“Tínhamos quatro ventiladores com 13 anos de uso e 15 de idade e que tinham avarias com muita frequência. Desde 2007, venho insistindo junto da administração para a substituição dos ventiladores. Há cerca de um ano a empresa construtora deu estes ventiladores como descontinuados, o que significa que se eles avariam não há peças para os substituir. Urgentemente tínhamos de substituir os ventiladores. Os dois que tirámos de serviço ficam para peças de substituição dos outros dois que mantivemos. No prazo máximo de um ano estes dois terão de ser substituídos”, disse a médica anestesista Dália Saramago, que é responsável pelo bloco do hospital das Caldas. Apesar de anteriormente trabalharem com equipamentos com problemas de avarias, a médica assegurou que nunca houve perigo para os doentes. “Fomos a Peniche buscar o ventilador de lá porque o bloco foi encerrado. Depois, mesmo com as avarias nos ventiladores, nunca houve perigo para os doentes, porque a ventilação pode ser feita de forma manual. Nunca pusemos o doente em risco, mas tivemos cirurgias adiadas por causa de avarias. Agora temos ventiladores novos e temos outra segurança”, afirmou. Carlos Sá, presidente do conselho de administração cessante, explicou que foram gastos cerca de 40 mil euros por cada equipamento e ainda mais 30 mil euros em obras que garantem que não hajam infeções e contaminações na área do bloco operatório. “As obras visaram essencialmente a separação das entradas e das saídas e depois porque havia muitos consumíveis espalhados pelos corredores e dispersos pela área do bloco. Agora arranjaram-se áreas fechadas para os acondicionar e que permite uma disposição mais fácil”, disse, vincando que “aumenta a segurança dos doentes”. Durante a visita ao bloco onde estava um aparelho disponível para ser fotografado, uma vez que o outro já se encontrava em uso, foi percetível por um profissional que existe um problema com o funcionamento do ar condicionado. Dália Saramago disse que esse problema e outros já foram transmitidos à administração, escusando-se de comentar publicamente quais são as carências do serviço. “O conselho de administração sabe quais são as carências e não me compete a mim divulgá-las”, afirmou a médica. Carlos Sá mostrou-se surpreendido com este problema e disse que iria questionar os responsáveis pela área da instalação e equipamentos. Quem não quis evitar o problema foi Joaquim Urbano, que explicou tratar-se de um defeito de fabrico. “Desde início que o ar condicionado nunca funcionou a cem por cento. É óbvio que, com o decorrer dos anos, a capacidade sofra com algum defeito. Na altura da construção talvez tenha sido subdimensionado. É um defeito de fabrico”, explicou Joaquim Urbano. Porém, Dália Saramago não se escusou em comentar que o bloco operatório das Caldas tem capacidade para receber doentes de todo o Oeste e não se mostrou preocupada com a fusão, mas com a forma como está a ser gerido o espaço, uma vez que, segundo ela, está subaproveitado. “Eu acho que este bloco está a ser desperdiçado”, declarou. Sobre as causas, a médica pediu para se perguntar à administração, que também não quis se pronunciar sobre este assunto, levando apenas Carlos Sá a dizer que é culpa de todos – da administração e dos serviços afetos ao bloco. A médica apontou que o bloco tem rentabilidade diária na ordem das 10 a 15 cirurgias diárias em especialidades como cirurgia geral, otorrino, ginecologia e ortopedia e por vezes dermatologia, porque já se perderam oftalmologia e urologia. “Temos quatro salas. Uma está afeta à urgência durante a manhã e à tarde passam a estar duas. As outras salas estão quase sempre a funcionar em cirurgia programada. Uma das salas está também afeta em sistema rotativo para a urgência de obstetrícia. Como existem ainda cirurgia de ambulatório, cirurgias de curta duração, se por acaso acontecerem várias urgências em simultâneo, estamos preparados”, acrescentou Segundo Carlos Sá, esta oferta de equipamentos ao bloco do hospital das Caldas é um enorme esforço, fazendo notar que outros serviços da unidade necessitam também de atenção. “A nível do espaço físico do bloco estamos bem, poderemos é ter necessidade de substituição de equipamentos. Isso tem de ter feito gradualmente, devido ao contexto económico atual. O que foi feito agora é de realçar, até porque a Liga nos ajudou. Agora metade dos quatro ventiladores estão substituídos. Prevemos substituir um no próximo ano ou eventualmente os dois. É um esforço significativo para reequipar o bloco. Isto não é um problema exclusivo do bloco. Há outros serviços que precisam de ser reequipados. A maior parte dos equipamentos no hospital das Caldas tem mais de 13 anos e de uma maneira gradual precisam de ser substituídos”, disse o presidente do conselho de administração. Carlos Sá vincou ainda a importância da Liga de Amigos do Centro Hospitalar. “Temos de fazer um agradecimento público porque é muito bom contar com o seu apoio”, disse. Lisonjeado estavam o médico Joaquim Urbano, presidente da Liga e clínico no hospital das Caldas, e a sua colega voluntária Madalena Paula. “As verbas que dispomos dependem das atividades que realizamos. A venda de Natal, a nossa presença na Expotur, alguns donativos, uma gestão muito apertada e com alguns descontos que são obtidos através de fornecedores do material de ostomia permite termos fundo de maneio e ajudar os doentes na área de influência do hospital das Caldas”, explicou Joaquim Urbano. Apesar da criação do Centro Hospitalar do Oeste, a Liga de Amigos não vai mudar os estatutos devido à nova figura administrativa, até porque não tinha feito quando foi criado o Centro Hospitalar Oeste Norte. “No fundo a Liga está ligada a uma instituição que era o centro hospitalar das Caldas da Rainha, hospital distrital e hospital termal. A nossa Liga obteve o estatuto de utilidade pública e uma mudança da designação não traria mais valias na atividade da Liga. Os hospitais de Torres e de Peniche têm ligas de amigos e funcionam bem porque as pessoas que fazem parte delas identificam-se com uma determinada instituição e população”, explicou. “Com a ajuda que damos ao hospital, mais doentes, com mais segurança podem ser tratados. Nas atividades que vamos prestando, com a distribuição da refeição a meio da manhã e a meio da tarde àqueles que esperam de consultas, na oferta de algumas televisões, com o nosso grupo de animação da pediatria e algum equipamento mais leve e que é fundamental para tratar mais doentes, conseguimos que as pessoas se sintam melhor no hospital durante a sua permanência”, disse. “Os profissionais vão-nos transmitindo alguns pedidos. O último são cadeiras de bebé para o refeitório. Mete um bocado de confusão ter uma mãe com um bebé ao colo com uma mão e dar o biberão com a outra. Detetámos que o refeitório não dispõe de cadeirinhas para bebés e nós vamos proporcionar isso”, adiantou. Na pediatria havia a necessidade de complementar os espaços exteriores com mais sombra durante o verão. A Liga, por sugestão da diretora de serviço e da enfermeira chefe, proporcionou a compra de um toldo. Também comprou uma viatura, comparticipou o custo das análises da água do hospital termal e nos consumíveis para um aparelho que usa agulhas interósseas que administram fármacos.
Carlos Barroso
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