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Documentário sobre Ferreira da Silva revela paixão pela arte

Francisco Gomes

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“Quanto mais apaixonado, mais produzo. O meu trabalho surge de outra maneira. Se não tiver essa paixão, não produzo”. Palavras de Ferreira da Silva no documentário "Em Teu Corpo Meu Corpo”, sobre a sua vida, realizado pelo cineasta caldense Miguel Costa e exibido no passado domingo no Centro Cultural e de Congressos (CCC) das Caldas da Rainha.
Imagem de Ferreira da Silva no documentário

Imagens do artista a trabalhar, entrevistas e afirmações de Ferreira da Silva sobre temas como o amor, a criação artística e deus, a função do artista na sociedade, o feminino e declarações acerca de algumas das suas obras mais recentes integram os 65 minutos deste projeto documental, filmado em alta definição, com o apoio da Câmara das Caldas

Júlio Pomar, Santa Bárbara, João Serra, Edgardo Xavier, António Cardoso. Octávio Félix, José Luís de Almeida, Carlos Mota, Jaime Costa, Mário Gonçalves, José Carlos Nogueira e Fernando Costa dão o seu testemunho sobre uma das maiores referências da cerâmica portuguesa dos séculos XX e XXI. Existe também recurso a fotografias do arquivo de João Serra, José Antunes, Margarida Araújo e Pinto Ribeiro.

“Ferreira da Silva tem impulsos criativos como pouca gente, é acima de tudo um sonhador”, afirma Carlos Mota, diretor do CCC.

Jaime Costa, diretor do JORNAL DAS CALDAS, refere-se Ferreira da Silva como “o artista”. “Quem tem o prazer de conhecer as obras do mestre Ferreira da Silva jamais as esquecerá”, sublinha.

“O Município das Caldas reconhece nele um dos seus maiores criadores artísticos, juntamente com António Duarte, João Fragoso, Bordalo Pinheiro e Malhoa. É um dos grandes expoentes desta terra”, indica o presidente da Câmara, Fernando Costa.

“É um indivíduo que trabalha muito. Com a idade que tem, não desistiu. Faz a diferença hoje em dia, quando todos querem reformas”, destaca o amigo José Carlos Nogueira.

Artista plástico nascido no Porto em 1928, Ferreira da Silva tem um extenso e completo percurso multidisciplinar nas áreas da cerâmica, pintura, escultura, desenho, gravura e vitral.

Tendo como principais características a grande originalidade, criatividade e experimentalismo, destaca-se o trabalho em cerâmica com diferentes dimensões e escalas. Desde as peças cerâmicas de formas e vidrados inovadores, que marcaram a cerâmica dos anos 60 e 70 em Portugal, e que tiveram um enorme êxito pelo mundo fora, tendo inclusive diversas mostras de enorme sucesso na 5ª Avenida em Nova Iorque, até ao seu período mais recente, caracterizado principalmente pela criação de obras de arte em cerâmica de dimensões monumentais, chegando mesmo a ultrapassar a dezena de metros de altura e ocupando espaços públicos em Lisboa, Coimbra, Caldas da Rainha, Leiria, Pombal, Reguengos de Monsaraz, entre outros.

Ferreira da Silva dirigiu o estúdio Secla, onde trabalhou e privou com artistas e figuras de renome internacional como Júlio Pomar, Hansi Stael, António Quadros, Santa Bárbara, Alice Vieira, Querubim Lapa, Luís Pacheco, Almeida Monteiro, António Cardoso, entre outros.

Ganhou o prémio nacional de escultura com a obra “O grito” na sequência de diversas exposições na Sociedade Nacional de Belas Artes e na Gulbenkian.

Em 1967 ganhou uma bolsa da Gulbenkian e foi para Paris, em reconhecimento do seu papel na arte portuguesa. Foi diretor artístico da Ceramex, esteve ligado à Molde e à constituição do centro de formação profissional para a indústria cerâmica, onde tem sido formador.

“Todos os dias trabalho”, declarou ao JORNAL DAS CALDAS Ferreira da Silva, que deu os parabéns ao cineasta Miguel Costa, por considerar que o documentário “está excecional”. Gostou da sala cheia e reconheceu que “nunca pensei que estivesse aqui tanta gente”.

“Foi fantástico descobrir toda a obra de Ferreira da Silva. Estamos a traduzir o filme para inglês, será legendado, e vamos tentar levá-lo a alguns festivais”, revelou Miguel Costa, que ficou satisfeito com os comentários ouvidos sobre o documentário e com a apreciação de Ferreira da Silva.

Miguel Costa está entretanto a realizar documentários sobre a pianista Olga Prats e o maestro António Vitorino D’Almeida.

Francisco Gomes

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