Pensa que pelo facto de Portugal estar na periferia da Europa pode ser um handicap para fazer deslocar cavaleiros com mais frequência?
Realmente o facto de estarem um pouco afastados do centro da Europa, onde há muito mais acontecimentos é um problema para os cavaleiros pois demoram dois dias a chegar com os seus cavalos, mas ainda bem recentemente todos sabemos que os melhores estiveram no Estoril no Global Champions Tour, por isso e como em tudo na vida, é o dinheiro que fala mais alto. Se os prémios forem aliciantes, certamente as pessoas virão.
Qual a razão da sua vinda a Portugal?
Desta vez viemos ver uns cavalos que já tínhamos referenciados.
Considera que se trabalha bem a criação de cavalos em Portugal?
Sim. Em Portugal há muito bons criadores, pessoas que se dedicam à reprodução em bom nível e de onde saem animais muito interessantes e bons para trabalhar em alta competição. Muitas vezes passamos dias a ver animais e não aparece nada que nos cative. De repente e de onde menos se espera somos surpreendidos.
Como tinha uma aluna interessada em adquirir cavalos para competir, viemos ver e testar estes que já me tinham indicado.
Gostou do que encontrou?
Sim, muito, são duas boas éguas. Ter tido a possibilidade de as testar no CEIA, onde desfrutámos das melhores condições para as avaliar também foi muito bom. Agora falta “apenas” convencer quem vai investir.
O que muda na vida de quem é Campeão Mundial?
Na minha mudou basicamente o facto de, cada vez que entro numa pista, dizerem que sou Campeão Mundial, porque em mim não mudou mais nada e é algo em que nem penso muito.
Acresce responsabilidade?
Não considero que assim seja. Se fosse, deixaria de competir pois não teria o mesmo prazer. No hipismo não dependemos apenas de nós e a minha égua Liscalgot, magoou-se, teve que deixar de competir e os meus resultados ressentiram-se. Ainda assim continuo a trabalhar cavalos novos, o que é a minha paixão. Por isto, muitas vezes tenho que competir sem pensar muito nos resultados mas, ainda assim já consegui fazer 5º lugar nos mundiais e ganhar alguns Grandes Prémios, como foi o caso recente de Tweente (Holanda), o que considero fantástico.
Como é que encontrou a égua certa para ser campeão?
Tive sorte! Encontrei-a com 4 anos, esteve comigo durante 6 anos, até ter que parar por lesão. Neste momento está na Bélgica como reprodutora e já tirámos dela descendência que me permite voltar a pensar alto de novo.
Isso quer dizer que pensa de novo no Mundial?
Quando o ganhei não pensava que seria possível. Neste momento tenho consciência do trabalho que dá e das etapas que preciso ultrapassar até lá chegar mas estou focado nisso e a trabalhar muito, embora o sonho agora sejam os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
E o objetivo são medalhas?
Se achasse que não era possível chegar às medalhas preferia não ir. Sei que vai ser muito difícil mas tenho a vantagem de que o meu hobby é o meu trabalho e por isso é também a minha felicidade.
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