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Incertezas sobre o futuro da Linha do Oeste

Carlos Barroso

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A Comissão para a Defesa da Linha do Oeste (CpDLO) vai pedir uma reunião ao novo presidente da CP e ao secretário de estado dos Transportes sobre o eventual encerramento da linha do Oeste.
Tem circulado informação contraditória sobre a Linha do Oeste/foto Carlos Barroso

“Obtivemos a informação por parte do sindicato dos trabalhadores do setor ferroviário, que também ficaram surpreendidos no dia 4 de setembro de manhã, de que estavam a existir alterações nas escalas de serviço e que corria a informação que a partir do dia 15 de setembro eram suprimidos os comboios na linha do Oeste, no troço entre Caldas e Figueira da Foz. A informação foi feita de forma verbal e depois os trabalhadores contactaram o sindicato, que tentou confirmar isto junto do conselho de administração e o mesmo fechou-se em copas. Não adiantou nada”, disse Rui Raposo, porta voz da CpDLO. “A comissão manifesta o seu maior repúdio pela concretização desta medida e apela à população dos concelhos abrangidos pelo troço da linha afetado para que, pelas mais variadas formas, protestem contra a decisão tomada e a sua concretização”, desafiou o porta voz. O sindicato e a CpDLO fizeram uma nota à comunicação social manifestando a sua “preocupação pela concretização da medida que está tomada desde o final do ano passado por parte do governo”, mas o conselho de administração saiu com uma nota a desmentir, dizendo que a partir do dia 15 não há supressão de comboios no troço norte das Caldas da Rainha. “Não adiantam mais nada, o que é curioso. Deveriam descansar os trabalhadores, os utentes, os autarcas esta comissão, explicando a razão pela qual, não tendo intenção de suprimir comboios a partir do dia 15 de setembro, está, através da greve dos maquinistas, a retirar maquinistas da linha do Oeste e a colocá-los na linha do Norte, nos comboios que eles entendem salvaguardar comercialmente. Isto tem consequências desastrosas para a linha do Oeste, porque a supressão de um comboio na linha de Cascais, Sintra ou Azambuja significa um impacto de dez a vinte minutos na tomada de um outro comboio, mas na linha do Oeste significa não ter qualquer comboio durante todo o dia e em ambos os sentidos”. “Isto é uma forma encapotada de concretizar a medida que o governo estabeleceu, que é suprimir os comboios na linha toda. Estas medidas contribuem dia para dia para que haja cada vez menos pessoas a andarem de comboio na linha do Oeste, dando razão para suprimir os comboios a norte das Caldas e de futuro em todo o troço”, disse Rui Raposo. O porta voz vai pedir uma reunião ao novo conselho de administração, porque “temos informação de um passageiro na estação de Meleças, que a partir do dia 17 de setembro não há comboios para a Figueira. Os funcionários da CP já informam os passageiros desta situação. Há aqui qualquer coisa que o conselho de administração não quer assumir”. “Vamos também pedir uma reunião ao secretário de estado dos transportes, porque o governo ainda não deu resposta ao relatório, conclusões e propostas apresentada pelo engenheiro Nelson Oliveira. Queremos saber se estão ou não de acordo com as sugestões sugeridas e se as pensam adotar, no sentido de viabilizar a linha, ou simplesmente, fecham os olhos e a decisão é para concretizar”. O porta voz da CpDLO considera ter necessidade de “esclarecer a população face a este contraditório de informações. Tendo em conta a mudança do presidente do conselho de administração, vamos pedir uma reunião a este novo presidente da CP. Queremos procurar esclarecer se a CP tem algum mandato do governo no sentido de concretizar o encerramento da linha que está decidida no plano estratégico de transportes e em segundo lugar vamos levar um dossier com um conjunto de problemas que afetam os utentes da linha, relacionados com os horários, à falta de comodidade de infraestruturas, a ausência de segurança de passageiros porque os edifícios estão encerrados, a falta de informação atualizada, porque recentemente uma família de quatro pessoas esteve à espera de um comboio que não apareceu na estação de Óbidos”. “Os utentes ocasionais, turistas, não podem ficar com uma imagem destas do país e da região e os trabalhadores que precisam do comboio não podem faltar devido ao mau serviço que lhes é prestado no transporte ferroviário”, disse. Segundo a comissão de utentes, de acordo com o último levantamento efetuado por cada composição existe uma média de 50 passageiros, logo “a linha é viável e só não é mais devido à falta de investimento por parte da empresa na linha e no número de comboios”, aproveitando a rodoviária para dar outras ofertas, até com bilhetes mais baratos. “Este tipo de situações está a atirar claramente os utentes da CP para os transportes rodoviários de passageiros. Antes era de Caldas para Lisboa, mas agora é de Caldas para Leiria, com os passes mais baratos do que a CP. Estão claramente a competir para cativarem passageiros”, afirmou Rui Raposo. Em comunicado, a FECTRANS, sindicato ferroviário, sustenta que a medida se insere “num objetivo de redução da componente social do caminho de ferro, com vista a criar as melhores condições para a sua privatização, conforme objetivo expresso no Plano Estratégico de Transportes” e só ainda não terá sido concretizada “devido às ações de trabalhadores, utentes, autarquias e forças vivas da região”. Contactada pela Lusa, fonte da CP afirmou “desconhecer em absoluto” as afirmações constantes no comunicado da federação e ser “falso que esteja prevista por esta empresa qualquer alteração à oferta na linha do Oeste para dia 15 de setembro, não tendo neste momento data prevista para nenhuma alteração”. Quem também não parece muito preocupado com o comunicado da CpDLO e do sindicato é o presidente da câmara das Caldas, que depois de se informar garantiu que tudo não passa de uma falsa notícia. “Fui informado, de fonte oficial, através de um senhor deputado que se informou junto do governo e junto da CP, que me garantiu que a notícia não é verdadeira. Não tem fundamento porque a própria CP já terá desmentido”, disse.

Carlos Barroso

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