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Eleições Autárquicas 2013

Rui Correia em entrevista ao JORNAL DAS CALDAS

Marlene Sousa

EXCLUSIVO

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O JORNAL DAS CALDAS continua nesta edição com as entrevistas aos candidatos à presidência da Câmara Municipal das Caldas da Rainha que estão marcadas para 29 de setembro. O professor e vereador na câmara das Caldas da Rainha, Rui Correia, é o quinto candidato a responder às questões do JORNAL DAS CALDAS. Independente na lista do PS, Rui Correia aposta na conquista da Câmara para “acabar com a frustração da população”.
Rui Correia

JORNAL DAS CALDAS – As eleições autárquicas são a 29 de setembro. Como está a decorrer a sua candidatura à Câmara das Caldas da Rainha?

Rui Correia – Muitíssimo bem. E não estou nada surpreendido. Existe uma notória insatisfação nas pessoas em relação aos partidos do poder que fizeram tudo ao contrário do que prometeram. Iam baixar impostos, aumentaram-nos como nunca se aumentou impostos em Portugal. Em vez de se apostar na criação de emprego, apostou-se na austeridade. O resultado desta política é zero. Numa altura crítica em que precisávamos de um governo capaz e sereno, tivemos um governo de incompetência irrevogável. As pessoas estão indignadas.

No caso das Caldas da Rainha vive-se a mesma frustração; sente-se uma vontade de mudar o sentido de voto para outro partido porque de tudo quanto se prometeu ao longo dos anos, o resultado foi zero. O que temos como resultado dessa política financista é uma câmara que deve muito mais do que 6 milhões aos seus credores e sem capacidade para oferecer qualquer futuro aos Caldenses, condenados a viver num concelho onde tudo fecha, negócios asfixiados, serviços a mirrar (tribunal, hospital, ctt, o termal), ruas sujas, uma praga de prédios em ruína e uma economia atarantada, sem a menor perspetiva de futuro. E o pior é que isto não é conversa de oposição.

J.C. – Estamos numa altura complicada para o país com a crise que se abateu sobre Portugal. Com que grau de intensidade se fez sentir no concelho das Caldas da Rainha?

R.C. – Está à vista de todos. A crise financeira destruiu o tecido empresarial de forma brutal. Afetou mais todos os concelhos que ao longo dos anos não fizeram qualquer planeamento económico. Para que haja mais dinheiro é preciso preparar o futuro. Planear. Investir. Ao longo destes últimos quatro anos como vereador na câmara não houve uma única reunião de planeamento. Uma. Assim não é possível chegar a lado nenhum. O governo deste concelho colocou os ovos todos na mesma cesta. Imobiliário. Fizeram-se fortunas injustificadíssimas . Sem ter um plano B,C e D, à primeira escorregadela, o concelho caiu na ruína.

Os caldenses foram colocados numa situação de absoluta precariedade. E, não contentes com isso, os políticos que nos atiraram para esta situação são os mesmos que agora pedem outra vez o voto aos mesmos eleitores que eles mesmos deixaram cair na ruína. Chega a ser caricato. Esperar-se-ia que, ao menos, renovassem equipas, mas nem isso fizeram. Estão de tal forma enclavinhados ao poder e aterrorizados com a mera hipótese de o perder que nem conseguem aceitar qualquer mudança no seu seio, que começou, aliás, a ser esboçada, e foi logo esmagada.

Vivem na obsessão de queixar-se do governo Sócrates para que isso, ao menos isso, esconda a sua incompetência, mesmo quando sabem que a coisa remonta aos desastrosos governos de Cavaco Silva que destruíram toda a capacidade produtiva do país, quando se dava milhões aos produtores para que não produzissem. Memória. É preciso ter decência e memória.

J.C.- Como avalia a gestão camarária atual?

