Em Vidais o fogo começou às 13h30 do passado sábado, numa zona de mato. Chegou a ser considerado controlado, mas uma alteração da direção do vento piorou a situação e obrigou à tomada de medidas de precaução. Três habitações com idosos foram evacuadas e a EN 114 próximo do cruzamento para Alvorninha fechada ao trânsito.
De acordo com dados da Proteção Civil, o fogo foi combatido por 126 bombeiros apoiados por 31 veículos operacionais. O posto de comando, sob a responsabilidade do comandante dos bombeiros das Caldas, José António, foi centralizado em Vidais. Ao princípio da noite o fogo estava dominado.
Nesse dia, o incêndio que mais meios mobilizou – 275 bombeiros e 73 viaturas de várias corporações dos distritos de Leiria e Lisboa, e três meios aéreos – deflagrou em Olho Marinho, Óbidos. Em Cezaredas, o principal objetivo dos bombeiros foi proteger as casas mais próximas da zona de mato. Algumas culturas e explorações de pecuária foram atingidas. Uma idosa foi retirada da habitação em cadeira de rodas.
O fogo começou pelas 14h20 e o combate às chamas foi dificultado pela falta de condições de acesso de meios terrestres a algumas zonas do Planalto das Cesaredas, onde havia muita pedra e mato, reconheceu Sérgio Gomes, comandante dos bombeiros de Óbidos.
O vento empurrava as chamas em direção das localidades de Moledo e Pêna Seca, no concelho da Lourinhã. Os bombeiros posicionaram-se estrategicamente para a proteção de alguns casais, mas nem habitações nem pessoas chegaram a estar em risco.
Os meios aéreos que combatiam o incêndio foram desmobilizados ao final da tarde e os bombeiros previam uma noite de combate às chamas difícil. Contudo, após a meia-noite, o fogo foi dominado.
“O inferno voltou”
“Foi um pandemónio, mas se não morri desta vez, não morro tão cedo”, desabafava no domingo Amélia Monteiro, de 68 anos, à porta da sua casa, em Estorninho, Bombarral, onde um incêndio em mato chegou a colocar em risco várias habitações, levando alguns residentes a colaborar com os bombeiros no combate às chamas, que acabaram por provocar um ferido, um bombeiro que inalou fumos e teve de ser hospitalizado.
“Andei com mangueiras a apagar à volta de uma casa e despejei um poço com água para rega. Andei também a roçar no combro com uma enxada para o fogo não passar. Esteve a um metro da minha casa, mas havia um corte, porque o terreno estava amanhado e não ardeu”, relatou Batista Monteiro, de 73 anos.
Severina Silva, de 80 anos, confessou que “apanhámos um grande susto”. “Foi um fogo muito grande, mas na minha casa só houve fagulhas”, indicou.
João Paulo, adjunto de comando da corporação de bombeiros do Bombarral, confirmou que “algumas casas estiveram em risco, mas a atuação no terreno permitiu evitar que o fogo chegasse às residências”.
Foi enquanto combatia as chamas que Ricardo Gomes, de 27 anos, bombeiro de primeira classe da corporação do Bombarral, “sentiu mal-estar súbito, por inalação de fumos”, e foi transportado para o hospital das Caldas da Rainha e de seguida para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
O alerta para o incêndio foi dado às 13h57 e nas localidades de Barreiras e Estorninho estiveram 137 bombeiros e 36 veículos, apoiado por um helicóptero. As chamas chegaram até ao Vale da Palha, no concelho do Cadaval, mas ao final da tarde o incêndio entrava em fase de rescaldo.
Para uma zona florestal em Casais do Rio, Vau, no concelho de Óbidos, às 12h30 foram mobilizados 131 bombeiros, 29 veículos e dois helicópteros, tendo o fogo sido extinto.
“O inferno voltou”, comentava um popular no Olho Marinho, onde o incêndio que tinha devastado na véspera cerca de 500 hectares de vegetação no Planalto das Cezaredas, em zona de mato e eucalipto, reacendeu-se às 13h17, tendo sido dominado quatro horas depois, não chegando a colocar em risco as habitações mais próximas, revelou o responsável pelas operações de socorro, Carlos Pereira, comandante dos bombeiros da Lourinhã.
Francisco Gomes
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