A comunicação social ficou à porta na assembleia geral que elegeu com 13 votos a favor e um em branco a única lista concorrente liderada por João Frade, que justificou a privacidade para que a presença de um jornalista na sala não inibisse os quatro comerciantes que não faziam parte da lista, de exporem as suas ideias. “Todas as nossas assembleias são fechadas. Esta não é diferente das outras. E para não haver aqui pessoas que se sentissem constrangidas por estar aqui a comunicação social e que eventualmente não fizessem as suas intervenções ou comentários por ficar registado e vir em todos os jornais o que estavam a dizer, não queremos. Todas as assembleias são à porta fechada e esta não é diferente”, explicou. Esta assembleia de eleição foi comunicada a todos os associados através de carta registada, como manda os estatutos, mas mesmo assim apesar das 600 missivas, apenas 14 nomes compareceram, entre os quais apenas dez dos órgãos sociais, quando a lista completa contempla 15 nomes. “As eleições são convocadas como os estatutos obrigam que sejam, carta registada para todos os associados. Se poderíamos usar as colunas dos jornais, a mesma não é utilizada há anos e isso não iria trazer mais pessoas a votarem. Todas as pessoas receberam uma carta registada da ACCCRO, como obrigam os estatutos. Hoje apareceu um número idêntico ao que tem aparecido nos últimos trinta anos, entre dez a vinte e poucos associados. Sabendo que apenas há uma lista a concorrer, sabendo que não há problemas, não há guerras, é normal ser assim. Se for para destituir uma direção aparecem 30 ou 40 no máximo, mas quando as coisas correm bem, é normal ser este número”, referiu João Frade. O que se passou entre portas e como está a ACCCRO não chegará assim à população. A presença da comunicação social poderia transmitir ao consumidores quais as próximas ações e quais as ideias e dificuldades dos comerciantes. Foram eleitos Francisco Vogado, da empresa Vogal, como presidente da mesa da assembleia geral. O seu vice presidente é Valter Fialho, da empresa Fialho e Miranda, o secretário José Gouveia Moniz, em representação própria, e o suplente Fernando Antunes, também em representação própria. O conselho fiscal é agora liderado por Orlando Flores, da empresa A. Flores, o relator Alberto Soares da Bernarda, da empresa Carvalho e Irmãos, que detém a mercearia Pena e a Pérola da Sorte, o vogal Carlos Figueiredo Monteiro, da empresa com o mesmo nome. Na direção, João Frade ocupa o lugar de presidente, representando a empresa com o mesmo nome na área da ourivesaria, e o vice presidente é Pedro Carvalho, da empresa A. Roque. O outro vice presidente é João de Carvalho, da empresa Carlos Carvalho, o tesoureiro é Bryan Ferreira, da empresa Pavicaldas, e o secretário é Luís Rebelo, em representação própria. A reeleição de João Frade acontece depois de alguns comerciantes terem criticado a sua atuação na animação da cidade e junto da autarquia, que o dirigente não quer comentar, mas também é certo que nenhum surgiu para contrapor a gestão. “Essa situação, talvez um dia possa falar, porque algumas pessoas comentam isso. Eu falei com os representantes, falei com pessoas, é o diz que disse. Quem solicitou a informação, procurámos esclarecer e estamos aqui para trabalhar. Quanto a outras politiquices, não quero falar, porque sei o que aconteceu e se for necessário no futuro falarei”, disse. Quanto aos principais objetivos que o levaram a mais um mandato de três anos à frente da ACCCRO, João Frade diz que pretende desenvolver o trabalho que “desenvolvemos nos últimos anos, melhorando a situação financeira. Conseguimos arranjar um grupo de trabalho que veio sem qualquer vencimento trabalhar e resolver a situação da associação. Conseguimos resolver e agora pretendemos continuar esse trabalho. Este é o nosso principal motivo ao continuarmos. O segundo objetivo é ajudar os comerciantes a ultrapassarem esta grave crise económica. Ajudá-los na realidade local e que os nossos associados consigam ultrapassar estas dificuldades”. Para atingir esses dois objetivos o presidente dos comerciantes pretende que os associados o ajudem. “Estamos aqui para ajudar, mas também precisamos de ajuda, da iniciativa, do trabalho e da vontade deles. Não devemos desanimar, porque só todos os comerciantes unidos é que podem vencer as dificuldades. Só unidos é que podemos ter força para defender e reivindicar, junto das entidades oficiais, a resolução dos problemas e