R.C. – A gestão é feita de pessoas e das suas ideias. Conheço muito bem quem gere este concelho e como o gere. Custa-me muito dizê-lo porque os considero amigos, mas é impossível não o dizer. Nas Caldas da Rainha, tudo é feito exclusivamente com o propósito de manter as coisas tal como estão. Existe uma cultura de gestão que se pode sintetizar assim: “Se já foi feito no ano passado, então pode fazer-se este ano também”. É esta resignação flácida, esta terrível ausência de criatividade, este esgotamento de energias que tenho combatido ao longo dos anos. Com um sucesso que me é muito insuficiente. Quando chega a hora de pôr mãos à obra, tudo demora, tudo se arrasta, tudo se complica, até que nada se faça ou se repitam rotinas antigas.

É esta gestão cinzenta, lenta, negligente e preguiçosa que atirou este concelho para o poço onde se encontra.

Como se pode estar há vinte anos no poder e dizer que agora é que vem aí uma nova dinâmica? Só com descaramento.

“Quem votou PSD sabe o resultado que teve com esse voto”

J.C. – Como caracteriza o concelho das Caldas da Rainha na perspetiva do desenvolvimento económico avaliando os constrangimentos e as potencialidades existentes?

R.C. – Aquilo que mais ofende as pessoas é perceber que este concelho tem oportunidades incríveis de desenvolvimento. Turismo ecológico, náutico, turismo cultural, agricultura, comércio, saúde, novas tecnologias, chega a ser incrível como se conseguiu desbaratar tudo isto, colocando o imobiliário como único eixo de progresso. Sejamos justos. A crise mundial começou em 2008. A crise nas Caldas começou há muito mais tempo. Temos muito que fazer para recuperar deste erro.

J.C.- Existe uma tristeza na população das Caldas da Rainha com o rumo que Caldas da Rainha levou. Perdemos a maioria das empresas de cerâmica, o comércio, as termas…será que ainda é possível recuperar?

R.C. – Tristezas não pagam dívidas, sabe? Entendamo-nos: a situação é tão má que é preciso mudar a orientação de voto. Quem votou PSD sabe o resultado que teve com esse voto. Quem acha que está tudo bem assim, então vote nos mesmos. Uma coisa é certa: na cabina de voto só lá cabe uma pessoa. É aí, nesse momento solitário, que se acaba com este estado de coisas. O voto útil é mesmo uma arma. É preciso votar, sim, e acabar com essa nódoa que é as Caldas da Rainha serem o concelho com a maior taxa de abstenção do distrito, ao lado de Pombal.

Caldas da Rainha tem muito trabalho e futuro pela frente. A cidade tem vindo a mostrar aos políticos que quer mudar. As corridas noturnas, os silos criativos, o caldas late night, o bazar noturno, o trabalho associativo, o voluntariado, são provas de que o dinamismo está à espera de quem o saiba acalentar e acarinhar. E isso não se faz com palmadinhas nas costas. Faz-se com investimento massivo, com o cuidado primeiro de não subverter as dinâmicas que lhes deram origem. Temos de ser versáteis. Investir na agricultura da mesma forma como devemos investir na arte contemporânea, na ferrovia, nas mobilidades inclusivas, no humor e no termalismo hospitalar e de bem-estar. Esses são elementos diferenciadores das Caldas da Rainha que nos vão tirar da ruína. Podemos atrair empresas baixando impostos tal como outros municípios o fazem. Podemos e devemos criar um sistema que torne a derrama uma taxa inteligente e não cega como hoje temos. O eventual acréscimo de receita com o imi tem de orientar-se para o desenvolvimento. Albufeira devolve todo o irs que pode coletar. Óbidos devolve 4% do irs. Nós ficamo-nos pelos 2,5% sem razão válida. Iremos baixar os impostos.

Não acredito em dar dinheiro às pessoas, acredito em dar-lhes emprego. Acredito que nestes tempos mais difíceis qualquer ajuda é preciosa. Aqui a câmara pode ajudar e muito. Temos uma escola superior que nos coloca licenciados talentosos nas mãos. Uma política de cultura que integre esta gente nova estimulará a criação de empresas em áreas tecnológicas, performativas e artísticas que hoje geram muita riqueza e emprego.

