Na base de Óbidos, de onde outros dois membros tiveram de fugir após não terem parado numa operação Stop da GNR, estava tonelada e meia de explosivos que era para ser utilizada num atentado contra as torres Kio, em Madrid.
Estas duas edificações inclinadas, implantadas na Plaza de Castilla da cidade espanhola, são um património emblemático. Uma carrinha “Iveco” de matrícula francesa, alugada no norte de França, ia ser utilizada no atentado. A ideia era estacioná-la nos parques subterrâneos das torres “Kio” e proceder à deflagração. Um outro veículo seria feito explodir junto ao bairro popular de El Pilar, nas proximidades da Plaza de Castilla, para lançar a confusão e permitir a fuga. Tinha de ser preparado como carro-bomba, pelo que estava a ser transportado para a base logística do Casal Avarela, só que veio a ser intercetado a 9 de janeiro, em Espanha, na localidade de Bermillo de Sayago, na região de Zamora.
O condutor deste veículo, Garikoitz García Arrieta, e Iratxe Yañez Ortiz de Bayon, tripulante do carro de escolta, uma carrinha “Opel Astra”, fugiram em direção ao nosso país, onde acabaram por ser detidos por agentes da GNR após uma troca de tiros, no perímetro urbano de Torre de Moncorvo, já a 40 quilómetros da fronteira.
A “Iveco” ia ser carregada com um verdadeiro arsenal: dez quilos de pentrita, substância utilizada para potenciar deflagrações, 50 relógios eletrónicos que podiam funcionar como temporizadores para 50 bombas, e outros 25 temporizadores já montados. Deste rol constavam, ainda, 30 sensores de movimento para bombas lapa, que se colocam sob veículos e explodem com o seu andamento, e ampolas de mercúrio e de nitrato de prata.
No veículo foram encontrados 200 circuitos elétricos, duas centenas de conectores e 100 pilhas. Estavam ainda três botijas de gás vazias que os etarras aproveitam para construir bombas de grande potência, serrando a parte superior do recipiente que depois carregam com explosivos.
Além dos explosivos inicialmente encontrados na carrinha, iriam também ser usados explosivos que estavam guardados na moradia de Casal Avarela.
Garikoitz Garcia e Iratxe Yánez, os dois etarras detidos nessa operação, começaram a ser julgados em Espanha, juntamente com Luís Cengotitabengoa, que dava apoio à organização.
As autoridades judiciárias pedem 49 anos de prisão para Garcia, enquanto que para Iratxe foi pedida uma pena de 23 anos e para Cengotitabengoa cinco anos.
Francisco Gomes
0 Comentários