“Eu não tenho estudos e agora como isto está, nem os novos com estudos têm emprego, quanto mais”, disse.
A vinda para a barraca junto ao Cencal acabou por ser a alternativa válida uma vez que já conheciam o espaço e acabaram por se acomodar.
“Cultivamos aqui umas coisas e isso vai dando para comer, e há pessoas que aqui passam e ainda nos pedem umas couves, umas cebolas, alfaces e a gente dá”, contou.
“Não temos casa de banho nem água canalizada. Dormimos com ratos, cobras, com o vento e a chuva a cair em cima de nós. É complicado”, explicou.
Tomar banho só acontece quando dinheiro para aquecer a água que vai buscar à noite ao chafariz do Bairro da Ponte, assim como a alimentação é com aquilo que lhes dão ou o que compram do supermercado com pouco dinheiro, pelo que peixe ou bifes é coisa que não consomem há vários anos.
Este casal, depois das questões levantadas pelo JORNAL das CALDAS aos serviços sociais, recebeu uma visita dos técnicos da autarquia que já garantiram que iriam arranjar uma solução.
“Já tínhamos ido à câmara, mas disseram que não tinham casas para entregar, mas agora voltaram e disseram que estão a tentar arranjar uma casa ou um apartamento para nós”, referiu.
Carlos do Carmo e Maria Laurinda vão buscar ajuda duas vezes por ano à junta de freguesia de Santo Onofre, e dizem que não se deslocam mensalmente como outras famílias e outros casos problemáticos na cidade, porque dizem haver dualidade de critérios na entrega de bens.
“Eu não gostava de ir à igreja buscar alimentos porque passam-se lá coisas estranhas”, afirmou, sem querer concretizar, frisando que não vai à Cruz Vermelha porque lhe terão dito que não o poderia fazer.
Maria Laurinda deseja “ter uma casa com água e luz, mesmo que não nos dessem mais nada”. “Passamos aqui um mau bocado com o frio e chuva. Há dias que não aguentamos com o frio. Chove lá dentro e o vento entra por todo o lado”, lamentou.
Sobre este caso os serviços sociais da autarquia esclarecem que o terreno onde vive este casal, “foi adquirido há cerca de um ano, com a condição do vendedor desalojar, nos termos da lei, todos os ocupantes e eventuais rendeiros agrícolas ou habitacionais do referido terreno”, acrescentando ainda que “no ato da aquisição o vendedor negou a existência de inquilinos habitacionais. O vendedor assumiu a responsabilidade de pagar todos os custos com a desocupação do terreno. Fica provado não haver qualquer responsabilidade da Câmara neste caso concreto”.
Contudo, os mesmos serviços, assumem que se trata de “um caso identificado e tendo sido já objeto de apoio por parte dos serviços. Com vista à situação habitacional, foram-lhe efetuadas várias propostas que os mesmos recusaram”, facto que foi confirmado por Carlos do Carmo, uma vez que a solução seria separar o casal.
No que concerne à habitação social no concelho, a autarquia refere que “de momento não há casas livres, estão todas ocupadas, num total de 25 agregados familiares”.
Sobre os apoios alimentares, os serviços sociais do município explicam que “há várias medidas de apoio, desde a distribuição de alimentos às famílias (cabazes) bem como a diversas instituições que prestam apoio. Descontos na água para idosos de menores recursos. Bolsas de estudo destinadas ao ensino superior, a ação social escolar. O município apoia ainda várias entidades no âmbito das parcerias da rede social”, enumeram.
Após a nossa reportagem fonte dos serviços sociais contou que foi pedida ajuda aos serviços do instituto da habitação para que fosse disponibilizada uma casa, o que ainda não aconteceu.
Carlos Barroso
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