dificuldades”, disse. Uma das principais críticas recentes a João Frade tem sido a campanha de limpeza de grafitis, que ele próprio recusa que tenha sido um fracasso ou que tenha ficado a meio, atribuindo o menor sentido de concretização para a falta de verba que a autarquia disse que disponibilizava e não o fez e que serviria para continuar a limpeza das paredes da cidade. “Os projetos não estão a meio. Se formos só nós a limpar paredes, nem daqui a cem anos tínhamos a cidade limpa. O nosso objetivo para esta ação foi chamar a atenção para esse problema. Cada um limpava o seu próprio espaço e nós distribuímos equipamento para isso, pelos representantes das ruas. Nós próprios mostrámos um bocadinho como se faz e como se pode fazer. Nunca foi nosso objetivo limparmos tudo sozinhos. Isso é impossível. Quisemos sensibilizar quem faz, para não o fazer, porque a consequência desse ato transforma a cidade mais feia e menos atrativa”. “Espero que a câmara cumpra com os apoios financeiros que ela prometeu, cerca de 1500 euros. Estão pedidos e aguardamos que seja feito o reembolso desses custos para nós desenvolvermos outra fase do projeto que passa pela pintura de outras paredes e que são importantes”, indicou. O presidente da ACCCRO é de opinião que a autarquia também não tem muito interesse em que a cidade esteja limpa uma vez que os grafitis em volta do edifício da Câmara continuam, mesmo depois do próprio presidente da autarquia ter participado na iniciativa. “Realmente não augura que a câmara esteja rapidamente a tomar medidas nesse sentido. Eu gostava que a Câmara fosse mais interventiva nesta área. Gostaria que não deixássemos que esta situação chegasse a este ponto. Espero que a Câmara agora cumpra o seu papel e que ajude a ultrapassar este problema que torna a cidade menos agradável”, sublinhou. Outra das pedras no sapato de João Frade e que motivou alguma contestação foi a animação da regeneração urbana, numa troca de argumentos entre o presidente da ACCCRO e o vereador Hugo Oliveira. Segundo o presidente dos comerciantes, o projeto de animação da ACCCRO integrado na regeneração urbana, está neste momento a ser reavaliado porque as obras estão atrasadas. “A animação anda muito pela recalendarização que é necessário fazer-se. O projeto era para estar concluído em maio de 2012. Em maio deste ano a câmara não tinha uma rua completa e já nós estaríamos a acabar o projeto de animação. Não era esse o objetivo inicial, porque deveria de ser feita a animação ao mesmo nível da conclusão das ruas. Isso não sucedeu e quando o projeto deveria estar concluído, em maio deste ano, ainda a câmara não tinha uma rua concluída. Aguardamos pelo Mais Centro, porque não iremos fazer animação sem termos a certeza que o dinheiro que investimos é reembolsado. Estamos a falar em cerca de 20 mil euros”. O projeto para as ruas da cidade contempla pequenos apontamentos de animação à medida que as artérias são requalificadas. O largo João de Deus, o largo da Copa, a rua Sebastião Lima estão concluídas e ainda não receberam qualquer iniciativa porque a ACCCRO não pretende gastar dinheiro sem ter a certeza que os fundos comunitários os devolvem, num ato que certamente poderá ser esquecido uma vez que o governo está a desafetar verbas da regeneração para o desemprego e formação. “A animação depende do nosso pedido de recalendarização. Sabemos que os projetos estão a ser reavaliados, com o governo a cortar as verbas da regeneração para os atribuir a desempregados e a empresas. Nós só vamos fazer animação, tendo a certeza que somos reembolsados. Eu não quero deixar a ACCCRO numa situação económica que possa ser complicada. A rua Sebastião de Lima foi reaberta, e eu gostava de fazer animação, mas não a vou fazer para não deixar a associação com problemas financeiros, isso não vou fazer”, frisou. Já sobre os atrasos e sobre eventuais protagonismos políticos em torno das obras de regeneração urbana, João Frade prefere manter o silêncio, optando por mais celeridade na conclusão das requalificações. “Sobre essa questão, não quero fazer comentários. O que a associação pretende é que as obras sejam rápidas e tenham qualidade. Espero que a câmara arranje uma solução para que as obras possam fluir de forma rápida. Esse é o nosso objetivo e não pretendo alimentar polémicas porque isso poderia dar azo a uma interpretação que eu não quero fazer neste momento”, disse.
Carlos Barroso
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