Aproveitando a presença de milhares de visitantes, antes da procissão foram oferecidas cerca de duas toneladas de sardinhas, dando-se a provar o produto que dá sustento aos pescadores de Peniche, conseguido com árduo esforço e muitas vezes colocando em risco a sua própria vida.
Os comerciantes de peixe aproveitaram para fazer vários pedidos à santa. “Que nos traga peixe para terra, que é o sustento da população. O ano está mau e esta semana não houve nem um cabaz de sardinha na lota. Tivemos de ir comprar a outros portos, o que torna o peixe mais caro”, relatou Conceição Dias.
Apesar das dificuldades, a procissão no mar serviu para mostrar devoção à santa e pedir-lhe proteção, mais faina e melhores condições de vida, mostrando que os pescadores têm o instinto da fé e que não é por acaso que os barcos são benzidos quando saem do estaleiro. “Somos muito crentes e quando temos problemas no mar a primeira coisa que fazemos é pedir ajuda a Deus e a Nossa Senhora”, contou José Maria, mestre da traineira “Rio Minho” que transportou a principal imagem religiosa, entre os doze andores levados nas embarcações, seguidas por pequenos barcos, todos devidamente engalanados.
Ainda em terra, a passagem das imagens da Igreja da Misericórdia para os barcos, foi o momento mais marcante.
Foram transportados os andores de Nossa Senhora da Conceição, Imaculado Coração de Maria, Nossa Senhora da Ajuda, Nossa Senhora da Vitória, Santa Teresinha, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora de Monserrate, São Sebastião, São José, São Pedro Telmo, a cruz, para além de Nossa Senhora da Boa Viagem.
As embarcações deram uma volta até ao Cabo Carvoeiro e à costa da praia da Consolação, para regressarem de novo ao porto de pesca. Uma sessão de fogo aquático fechou a única procissão marítima noturna no país.
Francisco Gomes
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