As crianças dizem muitas vezes ao dia “mãe, gosto muito de ti!”, “Pai, tu és o meu herói!” e tantas outras coisas que enchem de alegria o coração dos pais e das mães… Quando crescem, deixam de dizer essas palavras com frequência e até passam a ter vergonha de dar um beijo ao pai ou à mãe à porta da escola, não vão os amigos pensar que eles são “meninos da mamã” e lá se vai a imagem cultivada à base de umas quantas traquinices e muitas rebeldias.
Hoje, não é diferente de antes. O processo de calar os sentimentos faz parte do crescimento. Um dia substituem-se as palavras por ações. Mas essas, com o tempo, também se vão desgastando e as presenças transformam-se em ausências, mas continuamos a pensar que aqueles que amamos deveriam saber que os amámos e que os amamos, apesar de não o dizermos e de também não estarmos presentes.
As maiores lições não se aprendem nos bancos da escola. É a vida que as dá, gratuitamente, sem hora marcada. Quando a vida envia a sua professora mais austera, a morte, vemos a nossa vida passar-nos à frente como se fosse um filme e percebemos que devíamos ter estado presentes mais vezes, devíamos ter dito mais vezes que gostávamos das pessoas … devíamos ter guardado a inocência da criança que um dia fomos para não termos medo de sermos magoados.
Se aqueles que mais amamos morressem daqui a uns minutos, será que teríamos tempo de dizer as vezes necessárias o quanto gostamos deles para cobrir uma vida inteira de silêncio? Talvez só pensemos nisso quando a morte nos surpreende e nos rouba a vida dos que amamos.
Quando a vida se esgota, pensamos em tudo o que queríamos ter dito e nas palavras que ficaram por dizer…
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