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Debate sobre os hospitais e o termalismo

Carlos Barroso

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Juntar Caldas a Leiria e unir Torres a Loures é a proposta do deputado socialista, eleito por Leiria, João Paulo Pedrosa, aconselhando a comissão de utentes “juntos pelo nosso hospital” a exigir esta nova reforma ao mesmo tempo que desafiou os seus colegas deputados a aceitarem esta proposta que vai ser apresentada na assembleia da república esta semana.
António Curado abriu o debate/foto Carlos Barroso

“Se Caldas não perdeu nada, na próxima sexta feira aprovem o projeto do PS, para responder aos cuidados de saúde. A atual modalidade é coxa porque não serve nem Caldas nem Torres. Uma unidade local que agregasse Caldas a Leiria e Torres a Loures era o ideal”, disse João Paulo Pedrosa, no debate sobre os cuidados de saúde no Oeste, realizado no CCC das Caldas da Rainha, na passada sexta-feira. “Apoiamos a construção de um novo hospital para o Oeste. Sabemos que a unidade das Caldas tem exiguidade no espaço. Caldas já perdeu Alcobaça e Nazaré. Não faz sentido que uma pessoa destes concelhos vá para Torres quando está a 20 minutos de Leiria. Foi uma boa opção para aquela população. Caldas está a perder com esta fusão e Torres também perde com a abertura do hospital de Loures. A criação do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) é equilibrar uma coisa que não tem equilíbrio”, argumentou. Estas declarações antecederam a intervenção de Manuel Isaac, o deputado caldense do CDS, que considerou que ainda não existe nada definido e como tal não há motivos para alarme. “Depois da criação do CHO, isto está como estava. Tudo se mantém igual”, disse. Para o também vereador da câmara das Caldas, o projeto do PS, “é fazer uma asneira”, explicando que o CHO “não é para ver aqui o que Caldas consegue roubar a Torres, porque Peniche não pode ficar entalada. Isto não pode ser uma visão e nós com tudo e eles com nada. Os utentes do CHO é que devem ganhar”. A deputada do PSD, Maria da Conceição, lembrou que “estamos a passar por um compromisso difícil e a saúde tem uma dívida preocupante”. Manifestou depois que “o hospital das Caldas sempre teve falta de espaço. Lutou-se por uma primeira ampliação. Foi no tempo do PSD que houve uma vontade grande e forte para se concretizar. Esperamos por um hospital novo, como compensação do aeroporto da Ota. A segunda ampliação é importante. No hospital há falta de espaço, dificuldade na contratação de profissionais, porque ainda este ano já há um concurso e as vagas ficam por preencher”. O deputado do Bloco de esquerda, João Semedo, disse que “está na moda integrar unidades de saúde, mas eu tenho dúvidas. Estão-se a criar mega unidades de saúde com excessivas dimensões”. O deputado escolhido pelo PCP, João Neves, divulgou a clara posição do seu partido, que é opor-se a tudo o que leve à extinção de serviços e valências. Depois das intervenções dos oradores, foi passada a palavra ao público, com António José Correia, presidente da câmara municipal de Peniche a comparecer nesta discussão que o preocupa muito. O autarca voltou a lamentar não ter ainda sido recebido pelo ministro, uma vez que desde 2009 que pediu uma audiência. “É um desrespeito por aqueles que são eleitos pelo povo. O hospital de Peniche vai sentindo uma morte lenta. Ninguém compreende que passados estes anos, que o compromisso assumido em 2008 recue. Peniche está determinada em manter vivacidade e podem contar com 4500 pessoas na rua”, afirmou. O deputado municipal do bloco de esquerda, Fernando Rocha, lamentou que Caldas tenha perdido valências para Torres Vedras. Vítor Fernandes, do PCP, disse que “querem destruir o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e entregar a saúde aos privados”. “Ainda não mudou nada, mas só não mudou porque as populações e os profissionais se mobilizaram. Já se perdeu reumatologia, urologia, oftalmologia. Estamos a perder valências. Esta reestruturação vai prejudicar a população, é errada e é ao custo de qualquer preço”, alertou o comunista. O vice presidente da câmara, Tinta Ferreira, justificou a ausência de Fernando Costa no congresso para lembrar que “é um disparate reduzir as urgências em Peniche” e que Caldas não beneficia. O autarca lamentou também que a população de Alcobaça tenha optado por Leiria, porque desta forma “coloca em perigo Caldas, que agora está na periferia”. Jorge Ferreira, da comissão de utentes de Torres Vedras, disse que a proposta da Administração Regional de Saúde (ARS) é “péssima” para todos os oestinos. O médico António Curado e presidente da comissão de utentes sublinhou que Caldas não tem capacidade para acolher Alcobaça, mas ainda assim ficou com as populações de Alfeizerão, Benedita, São Martinho do Porto. “A zona do Oeste, com Torres, Caldas, Peniche e Alcobaça é carenciada. Nós queremos um hospital novo, mas atualmente não podemos ter, mas temos de perspetivar isso. As autarquias devem-se unir porque entre Loures e Leiria tem de haver uma unidade nova. As decisões são em março e espero que daqui a dois meses não estejamos a lamentar aquilo que ainda se pode evitar, que é a perca de cuidados de saúde na região. Também Rui Correia, na qualidade de representante da comissão, se mostrou preocupado com a vontade do ministro Paulo Macedo nesta reorganização hospitalar. Pedro Coito, clinico no hospital e presidente da ordem dos médicos no distrito do Oeste, lembrou que o hospital das Caldas já perdeu quatro cirurgiões e arrisca-se a perder mais com esta fusão, além de estar em perspetiva a perda de serviços. “Está na cabeça das pessoas mudar tudo. Para mim se perdermos mais valências, vou para a reforma, mas alerto que o constrangimento é generalizado. Não há vontade de trabalhar contra os nossos princípios. Todos os dias há pessoas que não aparecem porque não têm dinheiro para o transporte. Não aceito que um doente das Caldas tenha de ser operado em Torres. Se morrerem todos, sai mais barato. Oiçam as pessoas que estão no terreno, antes de apresentarem os números. As políticas são feitas para fechar e não para poupar”, sustentou. O debate da passada sexta-feira abriu o congresso sobre a saúde, que decorreu na sala multiusos do CCC, sendo moderada a sessão “Perspetiva político-partidária da reorganização dos cuidados de Saúde no Oeste – o ponto de vista dos deputados”, pela jornalista Ana Sá Lopes, comparecendo Maria da Conceição pelo PSD, João Paulo Pedrosa do PS, João Neves do PCP, João Semedo do Bloco, Manuel Isaac do CDS. Foi anunciado, mas não compareceu, José Luís Ferreira dos Verdes.

