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Ginja de Óbidos premiada abre portas ao mercado internacional

Francisco Gomes

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“Visitar Óbidos sem provar uma ginjinha é como ir ao Vaticano e não ver o Papa”. A expressão, pese embora o exagero da comparação, explica-se pela fama que o licor alcançou, levando ao aparecimento de várias empresas a dedicarem-se à produção. Na aldeia do Sobral da Lagoa, cujas encostas ficam cobertas de branco durante o período de floração das ginjeiras, a empresa Dário Albano Zina Pimpão, criada há 25 anos, foi a pioneira, e viu recentemente o trabalho recompensado com a atribuição da medalha de bronze no reputado certame International Wine and Spirit Competition, em Inglaterra.
Marta Pimpão acredita que o volume de exportações pode aumentar/foto Carlos Barroso

Empresa financeiramente sólida, efetuou elevados investimentos ao longo do tempo no sentido de garantir o cumprimento das exigentes normas de Segurança Alimentar (HACCP) e Higiene e Segurança no Trabalho reclamadas pelo processo, encontrando-se atualmente a implementar o sistema de gestão da qualidade ISO 9001:2008.

Nos anos 30 do século passado Joaquim Pimpão percorria o país a vender ginja, fruto que comprava aos produtores do Sobral da Lagoa. O seu filho, Albano Pimpão seguiu-lhe as pisadas, assim como o seu neto, Dário Pimpão, que acabaria por fundar esta empresa, que tem quatro funcionários, mas na altura da colheita de ginja dá trabalho a cerca de duas dezenas de pessoas.

Marta Pimpão, filha única de Dário Pimpão, 28 anos, licenciada e mestre em biologia, segue-lhe agora os passos, sendo da sua responsabilidade dar continuidade ao negócio da família, continuando a produção da Ginja de Óbidos Oppidum e Licor de Ginja com Chocolate, do qual tem a patente.

“Deixei a investigação na Faculdade de Ciências para abraçar este projeto. Tinha bolsa e trabalho garantido para os próximos anos e ia para doutoramento. Mas o meu pai teve um pequeno acidente de mota e decidi que nada mais fazia sentido, porque eu cresci no meio da produção da ginja. Então vim partilhar a gestão da empresa com o meu pai”, recorda Marta Pimpão.

Tendo imprimido uma nova dinâmica à empresa, em menos de dois anos lançou outro produto – os bombons de ginja – e uma nova embalagem, e conduziu o processo de certificação da empresa, que foi aprovado.

O sucesso prosseguiu com o prémio obtido em Inglaterra. “Achei que era uma boa aposta e concorremos. Foi uma boa conquista este reconhecimento. Estou convencida que vamos ganhar mais medalhas em próximos concursos”, afirma, mostrando-se convicta de que “é mais uma garantia para o consumidor que o nosso produto, avaliado no estrangeiro, por um júri qualificado, tem mérito. É quase como uma auditoria externa”.

“Com o prémio abrem-se outras portas. Vamos participar em feiras para profissionais para expor o nosso produto, que ainda é conhecido apenas em Portugal. Mas acredito que o volume de exportação vai aumentar”, manifesta Marta Pimpão. Atualmente quinze por cento da produção é exportada sobretudo para Alemanha e Espanha. Também já foi vendida ginja para Austrália, Israel e Estados Unidos, em formatos que podem ir dos 5 centilitros aos 4,5 litros.

O facto da bebida ser bastante procurada no mercado interno levanta preocupações acerca das imitações que se apresentam como sendo ginja da região de Óbidos. “Nos últimos anos têm aparecido marcas de ginja de Óbidos como se fossem cogumelos. Despertou interesse e contrafação”, aponta Marta Pimpão. Por isso, a empresa mudou o visual da marca e tem feito algumas ações de marketing.

Mas a gerência também recusa industrializar o modo de produção, preferindo manter-se fiel à tradição antiga de confecionar ginja de forma caseira, sem adições artificiais. “Não cairemos na tentação de descurar na qualidade do nosso produto cem por cento natural para tentar abarcar todo o mercado com algo de qualidade duvidosa, porque mais cedo ou mais tarde, provavelmente, o consumidor acabaria por ditar o fim do produto”, declara.

O grande segredo da Oppidum reside em processar os melhores frutos, de forma a obter um licor puro, aromático e de graduação alcoólica equilibrada. Tudo começa na seleção do fruto nos ginjais. Retirado laboriosamente o pedúnculo um a um, já na licoraria, o fruto passa para uma infusão hidro-alcoólica onde se mantém durante meses até atingir o resultado desejado. Qualquer tentativa de acelerar o processo seria desastrosa.

“Temos um produto distinto, com imagem original. Fomos pioneiros na criação da ginja com chocolate, nos bombons de ginja, no conceito de beber a ginja em copo de chocolate – eternizado no slogan “Beba a Ginja e coma o copo”. A crise está aí à porta e não queremos que ela entre. Mas vamos crescer devagar, sem saturar o mercado nem trabalhar com empréstimos, apenas com dinheiro à vista”, afiança.

A empresária garante que vai prosseguir as pesquisas que lhe permita produzir ano após ano a melhor Ginja de Óbidos, e ela própria vai frequentar um novo mestrado em gestão de qualidade e segurança alimentar.

No ano passado foram produzidas 82 mil garrafas de ginja.

Francisco Gomes

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