“A abertura de consultas de várias especialidades em unidades hospitalares onde até agora não existem, a previsível diminuição das listas de espera cirúrgicas em ortopedia e cirurgia geral, através do incremento da cirurgia de ambulatório, o acréscimo de qualidade que, em termos clínicos, poderá advir dos diferentes contributos de serviços e profissionais que até agora trabalhavam de forma independente, ou o efeito facilitador relativamente à aquisição de serviços, materiais e equipamentos resultante do aumento de escala proporcionado pela criação do novo centro hospitalar”, dizem em comunicado.
Apesar disso chama a atenção para aspetos que deverão ser acautelados, e que constituem preocupações fundamentais, como é o caso da “poupança financeira num prazo relativamente curto não pode ser conseguida através da perda de qualidade da atividade assistencial e do aumento de dificuldade no acesso dos doentes aos cuidados de saúde”.
Para os médicos, a organização do CHO “terá de assentar na análise e definição clara das suas valências, capacidades e funções, numa perspetiva realista e consolidada, e não fundada em expectativas, cuja concretização está longe de ser um dado adquirido, não passando atualmente, de uma possibilidade remota ou de uma simples miragem”.
Por outro lado, denuncia que “é cada vez mais urgente colmatar situações de carência que frequentemente se verificam em relação a vários materiais de uso corrente, desde material de penso até reagentes laboratoriais, bem como é cada vez mais premente a necessidade de manutenção de equipamentos que, em muitos casos, se encontram inoperacionais ou com funcionamento deficiente, o que, algumas vezes, tem vindo a comprometer a qualidade e segurança da prática clínica”.
A Ordem do Oeste, presidida pelo médico Pedro Coito, alerta também que a passagem do hospital de Alcobaça para a área de influência do Centro Hospitalar Leiria-Pombal, mantendo-se três freguesias do concelho de Alcobaça na área de influência do CHO, “conduzirá, em termos relativos, a uma significativa diminuição da capacidade dos serviços, uma vez que passarão a ter mais doentes para um menor número de camas. Acresce que a permanência de todo o ACES Oeste Norte igualmente na área de influência do CHO será mais um fator de pressão e sobrecarga sobre esta instituição”.
Em relação às reais condições de acesso dos doentes aos serviços prestados, a alteração da área de referenciação para especialidades que, até agora, só existiam num dos antigos centros hospitalares, nomeadamente pneumologia, gastrenterologia, dermatologia, neurologia e psiquiatria, significará para os médicos, “inevitavelmente um enorme aumento nas listas de espera para consultas, exames e tratamentos dessas especialidades, uma vez que, com os mesmos recursos, passarão a ter de servir uma população que, na maioria dos casos, mais do que duplica”.
Por isso, aconselha “o reforço de recursos humanos e materiais dos serviços em causa” ou, em alternativa, manter a possibilidade de referenciação dos doentes para outras instituições, apelando à reabertura das especialidades entretanto desativadas de oftalmologia, urologia e reumatologia.
O conselho distrital considera que “é absolutamente imperiosa a manutenção de urgência médico-cirúrgica, com todas as valências, capacidades e recursos que a definem, tanto no hospital de Torres Vedras como no hospital de Caldas da Rainha, porque é evidente que nenhuma dessas urgências teria a capacidade para, isoladamente, responder às necessidades das populações, e o encerramento, ou diminuição das condições de funcionamento, de qualquer uma delas significaria uma situação dramática de limitação funcional, com prejuízos inaceitáveis e riscos gravíssimos para os doentes”.
Por último frisa que “será trágico o abandono definitivo da recuperação do hospital Rainha D. Leonor, enquanto verdadeira instituição hospitalar e termal, representando uma perda irreparável tanto em termos históricos e patrimoniais, como no que respeita à atividade clínica e às potencialidades e recursos que caracterizam o hospital termal”.
Proposta de regulamento interno
O conselho de administração do CHO encontra-se neste momento a elaborar uma proposta de regulamento interno da instituição, que deverá ser submetido a aprovação da tutela até ao final do mês de março, cumprindo o prazo de 120 dias.
“Desde o início da elaboração desta proposta, o conselho de administração reuniu com todos os serviços administrativos e clínicos das unidades que constituem o CHO, bem como criou um grupo de trabalho interno, constituído por colaboradores de diversas áreas do CHO e externo, composto pelos presidentes de câmara, comandantes dos bombeiros, diretores dos agrupamentos dos centros de saúde e representantes das associações de utentes dos concelhos abrangidos na área de envolvência do CHO, com o objetivo de envolver os profissionais e a comunidade, partilhando impressões e informações no âmbito do processo da fusão do CHO”, refere.
Carlos Barroso
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