J.C. – A cidade das Caldas da Rainha está minada de grafitis. Este facto tem sido muito comentado tanto pela população local como pelos visitantes. Já existe um projeto de lei que prevê que autores de grafitis sejam obrigados a ter licença para pintar. Se for eleito o que pretende fazer para resolver esta questão?

R.C. – Em primeiro lugar é preciso considerar esta questão dos grafitis uma prioridade económica. Nenhum turista, nenhum aquista, vai a uma cidade termal para ter de lidar com este grau de sujidade descontrolada e de vandalismo. E o termalismo é a essência vital, o pão para a boca dos caldenses. Não adianta encher a boca com palavras bonitas, sem considerar esta uma questão politicamente central.

Mas vamos às soluções. Desde 2009 que tenho proposto abordagens contemporâneas para acabar com o vandalismo visual. Mais uma vez todos acham muito bem mas nada se faz. Há três coisas essenciais a fazer imediatamente: Limpar, limpar e limpar. É preciso recusar essa ideia de que limpar é inútil porque tudo volta ao mesmo no dia seguinte. Trata-se de um braço de ferro, sim, mas uma autarquia não pode desistir desta luta. Era só o que mais faltava. Não foi para desistir que pediu o seu voto. Como se faz isto? Eu acredito numa dignificação da arte urbana, com comissariados de arte, catálogos e mostras de street art em galerias efémeras. Absolutamente nada se conseguirá sem o envolvimento dos artistas. Quero que sejam parte da solução.

Mas uma coisa é arte e outra é o vandalismo. E quanto a isto importa lembrar que este problema não é uma originalidade caldense. Goste-se ou não, só se acaba com o vandalismo visual com a punição firme de quem suja, com a educação dos mais jovens, com a participação das autoridades policiais, mas também das autoridades judiciais – que façam da limpeza de grafitis uma tarefa comunitária prioritária das suas sentenças; lançar uma campanha demorada contra este estado de emergência em que estamos, sensibilizando as escolas para participar deste esforço coletivo de limpeza, colocando a remoção de grafitis nas atividades de integração, bem como em projetos de voluntariado cívico. E que, de uma vez por todas, se contratem as inúmeras empresas especializadas em limpeza de grafitis e preparação de superfícies para que quando voltar a haver pintura seja mil vezes mais fácil remover as inscrições, mesmo em superfícies porosas. Nenhuma solução única será capaz. É um cocktail de soluções o que preconizo para acabar com esta vergonha pública. Não sou dado a promessas, mas como presidente da câmara, esta cidade estará limpa em quatro anos.

J.C. – O que diria a um eventual investidor nacional ou internacional para escolher o seu concelho como destino do seu investimento (turístico, agrário, industrial, entre outros…)?

R.C. – Só é possível atrair investimento sustentável com uma atitude economicamente agressiva e com uma avaliação do risco que estes investidores correm. Temos um concelho economicamente ferido a precisar de emergência médica. Partilhar este risco mediante a constituição de protocolos de investimento é imprescindível. Mas tudo isso terá de ser feito profissionalmente e não numa amadorística forma de “falar com este, que é amigo do fulano e com aquele que é sobrinho do cicrano”. Diria a um investidor que queremos acompanhar o risco que corre. E dir-lhe-ei que venha cá e nos conheça para perceber a riqueza que temos para lhe dar. Uma coisa é certa: se eu tivesse na Tornada uma empresa que exporta milhões em morangos não me passaria pela cabeça não alcatroar a única estrada que lhe dá acesso. Ou uma incubadora de empresas com uma única empresa lá dentro. Isso é ridículo.

“Temos muito por fazer. Sintetizo apenas três projetos: Mobilidades, urbanidade e projeto termal”

J.C. – Quais os projetos mais importantes e que considera fundamentais para o desenvolvimento do concelho?

Temos muito por fazer. Sintetizo apenas três. Mobilidades, urbanidade e projeto termal.

