A quem deve ser dada primazia, ao ovo ou à galinha? A questão é pertinente, se quisermos esclarecer as coisas. Para os criacionistas, a galinha existe por vontade do ser que a criou, à sua imagem e semelhança. Um quase clone. Para os evolucionistas, é o ovo de um antepassado galiforme que, por modificação genética, dá origem à espécie evoluída.
Gosto da ideia de que o ovo deve ter primazia, mesmo arriscando não saber, com toda a certeza, que ser dele brotará em concreto. Um dinossauro não será, certamente. Também me agrada a ideia do cruzamento com um galo das redondezas, melhorando a espécie. Ou mesmo de uma robusta Arca de Noé, desde que não triunfem os porcos. Quanto à galinha, essa já tem o material genético-memético bem definido, conhece-se bem o seu criador e nada de realmente novo se poderá esperar dela. É, até, simpática e canta bem, mas, para conquistar a preferência da quinta, teria de ter já posto um ovo que se visse.
Claro que não fica esclarecido o problema de fundo, que é o de saber quem foi o primeiro criador e responsável por tudo isto. Mas, para quê perder tempo a tentar resolver o paradoxo (da regressão ao infinito) se, para os donos do presente, nós nem sequer existimos? Entre um futuro que ainda não veio e um passado que já foi, tudo se reduz a um nano-momento, em que se terá de escolher entre uns frescos ovos estrelados e um requentado churrasco de galinha. Vou nos ovos.
José Rafael Nascimento
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