Graças a Deus cá em casa não nos bateu à porta (por enquanto, pelo menos), mas já bateu à porta de familiares e amigos, e acompanhamos situações dramáticas, algumas mais flagrantes do ponto de vista financeiro, mas quase sempre preocupantes, do ponto de vista mental.
A saúde mental corre sério perigo, neste contexto, em que há muito tempo livre, poucas oportunidades de se sentir útil, e uma mão cheia de contas a pagar.
Há tempos, a televisão mostrou uma “supersenhora” que tratava do marido e da mãe acamados, ainda tinha uma horta e alguns problemas de saúde. Quando a entrevistadora lhe perguntou se não ficava deprimida, ela disse que não tinha tempo para ficar deprimida!
Termos o nosso tempo estruturado, organizado, ajuda-nos, no nosso equilíbrio mental, ajuda-nos a manter a mente sã, e embora não seja sempre verdade que quem tem trabalho é equilibrado, corre mais riscos de deprimir quem se vê em situações dramáticas de desemprego contínuo e sem grandes perspetivas de trabalho no futuro.
Ora diga lá outra vez, Sr. Passos Coelho, que “estar desempregado não pode ser um sinal negativo”, mas por favor explique-nos os aspetos positivos desta condição, é que nós sinceramente, não os estamos a ver…
Tirar o melhor desse problema, isso sim, como seja, procurar estar sempre bem ocupado. Primeiro, obviamente, procurando trabalho, em atitude de abertura ao que aparecer, desde que honesto… Sem se conformar com a situação… Depois, servindo os outros: em casa, visitando, recebendo, indo ao encontro, mas sempre fugindo do ócio e da preguiça, mãe de todos os vícios, “como o diabo da cruz”…
E aprofundemos, agora que estamos no Ano da Fé e no mês em que as nossas últimas realidades, as verdades eternas: tudo o que fazemos pode converter-se em caminho para Deus, para o céu. Também o desemprego, pode portanto, ser ocasião de santidade, de redenção.
Alexandra Chumbo
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