Mobilidades. Reforçar a pressão sobre a urgência de uma ferrovia eletrificada a servir as Caldas da Rainha. Simplificar o trânsito de passageiros com a criação de um novo terminal rodoviário, libertando o atual apenas para o Toma. Concluir a circular rodoviária de forma a retirar trânsito do centro da cidade. Reanimar o projeto de construção da nova estrada para Santa Catarina. Ampliar substancialmente as vias saudáveis de mobilidade urbana (ciclopédicas e pedonais).

Urbanidade. Limpeza de ruas e paredes. Prémios e apoio à recuperação de edifícios particulares em estado avançado devoluto ou de ruína. Conclusão do ridiculamente atrasado plano de pormenor do centro histórico. Criação de um novo parque urbano à entrada poente da cidade (entre o cencal e o campo de rugby). Promoção de um conceito policêntrico da vida urbana através de uma nova relação com as 16 freguesias do concelho, (sim, 16), nomeadamente na construção de vias ciclopédicas entre todas as freguesias.

Projeto termal. Assunção e investimento no património termal e constituição de uma entidade autónoma, público-privada, que compreenda e integre a função hospitalar e social do Compromisso da Rainha, documento fundacional, nobilitante de uma terra que nasce da solidariedade. Meta clara para esta nova entidade gestionária: pôr o hospital a dar lucro, com um objetivo de 6000 aquistas/ano, no prazo de 4 anos, com milestones anualmente definidos. Constituição do pelouro do termalismo e do Conselho municipal de termalismo.

J.C. – Diz-se que o trabalho em rede é o futuro. Se for eleito pretende criar condições para se unir a Óbidos ou a outro Concelho da região em prol das Caldas da Rainha?

R.C. – Óbidos deveria ser Caldas da Rainha. A história é boa madrinha. Nunca teríamos Caldas se a Casa das Rainhas não fosse em Óbidos. Sempre foi ridícula a rivalidade partidária entre os dois presidentes. Ridícula e dispendiosa. Ambos os concelhos gastaram imenso dinheiro a odiar-se, criando zonas industriais estanques, redes escolares estanques, eventos turísticos estanques. Perdeu-se muito, esbanjou-se muito dinheiro. Não defendo o modelo cenográfico do desenvolvimento de Óbidos, mas respeito-o como realidade que é. Vejo todo o desenvolvimento regional como uma forma de comunicação. Seja qual for o desfecho eleitoral em Óbidos creio que estará terminado o capítulo dos amuos infantis entre dois presidentes muito diferentes, mas gémeos na sua desmesurada ambição partidária.

J.C. – Se for presidente da Câmara das Caldas da Rainha vai manter ou aumentar as despesas como impostos autárquicos (IMI), água?

R.C. – Está demonstrado que aumentar impostos num momento como este é o mesmo que reduzir receitas.

J.C. – O que é que considera que a Câmara Municipal pode fazer na assistência às populações mais carenciadas no contexto da crise?

R.C. – Vou reduzir em 40% todas as rendas de casa dos rendeiros de habitação camarária. Para muita gente, 20 euros põem comida na mesa por uma semana. Reforçar recursos e reformular a organização da rede social municipal, ampliar o fundo de emergência social que, de forma inteligente, apoia as entidades que estão no terreno. Ampliar este fundo, que foi proposto pelo PS, de 150 mil euros para 250 mil euros.

J.C. – Que mensagem deixa aos munícipes do concelho?

R.C. – Caldas da Rainha: quem te viu e quem te vê. Como podemos nós manter as coisas como estão? Não há uma rua das Caldas da Rainha sem lixo, sujidade, vandalismo, insegurança. Isto já nem parece ter nada a ver com partidos ou ideologias. Tem a ver com trabalho. Como diz a canção, “Quem ama, cuida”. E tenho uma equipa estupenda comigo. É preciso votar em quem realmente ama e quer cuidar. É preciso votar em quem tem condições realistas para ser presidente da câmara. Tudo o mais é um protesto inútil sem consequência nenhuma. É preciso que o voto sirva para qualquer coisa. Votar nos mesmos de sempre é dizer que está tudo bem como está. Não está. Todos o sabemos. Com humildade, visão e trabalho, eu quero e sei como e por onde começar este futuro.

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