Vítor Fernandes, do PCP das Caldas da Rainha, diz que não tem nada contra aquela unidade ser concessionada à câmara, mas defende que a autarquia, por sua vez, não deverá ceder a exploração a privados. “Nós entendemos que o parceiro da Câmara na concessão do Hospital Termal deve ser o Ministério da Saúde”, afirmou Vítor Fernandes, que também não acredita que haja investidores privados interessados em fazer essas obras. “Já se falou no Montepio, no Inatel e num grupo de médicos. Os privados só querem ficar a explorar a unidade termal depois das obras feitas, porque não têm dinheiro para o investimento necessário”, disse o militante comunista.
“A autarquia espera ter acessos a fundos comunitários para a requalificação do património termal, incluindo o hospital e os pavilhões do parque. Que eu saiba o QREN participa com 85% do orçamento. Depois do Município suportar o restante do custo da obra com o nosso dinheiro vai entregar a exploração do hospital a um privado?”, questionou Vítor Fernandes.
No seu entender, “corre-se o sério risco de uma eventual concessão/privatização alvitrada em alguns círculos se constitua como um arremedo de serviço público, colocando, por um lado ao dispor de interesses privados, subordinados apenas a critérios de lucro, a competência qualificada de profissionais pagos pelo Estado e por outro, sofrendo uma oneração de preços e taxas, com a consequente restrição e condicionamento social do termalismo”.
Apesar de estar contra a saída do Hospital Termal do Serviço Nacional de Saúde, o PCP das Caldas da Rainha considera que há espaço para a iniciativa privada. “Ela pode dar um contributo para a modernização da oferta de serviços e tratamentos supletivos numa ótica associada ao turismo e lazer, mas nunca para subverter um modelo de base assente no primado da saúde pública”.
Para os militantes do PCP das Caldas, “é compatível um projeto de modernização termal aliando a continuidade do Hospital Termal na posse do Estado com o surgimento de empresas privadas ou mistas, garantindo o Estado a cedência da água termal sobrante, paga por leitura de contador, como acontece por exemplo as termas francesas de Dax, sendo a água distribuída pela autarquia, e cujas receitas contribuiriam para a manutenção e recuperação do património”.
Segundo os elementos deste partido a diminuição do número de utentes daquela unidade decorre em grande parte da contaminação bacteriana. “É sabido que a viabilidade económica e o reequilíbrio financeiro do Hospital Termal podem ser assegurados com uma frequência de cerca de 5 mil aquistas, número que, ainda há pouco tempo, não só era atingido como até ultrapassado regularmente”, apontou, Vítor Fernandes.
Após anos a fio em que o Hospital Termal contribuiu para o financiamento do Centro Hospitalar, à míngua das dotações financeiras negadas pelo poder central por via da desorçamentação continuada, desinvestimento e quadros de pessoal incompletos, Vítor Fernandes considera que é “incompreensível que se venha empolar a questão do esforço financeiro necessário à requalificação e desenvolvimento das termas e seu património, em particular quando nada se fez para tirar partido do importante recurso que as águas termais representam”.
O PCP das Caldas defende para o futuro do Hospital Termal “a otimização das potencialidades de hidrologia médica como base da atividade do hospital, tendo em conta as características terapêuticas únicas da sua água em aspetos preventivos e nos domínios da reumatologia, medicina física, reabilitação ou ainda no tratamento de algumas doenças do foro respiratório que faz desta unidade um hospital central especializado legalmente classificado como tal desde 1962”.
Segundo Vítor Fernandes, “a possibilidade de uma gestão autonomizada do Hospital Termal não deveria ser enjeitada”. “A separação dos hospitais é porventura uma solução mais indicada como pode ser desejável a criação de uma instituição com direção própria para gerir o património com o Município das Caldas”.
José Carlos Faria e Vítor Fernandes pretendem continuar a lutar a favor do Hospital Termal e garantem que vão levar estas questões à Assembleia da República e ao Parlamento Europeu.
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