O mês de novembro em Timor-Leste
O mês de novembro é tradicionalmente um mês de efemérides em Timor-Leste. Existem, no total cerca de quatro feriados neste mês de grande significado.
Começa com dois feriados religiosos muito importantes e seguidos, dia 1 de novembro (dia de todos os Santos) e dia 2 de novembro (dia de todas as Almas), nestas datas, Díli fica deserta, deslocando-se a população para os distritos para honrar os mortos das suas famílias, estando os cemitérios cheios. Existe igualmente uma romaria ao Monte Matebian (monte dos espíritos e dos antepassados), relacionado com este mesmo âmbito, pois esta é uma montanha sagrada para os timorenses, só se pode aceder a ela, da parte dos estrangeiros, com a permissão do chefe de Suco (aldeia), pois esta carrega um elevado valor religioso.
No dia 12 de novembro, é a importante recordação do massacre do cemitério de Santa Cruz, onde se manifestava a população pela morte dias antes de Sebastião Gomes (morto pelo indonésios dentro da igreja de Motael e que fazia parte de um movimento estudantil de luta) e em que pelo menos duzentas pessoas foram assassinadas devido à investida do exército indonésio pelo cemitério. Este massacre marcou um ponto de inflexão da perspetiva internacional em relação a Timor-Leste. Pois até 1991, ano do massacre, o território já tinha sido integrado como 27ª província e a resistência tinha perdido grande parte da sua força e este facto alertou a comunidade internacional para o genocídio que decorria no território, com a conivência de grandes potências, com os EUA e a Austrália.
Por último, no dia 28 de novembro, comemora-se a declaração de independência de Timor-Leste, que decorreu no ano de 1975, após fuga para Ataúro (ilha à frente de Díli) do Governador português, já em período de acordos de descolonização e de guerra civil entre Fretilin (de ideologia marxista, e que luta por uma lutava por uma independência total) e a UDT (que preconizava uma independência progressiva aliada com Portugal). O resultado da guerra civil foi a vitória da Fretilin, sendo nomeado presidente Nicolau Lobato e a independência foi então declarada. Mas de forma muito breve, pois a 7 de dezembro, a Indonésia com o apoio da Austrália e os EUA, que não queriam ver nesta região um novo Vietname, do qual tinham saído recentemente, ocupou o território timorense, conseguindo posteriormente a sua total anexação até 1999, ano do referendo de autodeterminação de Timor-Leste, já com Habibie no poder após a demissão de Suharto, a braços com uma grave crise económica e de imagem a nível internacional devido às situações em Timor-Leste e Papua Ocidental, com graves repercussões, basicamente houve dois genocídios.
Sérgio Mil-Homens
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