O JORNAL das CALDAS foi às freguesias que vão deixar de ter sede e ouviu a população. “Cem por cento do povo não está de acordo com isto. Sinto-me e sem identidade. Já nos tiraram o posto médico, não arranjam transportes, qualquer dia proíbem-nos de ir buscar água à pocinha e depois não sei o que eles querem mais”, lamentou um habitante de Salir. “Eu acho que o povo nem pode fazer nada. Eles levam sempre a deles avante. Senti revolta, desprezo e tristeza quando ouvi que Salir iria acabar”, disse José Louro. “Não deveriam acabar as freguesias na província. Nas cidades, como há câmaras, aí é que deveriam acabar as juntas de freguesia. Se há algum problema com as pessoas nas aldeias, é na junta de freguesia que se resolve”, afirmou Joaquim Santos. “Se querem poupar mais dinheiro, deveriam de desistir das câmaras. Temos Caldas, Bombarral, Óbidos, Alcobaça e Nazaré. Para quê tantas câmaras? Essas é que levam o dinheiro. As juntas não levam o dinheiro da população e dos contribuintes”, manifestou Fonseca Carlos. “Nós temos aqui a junta há tantos anos, com uma freguesia tão antiga e vamos ficar mal servidos porque não temos transportes. A junta faz muita falta”, declarou Maria Maia. “Disseram-nos que ficamos em Tornada, mas a sede da junta de Salir não fecha. Se assim for eu não me oponho”, defendeu Maria Amélia, residente em Salir do Porto. Mais críticos são os residentes na Serra do Bouro que contestam veemente esta decisão e ponderam até boicotes às eleições autárquicas, tal como alguns de Salir do Porto. “Não concordo com esta fusão. Nós temos freguesias aqui tão perto, como Salir e Tornada e não compreendo porque fomos para Santo Onofre”, disse Paulo Lopes, da Serra do Bouro. “Serra do Bouro é das freguesias mais antigas e os outros é que aqui pertenciam e que deveriam voltar para cá. O povo deveria votar num referendo esta fusão de freguesias”, sustentou. “Já que querem poupar tanto, deveriam acabar com todas as freguesias e colocar uma pessoa por freguesia na câmara das Caldas, porque há lá tantos gabinetes com gente sem fazer nada e assim serviam a população”, apontou António Felício. “Sou totalmente contra. A nossa freguesia é das mais antigas de Portugal. Nós temos uma freguesia competente e orientada. Se há alguma freguesia que se devia de juntar a nós por necessidade, que venha porque não somos nós a ir para lá. As pessoas deveriam ter orgulho de aqui morar. Eu não troco a minha freguesia por nada”, referiu Maria Martins. “Juntar a freguesia de Serra do Bouro com Santo Onofre não faz sentido nenhum porque Serra do Bouro é rural e a outra freguesia é urbana. Por outro lado, a Serra do Bouro não faz limite com Santo Onofre. Não faz sentido passarmos por freguesias para irmos tratar de assuntos. Ao juntar-se deve ser de acordo com as pessoas. A juntar, deveria ser com Salir do Porto, Foz do Arelho e Nadadouro ou mesmo Tornada”, argumentou Moisés Santos. “Eu só quero perguntar ao presidente da câmara se ele acha algum jeito isto em termos geográficos. Se há necessidade em termos económicos ao unirmo-nos a outra freguesia, então que façam uma coisa mais bonita em termos geográficos”, contestou Joaquim Baltazar. “Não há razão de ser, ao estarmos a passar por cima do outros, para irmos à junta de freguesia. Temos aqui população suficiente no mesmo território que podia ser unida. Salir, Serra, Foz e Nadadouro ficavam bem todas juntas. Eu não me importava de ir daqui para o Nadadouro, mas ir para as Caldas e passar por cima de terrenos de outros, não acho certo”, referiu João Valongo. No Coto as opiniões dividem-se porque uns pretendiam unir-se a Salir de Matos e outros gostavam mais de ir para a cidade. “Eu acho mal porque nós tínhamos Salir de Matos ali ao pé e agora temos de ir para as Caldas. Por minha vontade não é uma boa ideia. Preferia juntar com outra freguesia do que com a cidade”, disse António Coito. “Acho bem que vá para as Caldas do que ir para onde eles queriam, que era Salir de Matos. Se nós precisamos de alguma coisa temos de ir às Caldas e assim fazemos tudo. Ir para Salir de Matos era só para gastar dinheiro em transporte. Sinto-me satisfeita com esta proposta”, afirmou Alda Santos. “O Coto já é uma freguesia bastante grande para se juntar com Nossa Senhora do Pópulo. O Coto é que vai perder. Aqui as pessoas não têm maneira de se deslocar para as Caldas e vão perder. A população foi consultada, mas não fizeram nada em prol daquilo que a população queria. Nós queríamos que a freguesia continuasse ou fosse para Salir de Matos”, indicou Liliana Moio. Em São Gregório a população está satisfeita com a solução apontada, porque esta mudança poderá ser uma forma de dar vida à aldeia. “O melhor é a gente ficar em Nossa Senhora do Pópulo como decidiram. Há sempre rivalidades entre aldeias e depois como nós já íamos às Caldas fazer tudo, à câmara, agora faz-se tudo a caminho. É uma solução pacífica assim”, defendeu João Serafim. “É uma boa ideia porque já tínhamos de ir para as Caldas tratar de vários assuntos. Foi discutido no salão com a população, onde ouvimos as opiniões e o que o presidente da junta e da câmara disseram, e concordei com a situação”, referiu Cidália Sobreiro. “Acho bem, porque a freguesia de São Gregório não tinha nada. Está morta. Irmos para Nossa Senhora do Pópulo é uma esperança de termos vida. A freguesia de São Gregório tem uma população idosa. Não tem indústria, comércio e agricultura e sozinha não vai a lado nenhum”, considerou Ilídio Nascimento.
Carlos Barroso
0 Comentários