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Criação de 100 novos postos de trabalho em Peniche

Carlos Barroso

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Vão ser criados cerca de uma centena de postos de trabalho brevemente em Peniche, no âmbito da assinatura de um protocolo entre uma empresa da industria conserveira, a doca pesca e a autarquia.
António José Correia assinou contrato com a Docapesca sob o olhar da ESIP/foto Carlos Barroso

A fábrica de conservas ESIP (European Seafood Investments Portugal) de Peniche, a maior do país, anunciou que vai criar até 2015 uma centena de postos de trabalho, após a ampliação das suas instalações concretizada através da cedência de um imóvel da Docapesca. A diversidade de produtos fabricados tem vindo a aumentar a rentabilidade da indústria, o que se tem traduzido no aumento da faturação e na criação de novos postos de trabalho, que passaram de 200 em 2007 para 400 este ano, além dos temporários, que oscilam entre os 100 e os 400. Nesta altura do ano, a fábrica chega a ter 800 trabalhadores. “Atualmente possuímos 400 trabalhadores no quadro e com este projeto pretendemos aumentar esse efetivo para mais cem. Porém nós damos trabalho, sazonal e temporário a mais de 400 pessoas”, disse Ricardo Luzio, administrador da ESIP. “Processamos cerca de dez a doze mil toneladas de sardinha atualmente. Este entreposto não vai alterar a capacidade de transformação, mas antes altera as condições de congelação e capacidade de armazenamento. A ESIP processa também um volume muito importante de sarda, na ordem das 12 mil toneladas e mil toneladas de cavala. O entreposto vem trazer maior capacidade de armazenagem e de congelação. Este investimento reduz custos operacionais, porque permite armazenar duas mil toneladas de pescado”, explicou. As obras de adaptação do entreposto vão custar cerca de 1,3 milhões de euros em obras de adaptação do espaço e de melhoria ambiental, com a ampliação da estação de tratamento de águas residuais e da implementação de sistema de tratamento de odores provocados, reduzindo os impactos negativos provocados, nomeadamente maus cheiros detetados à entrada da cidade. “O tratamento de odores e de afluentes é a nossa prioridade. Vamos fazer uma segunda fase, porque a empresa já implementou um sistema de tratamento biológico há dois anos e agora vamos fazer a ampliação e a cobertura integral do sistema e do tratamento de odores. Essa é a primeira prioridade e vai ser concluída até dezembro. Esta obra vai eliminar o cheiro característico da entrada de Peniche”, disse Ricardo Luzio. O acordo prevê que, por ano, sejam investidos 500 mil euros na fábrica, além da renda anual de 15 mil euros pagos à Docapesca. Numa segunda fase vai ser remodelado o entreposto, porque o equipamento não tem controlo veterinário, porque o perdeu. “Vamos fazer um investimento necessário para ser readquirido o número de controle veterinário. Vamos criar condições higiene e sanitárias para termos esse serviço, mas antes ainda temos de verificar a listagem para saber quais foram as razões que levaram à perda o número de controle. Teremos de retificar tudo o que levou à perda”, explicou. A sardinha que é descarregada em Peniche não chega para a empresa e como tal esta fornece-se em todos os portos de pesca nacionais, mas também em Marrocos. “Há muitos anos que a sardinha que se descarrega em Peniche não é suficiente para as necessidades da fábrica. Este acordo é para diversificar e para não estarmos dependentes da atividade da sardinha. As capturas estão em dificuldade no país. A fábrica está a diversificar e precisa de diversificar mais. O que se pesca em Peniche e na costa há muitos anos que não é suficiente. Para ter uma noção no ano passado pescaram-se 55 mil toneladas de sardinha no país. A maioria não é de Peniche. É claro que quanto mais próximo estiver essa descarga melhor, mas não poderemos ter essa ilusão”, disse. Com estes investimentos, Ricardo Luzio disse ainda que a eventual “deslocalização da fábrica para fora de Peniche fica minimizada”, tendo em conta que o setor se tem vindo a deparar com a redução das capturas da sardinha e, por isso, com a escassez pontual da matéria-prima para conservas deste pescado, que representam metade do seu volume de negócios. A ESIP, atualmente detida por capitais tailandeses do maior grupo mundial conserveiro, fechou o ano passado com um volume de negócios de 60 milhões de euros e deverá faturar este ano mais 10 milhões de euros. Este protocolo entre a docapesca e a ESIP, é para José Apolinário director da docapesca, o criar de condições “para pôr a funcionar o entreposto que estava em suspenso. Este é o desafio desta parceria com a ESIP”, disse. Na cerimónia, presidida pelo secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu, o presidente da câmara, António José Correia (CDU), sublinhou a importância do acordo, ao melhorar a empregabilidade, numa altura em que a taxa de desemprego no concelho duplicou por comparação a 2005. “O porto de Peniche também irá sentir um aumento no seu movimento de pescado resultante da entrada em funcionamento do protocolo e do acordo subsequente. Em termos sociais, a ESIP, é a principal empresa empregadora do concelho e compromete-se reforçar em 100, até 2015, o número de trabalhadores efetivos do seu quadro de pessoal, para além de prever o aumento das necessidades de RH para os próximos anos”, disse o presidente da autarquia. “A satisfação da câmara Municipal justifica-se também pelos grandes contributos que estes acordos irão trazer para o concelho de Peniche, em termos económicos, sociais e ambientais para um horizonte temporal de 20 anos”, disse António José Correia. Esta solução mereceu, da Câmara Municipal, os votos favoráveis da CDU e do PS e a abstenção dos vereadores do PSD. O secretário de estado dos assuntos do mar, Manuel Pinto Abreu sublinhou o facto de o protocolo ter sido conseguido em tempo record onde as divergências se tornaram em promessas de futuro. “Nunca vi um protocolo onde houvesse tanto diferendo e desse tanta promessa de futuro. Isto para mim é grato”, disse o governante sobre a assinatura do protocolo entre a câmara e a docapesca, mas que a administração central, apesar de haver um compromisso de vinte anos entre aquelas duas entidades diz que apenas se podem fazer acordos para cinquenta anos”, disse o governante.

“Tínhamos que arranjar uma solução porque o ativo estava-se a degradar, tínhamos uma situação de uma empresa fundamental não só para Peniche como para o país e que estava a ser assediada para fora de Portugal. Travamos a sua saída e mantivemos a empresa em Peniche. O acordo em diferendo é algo que saúdo”, acrescentou. Por último o titular da pasta dos assuntos do mar lembrou que o sector está a garantir maiores proveitos e o caso da ESIP é um bom exemplo. “Estamos numa situação com dificuldades e temos estes resultados então devemos olhar com otimismo para o futuro e garantir todas as condições para que haja o justo valor num produto fundamental para Portugal, é um ex libris do mar e que é o nosso peixe”, disse.

Carlos Barroso

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