Depois de umas breves palavras pelo presidente do HCT, Tiago Guerra, e um minuto de silêncio pelos falecidos, passou-se ao tão esperado jogo.
Foi bonito de se ver, septuagenários a jogar hóquei em patins. Vicissitudes da vida desfalcaram ambas as equipas, pelo que houve que condescender com algumas adaptações de recurso.
A equipa de Alcobaça foi a mais dizimada. Dirigida em 1962 por Afonso Pimentel, viu já falecer o seu dirigente, e com ele três dos jogadores – Zéquita, Canha e Agostinho Taborda – pelo que só os restantes três responderam à chamada – António Pimentel (o guarda-redes), Fanã e José Manuel Duarte. Apenas este último se revelou pronto para a liça.
Houve necessidadede de completar a equipa, tendo sido chamados os amigos de Rio Maior: Castelhano (guarda-redes), Sequeira, Gentil e Lestro, que com a ajuda de alguns turquelenses disfarçados, completaram o misto Alcobaça-Rio Maior.
Mais fácil foi a constituição da equipa de Turquel. Em 1962 os turquelenses estavam já divididos em dois grupos, os “maiores”, entre os 15 e os 20 anos, e os “menores”, os irmãos mais novos dalguns deles, com idades entre os 10 e os 13.
Foram, aliás, os “menores” a inaugurar o ringue, vencendo por 1-0 os seus congéneres de Alcobaça. Depois, os “maiores” perderam com os experientes alcobacenses por 7-3.
Desta vez, e porque os “menores”, já sexagenários, estão suficientemente crescidos para se juntarem aos “maiores”, foram fundidas as duas equipas.
Dos pioneiros, apenas os guarda-redes (Luis Roxo e Joaquim P Guerra, falecidos) e José Mateus e Venâncio Ribeiro por impedimento, não compareceram.
Luís Ribeiro, o grande manobrador que abriu secretarias e gabinetes preparando a génese do clube, equipou-se, mas não se atreveu a calçar os patins, o mesmo fazendo António Roxo, um “menor” recém-saído de melindrosa intervenção cirúrgica.
Avelino Sousa Lopes ainda deu umas voltas, mas, não descobrindo onde ficam os travões destes patins modernos, descalçou-os e dedicou-se à arbitragem, com alívio da esposa, segura de o levar inteiro para casa, e a desconfiança dos forasteiros, adivinhando uma arbitragem caseira.
Com um miúdo na casa dos cinquenta na baliza (Luís Paulino, o “herdeiro” de Luís Roxo como guarda-redes) o Turquel alinhou com Martinho Ribeiro, Adelino Roxo, Manuel Guerra e Viriato Oliveira.
Apesar do ritmo vivíssimo que imprimiram à partida (e da ajuda dos “menores” António Guerra e Fernando Sousa Lopes, e outros ainda menores) não foi desta que se consumou a desforra, acabando o jogo empatado 2-2.
Depois de desistir da ideia de protestar o jogo (o misto usou um jogador “francês”, expressamente vindo da Bretanha, que, pelo nome, Avelino Rosa, os registos dizem ter sido jogador…do Turquel, e que marcou o golo do dia), ficou já marcada nova desforra para as bodas de ouro do clube, em 26 de agosto de 2037.
A festa continuou com a exibição do grupo musical Forecast de Alcobaça, que enfrentando as adversas condições acústicas do pavilhão mostrou todo o talento e potencial dos seus jovens elementos, e com sete pares da secção de Dança Desportiva do HCT, que, cobrindo todas as camadas etárias, confirmaram que não foi só no hóquei em patins que o HCT se tornou uma referência nacional.
Como é de bom tom, tudo acabou num animado jantar, onde os hoquistas se inspiraram nos filmes e imagens projetados em fundo, para recordar as divertidas histórias cinquentenárias, que os ajudaram a explicar aos netos que o desporto e a amizade continuam a valer a pena.
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