D. José Policarpo garante o seu apoio ao novo Patriarca, manifestando disponibilidade para o “ajudar a ser um grande Pastor da Igreja”, disse ao Jornal do Patriarcado de Lisboa, Voz da Verdade.
O cardeal que agora viu ser aceite o pedido de resignação enviado ao Papa Bento XVI há dois anos atrás, afirma que esta “é uma situação normal na vida da Igreja” e lembra que os cargos de responsabilidade na Igreja “não são vitalícios”. “Ficou claro no Concílio Vaticano II que estes cargos de grande responsabilidade na Igreja supõem a disponibilidade e as forças necessárias para o exercer. Vivo este momento numa altura significativa porque o Santo Padre Bento XVI aplicou ao Papa este princípio. Foi um gesto histórico que marcará certamente o futuro e portanto não teve hesitação”, referiu.
Sobre a nomeação de D. Manuel Clemente como novo Patriarca de Lisboa, tornada pública pela Sala de imprensa da Santa Sé, D. José Policarpo apontou que “era uma notícia esperada”, e sublinha que “é um dom de Deus ter um bispo que regressa a casa”. “Foi uma escolha que devemos agradecer vivamente a quem a fez”, observa.
Dirigindo-se à Diocese de Lisboa, a quem reconhece ter servido “com dedicação”, recorda que até ao início do mês de julho ainda irá permanecer em funções, como administrador apostólico, e pede a disponibilidade de todos. “Saúdo todos os diocesanos. Ainda nos vamos encontrar e ficarei ao serviço até ao início de julho. Vivam isto na fé, acompanhem-me nesta disponibilidade de servir e amar em todas as circunstâncias”, declarou.
D. Manuel Clemente anunciou já que tomará posse na Diocese de Lisboa como novo Patriarca no dia 7 de julho.
Bispo do Porto desde 2007 e antigo auxiliar do Patriarcado de Lisboa, D. Manuel Clemente foi eleito vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) em 2011, após ter presidido à Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais.
O 17.º patriarca de Lisboa foi ordenado sacerdote a 29 de junho de 1979, ano em que se licenciou em Teologia pela Universidade Católica Portuguesa, D. Manuel Clemente doutorou-se em Teologia Histórica em 1992 e foi reitor do Seminário Maior dos Olivais.
Foi nomeado pelo papa João Paulo II para bispo auxiliar de Lisboa a 11 de novembro de 2011, tendo tomado posse do cargo em março de 2000.
Em 2007, o papa Bento XVI nomeou-o bispo do Porto, sendo, atualmente, vice-presidente da CEP, presidida por D. José Policarpo, e membro do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais.
O presidente da República, Cavaco Silva, atribuiu-lhe a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, tendo também sido distinguido em 2009 com o Prémio Pessoa.
Numa mensagem dirigida aos diocesanos do Patriarcado de Lisboa, publicada na página na Internet, D. Manuel Clemente explica que “por nomeação do Santo Padre, o Papa Francisco, regressarei a Lisboa em julho próximo”.
Não é a primeira vez que um bispo portucalense continua o seu ministério entre vós: assim aconteceu designadamente com D. Tomás de Almeida, que daqui partiu para ser o primeiro Patriarca de Lisboa, em 1716. De Lisboa trouxe eu para o Porto cinquenta e oito anos de vida convivida, como leigo e ministro ordenado, sob o pastoreio dos Cardeais Cerejeira, Ribeiro e Policarpo. De todos eles guardo larga e agradecida recordação, em especial do Senhor D. José Policarpo, de quem fui aluno e depois colaborador próximo no Seminário dos Olivais e no serviço episcopal, muito ganhando com a sua amizade, inteligência e conselho. A ele dirijo neste momento palavras sentidas de muita gratidão e estima, sabendo que posso contar com a sua sabedoria e experiência. Do Porto levo para Lisboa mais seis anos, plenos de vida pastoral intensa nesta grande Igreja e região, quer no dia a dia das suas comunidades cristãs, quer no dinamismo cívico e cultural dos seus habitantes e instituições”, afirma.
D. José Policarpo, atual patriarca de Lisboa, que se mantém por enquanto à frente da CEP, é natural de Alvorninha, Caldas da Rainha, e completou 77 anos no dia 26 de fevereiro.
A ordenação sacerdotal data de 1961, tendo sido nomeado bispo auxiliar de Lisboa em maio de 1978.
Em 1997, ao ser nomeado arcebispo coadjutor do patriarca de Lisboa, adquiriu o direito de sucessão, o que viria a acontecer um ano depois, após o falecimento do cardeal-patriarca António Ribeiro.
José Policarpo passou a ser o 16.º Patriarca de Lisboa e cardeal a partir do consistório de fevereiro de 2001, cinco dias antes de completar 65 anos.
Francisco Gomes
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