Com o tórrido calor a perseguir os 151 cicloturistas inscritos, as bicicletas nem por isso embalaram mais lentas. No “duelo” travado entre os cicloturistas e o suplício do calor nenhum participante se deixou vencer, ainda que, em alguns pontos do itinerário os termómetros tivessem atingido os 48ºC.
Num percurso que alguns trilhavam pela primeira vez, enquanto outros já lhe perderam a conta, todos com o mesmo entusiasmo, com uma réstia de vigor e orgulho humano, preciosa essência natural contra a quebra de energias, suados mas não vencidos, os cicloturistas atingiram o primeiro objetivo – chegar à vila do Gavião, que tem Foral concedido por D. Manuel I, a 23 de novembro de 1519.
Ainda no dia 6, depois de uma neutralização efetuada na Vila de Gavião, num regresso ao passado, toda a caravana se deslocou para Castelo de Vide – uma Terra com muita história e muitos sabores.
No quadro do património histórico foi dado a observar as muralhas do castelo, junto ao qual se admirou a beleza da velha torre de menagem. Mas Castelo de Vide ocupa um lugar de destaque no campo da história dos judeus em Portugal. Foi em comunhão com a etenografia, durante uma visita orientada por Carolino Tapadejo, que os cicloturistas tiveram a oportunidade de conhecer a urbe, as suas calçadas de pedra da Idade Média, as suas lendas e a arquitetura religiosa sem esquecer a Sinagoga, onde cada pedra transmite uma mensagem de uma história secular.
À noite, já com a presença de Tinta Ferreira e Alberto Pereira, respetivamente presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha e vereador do Desporto, António Pita, vice-presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide, Manuel Pirís e Juan Gomez, alcalde e tenente alcalde de La Codosera, esperava a comitiva um concerto de música popular portuguesa, produzido pelo Grupo de Musica e Corais da Casa do Pessoal do Centro Hospitalar das Caldas da Rainha, que se associou a este evento para animar a Vila de Castelo de Vide com temas musicais que serviram para refrescar a Praça D. Pedro V, naquela noite quente de verão.
No dia 7, depois de um retemperado sono, a expedição velocipédica retomou à estrada para percorrer o Parque Natural da Serra de S. Mamede, uma das áreas mais protegidas de Portugal, onde mais uma vez a caravana foi forçada a travar luta contra os golpes de calor que “incendiavam” o itinerário. Foi atravessa Porto de Espada, passou-se por S. Julião e desceu-se para La Rabaza. Aqui, no local mais apropriado a caravana fez “alto” para formar pelotão compacto, afim de fazer a volta de consagração em La Codosera, a qual terminou na Avenida das Caldas da Rainha, ao som dos acordes da Filarmónica local, junto ao Ayuntamiento daquele “pueblo” de Espanha.
Eram 11h30 quando decorreu a cerimónia de receção e boas vindas, promovida pelo Ayuntamiento local. Com a emoção de chegar ao fim, mas já com fortes sinais de fadiga estampada nos rostos de todos quantos resistiram ao cansaço desta escaldante jornada de cicloturismo de grande fundo, os velocipedistas, após adquirirem alguns produtos regionais, a deliciosa manga gitana e vários “recuerdos”, dirigiram-se para as piscinas naturais, que este ano, como é óbvio, se tornaram na meta mais desejada.
Coube à Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta licenciar o Brevet e inscrever os cicloturistas. O Sporting Clube das Caldas foi o pilar fundamental de todo o suporte necessário à estrutura do evento,o qual contou com uma equipa de cerca de quarenta voluntários que deram o seu apoio à “prova” durante os dois dias e os 250 quilómetros do percurso.
O Brevet contou com a colaboração das Câmaras Municipais das Caldas da Rainha, Castelo de Vide e de La Codosera, bem como dos Bombeiros Voluntários das Caldas da Rainha, da equipa médica chefiada por Joaquim Urbano, do Museu do Ciclismo e da Junta de Freguesia de Nossa Senhora do Pópulo.
Mário Lino
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