Ninguém quer o hospital termal fora do SNS

O deputado bloquista João Semedo considerou um erro o SNS prescindir do hospital termal das Caldas da Rainha e defendeu que o Estado tem obrigação de manter uma unidade de tratamentos diferenciados. A privatização do hospital termal das Caldas da Rainha, o mais antigo do mundo, é defendida num estudo de reorganização dos cuidados de saúde da região oeste, divulgado pela ARS e que sugere a sua entrega a uma unidade hoteleira. Uma solução contestada por João Semedo, para quem “o termalismo não é uma medicina envelhecida e antiquada”, mas sim “uma especialidade bem definida, estudada, com base técnica e científica, com um espaço próprio na medicina moderna”. Para o deputado seria “um bem para o SNS ter uma unidade especializada em termalismo”, que se encontra em Caldas da Rainha e “é aí que se deve manter e os seus tratamentos terem o mesmo estatuto que os outros tratamentos hospitalares”. Segundo o deputado socialista João Paulo Pedrosa, os agentes das Caldas não souberam durante anos gerir o termal e o seu património e perante esta passividade, vai perder. “É um património altamente valorizador, mas tem de ser a população que tem de incentivar a discussão deste processo. O Estado não gere bem estas unidades, mas cabe aos agentes políticos dinamizar as propostas”, disse. Maria da Conceição considerou que “o termalismo poderia ser uma fonte de desenvolvimento, na criação de emprego. Devemos exigir uma solução e dar um pontapé e caldas da rainha seja uma verdadeira cidade termal”, frisou. Para Manuel Isaac, a maneira em que se encontra, “faliu alegremente. Ninguém quis saber do termal. Estão aqui várias soluções e ninguém a quis. Só acredito que a iniciativa privada venha salvar o termal. Discute-se muito, mas ainda não percebemos que cidade somos. Uma coisa é certa, o Estado não vai salvar o termal”, afirmou. O deputado do PCP, João Neves, lembrou que “o hospital é diferenciado” e por isso mesmo “é necessário potenciá-lo, não sendo solução entregá-lo a privados”, por ser único na região. Também o simpatizante do PCP, José Carlos Faria, lembrou que o hospital termal já foi financiador do hospital distrital e que agora tê-lo fechado “é conveniente”. “A divisão da gestão do património, por exemplo a mata, põe em risco o funcionamento do termal, porque a água e os aquíferos estão na mata. Os cidadãos das Caldas devem-se mobilizar e defender o património”, disse. Para Tinta Ferreira, vice presidente da câmara, o hospital termal e o seu património deve manter-se na tutela, porque a autarquia não quer a responsabilidade do património. “É um hospital público e mesmo que haja uma colaboração, a tutela deve ser da administração central. Não temos desejo que haja essa responsabilidade. Estamos dispostos em ajudar com 50 por cento, porque as despesas de manutenção do parque são 300 mil euros. Estamos disponíveis para contribuir com a candidatura de requalificação do termal e segurar os pavilhões do parque. Estamos disponíveis em contribuir para fundos comunitários com uma verba de um milhão de euros. Mas não precisamos de ficar com a gestão do património”, revelou.

Carlos Barroso

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