Foi no dia 13 de julho de 1917 que aconteceu a “terceira aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos”. Para comemorar este facto, em 1960, o norte-americano John Mathias Haffert, cofundador do “Exército Azul” e presidente da “Fundação Oureana”, sediada no Castelo de Ourém, encomenda um quadro a Salvador Dali, tendo como tópico principal a “Visão do Inferno” vista pelos três pastorinhos naquele dia. Dali levou dois anos a executar o quadro, onde retrata um ambiente apocalíptico, com garfos de comer caracóis a perfurarem corpos mutilados, que representam almas penadas, sendo percetível a marca de uma grande “luta espiritual” travada por artista ateu com a fé.
No fundo o quadro mostra o vetusto Castelo de Ourém, ligado à emancipação de Portugal como Nação: D. Nuno Álvares Pereira foi o 1º.conde de Ourém e por aqui passou a caminho da definitiva Batalha de Aljubarrota. Segundo a tradição rezou pelo êxito das nossas armas na hoje arruinada Capela de S. Sebastião, fronteira ao Castelo, e mais duas vezes no planalto da Cova da Iria, antes e depois da batalha, a primeira a rogar os favores do Céu, a segunda por seu irmão, caído em Aljubarrota quando se batia pelo Castelhanos.
O quadro mostra ainda a moura Fátima que, por amor a um cristão, se converteu e deu nome a Fátima e Ourém. E também o monte onde está o antiquíssimo santuário de Nossa Senhora da Ortiga.
Dali optou pelo estilo surrealista, que havia abandonado em 1940, tendo-se reunido várias vezes em Nova Iorque com Jonh Maffert e um anónimo que se prontificara a pagar o custo da obra – 15 mil dólares americanos. O pintor queria assegurar-se de todos os pormenores da visão, tal como Lúcia a descrevera. No final o pintor resolve cobrar apenas metade de que pedira inicialmente.
O perito mundial Robert Descharnes entende que o quadro é o último “autorretrato espiritual” do pintor, pois nele se veem os olhos, o cérebro e as mãos do artista, as três partes do corpo que, segundo o próprio Dali, melhor o representavam.
“A Visão do Inferno” foi exposta publicamente apenas duas vezes: uma nos Estados Unidos e outra em Fátima, em 1997.
A obra está avaliada em mais de um milhão de dólares e segura na sede da “Lloyd”, em Londres.
Foi no dia 25 de julho de 1836 que nasceu em Abrigada, Alenquer; Mariano de Carvalho. Foi aluno da Escola Politécnica de Lisboa desde 1850, formou-se em Farmácia e Matemática. Tornou-se professor desta disciplina, desde 1863, na escola onde se formara. Jornalista a partir de 1864, fundou diversos jornais, como “Notícias”, “Correio Português” e “Diário Popular” (depois apenas intitulado “O Popular”).
Filiado no Partido Reformista, foi um dos fundadores do Partido Progressista. Deputado desde 1870, sobraçou a pasta da Fazenda por duas vezes. Foi no tempo um jornalista temido pela sua mordacidade e contundência. Publicou vários livros de índole financeira
Morreu na sua terra natal no dia 19 de outubro de 1905.
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