.

“Defendemos a descentralização das reuniões da Assembleia Municipal e das Assembleias de Freguesia, para estarem junto das pessoas. Valorizamos a intervenção do público antes da ordem do dia e não ser relegada para horas tardias”, relatou Carlos Carujo.

“Podemo-nos orgulhar de sermos um dos municípios com maior número de reuniões da Assembleia Municipal, porque achamos que as matérias de maior sensibilidade devem ser levadas à Assembleia, para conseguir os maiores consensos”, comentou Tinta Ferreira.

A descentralização das assembleias de freguesia, a convocação de uma reunião bimestral da Câmara nas freguesias, aumentar de 150 mil para 250 mil euros o orçamento participativo e apostar nos conselhos municipais para resolver problemas, são as propostas de Rui Correia.

Para José Carlos Faria, há que conferir meios para que o papel fiscalizador da Assembleia Municipal possa ser cumprido. Dotar de mais meios as assembleias de freguesia e dinamizar conselhos municipais de segurança, de cultura, de educação, são apostas.

Teresa Serrenho defendeu maior autonomia das assembleias de freguesia, a transmissão das assembleias municipais via internet ou num canal de televisão por cabo para que os munícipes possam acompanhar, e a realização de assembleias de juventude e escolares para que os jovens “se habituem a ser cidadãos mais ativos e participativos”.

Caldas dentro de 15 anos

Foi lançado um desafio aos candidatos, pegando nos pontos fracos que a maioria diagnosticou – a falta de planeamento e estratégia, para que idealizassem o que vai ser Caldas dentro de 15 anos.

Começou Tinta Ferreira: “Imaginem Caldas em 2028, com o Hospital Termal a funcionar, termas completamente requalificadas, com muita atividade e muita gente a vir às Caldas, um ambiente cultural fantástico, as freguesias desenvolvidas, as entradas da cidade apelativas, indústrias criativas e ativas, e um comércio dinâmico. É nisto que eu acredito”.

Rui Correia retorquiu: “Eu acredito em tudo o que foi dito, mas nem por um segundo que ele seja a pessoa que leva a cidade a esse lugar”. E elencou áreas que apostará para um concelho moderno: “Arte contemporânea, produção agrícola, o humor e o termalismo hospitalar e de bem estar”.

“Se os próximos quinze anos forem iguais aos últimos quinze teremos uma cidade dormitório”, alegou José Carlos Faria, para quem serão apostas “a cultura e a criação artística como catapulta para o desenvolvimento, as capacidades da lagoa de Óbidos, o aproveitamento potenciado das águas termais, a certificação de produtos agrícolas e o relançamento da cerâmica”.

Teresa Serrenho apontou “a agricultura biológica assente na preservação do ambiente, o aproveitamento da Lagoa para desportos náutico e turismo, e o turismo de negócios”, como ideias para estarem em pleno em 2028.

“Imaginem a utopia e comparem com o que hoje temos. Foi um exercício proposto pelo presidente da câmara mas ficou visível que não caminhamos para aí, olhando para o que é Caldas hoje”, declarou Carlos Carujo.

Argumentos finais

“A herança pesada de 30 anos que combatemos é do imobilismo que se gaba de ter dinheiro no cofre mas tem falta de investimento de estratégia. Nota-se no crescimento urbano desordenado, na betonização, nos prédios vazios, no problema de estacionamento e no desaparecimento dos motores da economia. É preciso responder a isto. Votar no BE é eleger representantes que não votam uma coisa nas Caldas e outra no Parlamento. É votar contra a austeridade”, argumentou o candidato do BE.

“Não sentimos que houvesse resposta nos partidos e queremos uma governação transparente e com a participação de todos. A independência é a nossa força e acreditamos que vamos colocar novamente Caldas da Rainha no mapa e fazer um pólo de desenvolvimento”, disse a candidata do MVC.

“Três décadas de gestão PSD conduziram a um concelho que perdeu identidade e protagonismo. Reforçar a CDU é dar voz a uma força com provas dadas no poder local, que não se submete a interesses alheios aos da comunidade, atenta, crítica mas positiva. Queremos afirmar as Caldas com trabalho, honestidade e competência”, vincou o candidato da CDU.

O candidato do PS foi polémico: “O PSD que hoje temos a gerir o concelho envergonha a herança de Francisco Sá Carneiro. É fundamental que saibamos em quem vamos votar nas próximas eleições. Queremos continuar a fazer o mesmo jogo ou mudar para outras visões? Temos de devolver a dignidade a esta cidade e a única forma credível de retirar esta gente do sítio que conduziu as Caldas aonde se encontra agora é o voto no PS”.

“Desagrada-me, não é uma discussão útil ou positiva. Não façam isso, porque parece que há uns e outros. A minha equipa não é gente, como foi dito no contexto negativo, são cidadãos conhecedores e experientes do concelho. Com sensibilidade. Nós trabalhamos em equipa. O programa recebeu contributos e os cidadãos que aderem às nossas propostas são livres e não estão subjugados a nada”, rematou o candidato do PSD.

Francisco Gomes

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