David Palatino tem 27 anos e é natural do Bairro Senhora da Luz, na paróquia de Santa Maria de Óbidos. A sua infância e juventude foram vividas em Óbidos, onde estudou, andou na catequese e frequentou a vida paroquial, social e cultural da vila. Em 2001 dá mais um passo importante no seu percurso de fé, ao receber o sacramento do Crisma. David leva a sério esta confirmação da parte de Deus e da Igreja, e inicia uma caminhada participativa nas celebrações eucarísticas aos domingos, com integração progressiva na sua paróquia. No ano seguinte, na dedicação do altar da capela do Bairro de Nossa Senhora da Luz, o testemunho do prior e de outros cristãos tocam profundamente o coração do David. Este momento foi importante no amadurecimento da sua fé e na sua abertura à questão vocacional. “A graça de Deus não foi em vão e lá foi aprendendo a responder ao Senhor, como catequista, membro do grupo coral, como acólito e mais tarde como ministro extraordinário da comunhão”, salientou o seminarista João Correia Paulo.
O jovem David sonhava ser guia turístico e viajar pelo país e pelo mundo fora. Para a concretização deste projeto concluiu o bacharelato em Informação Turística, no ramo de Guias-intérpretes nacionais. Entre o ritmo semanal da universidade no Estoril, os fins de semana passados em família e na ajuda ao pároco, a sua mente ia-se estruturando e a inteligência aperfeiçoando, como o comprovam os bons resultados académicos.
Enquanto seminarista, David Palatino teve duas primeiras experiências pastorais concretizadas nas paróquias, de Loures, de Lousa e Santo Estêvão das Galés, e nos restantes dois anos foi animador do Pré-Seminário de Lisboa. O seu interesse pela Teologia, pelo Ecumenismo e o empenho na Liturgia, com participação no canto coral como salmista e mestre escola do coro do Seminário Maior dos Olivais, foram algumas das características do David Palatino apontadas pelo colega seminarista, durante os quatro últimos anos de formação vividos no Seminário Maior dos Olivais.
Ao celebrar a Missa Nova, em pleno centro histórico da vila de Óbidos, diante da Igreja que o viu nascer para a fé, o padre David Palatino deu graças por “este tesouro que é o sacerdócio, pelo dom da resposta generosa de tantos que perpetuam a presença de Cristo entre nós”. “Hoje, como padre, sinto esta obrigação de trazer à memória a fidelidade e o exemplo de milhares de sacerdotes que me antecederam, entre os quais os padres Mário Rui Pedras e Valter Malaquias, filhos desta terra, e, sobretudo, o dom gigantesco que me foi concedido a Deus”, revelou o novo presbítero da Diocese de Lisboa.
No centro do altar, em que se renova o sacrifício de Cristo, e em que se unem a Igreja celeste e a Igreja terrestre, o sacerdote recordou todas as pessoas falecidas que foram para si “sinal do amor misericordioso de Deus”, e que estão com ele espiritualmente unidas quer por laços de consanguinidade, quer pelos laços da amizade e da fé. Para além dos seus familiares, o padre David destacou o cristão João Ramos, homem que tanto deu à vila e ao concelho de Óbidos, “que hoje, no Céu, faz festa com o dom que Deus me concedeu e que na minha vida deu um grande testemunho de fé cristã e entrega a Cristo”.
No preciso local em que tantas vezes se representou o Auto do Descimento da Cruz em Sexta-feira Santa, numa vila que possui uma tradição tão rica a nível de celebrações e manifestações de fé durante a Semana Santa, e após escutar o Evangelho, o padre David Palatino na sua homília sentiu a Palavra a cumprir-se com toda a sua dramaticidade. “Se é verdade que o Evangelho afirma que «um profeta só é desprezado na sua terra», e o que hoje vivemos é a alegria por Deus ter ungido, consagrado e ‘constituído’ mais um profeta desta terra, não posso deixar de constatar a similitude visível entre este dia e a entrada de Jesus em Jerusalém. Porque a palavra de Deus cumpre-se e o ministério que o Senhor confiou àqueles que agem em Seu nome não vive apenas de aplausos e de exaltação, mas também, e sobretudo, de dificuldades e de cruz, que se tornam um fardo leve na união a Cristo”, afirmou o presbítero.
Para o padre David reconhecer as fragilidades é dar espaço para que o Espírito Santo possa agir, porque deve mover na procura da graça, que só Deus pode dar e que “encontro, sobretudo, nos sacramentos”, referiu o novo sacerdote de Óbidos, alegrando-se das suas fraquezas, pois tratam-se da vivência alimentada pela Palavra de Deus, conduzido pelo testemunho dos santos, que “desinstalam e invertem critérios que tinha assumido e absolutizado como os melhores, e que deixam de o ser quando há um verdadeiro encontro com Cristo”.
“Nossa Senhora, Mãe de todos os sacerdotes, nos conduza na fidelidade à vocação que o Senhor nos confia e faça com que o nosso ministério resplandeça verdadeiramente como ‘o amor do Coração de Jesus’, para que o «sim» da ordenação seja semelhante ao «sim» da anunciação, e Cristo se forme em mim da mesma forma com que se gerou no seio de Maria”, concluiu o sacerdote.
O padre David agradeceu todos os que contribuíram para que “este milagre se tornasse realidade”, mencionando instituições e pessoas que o ajudaram nos seus percursos, escolar, familiar, profissional e de fé, destacando dois os sacerdotes que estão na base e na sustentação da sua vocação. O padre José Luís Guerreiro, que pelo seu testemunho foi instrumento de Deus para a minha entrada no seminário, e a quem muito devo por ser como um pai para mim; e o padre Paulo Gerardo, que me acompanhou sempre de forma próxima ao longo destes últimos seis anos de seminário, em quem reconheço como verdadeiro pastor”.
Após a realização da venerável tradição do Beija-mão ao novo sacerdote, na Praça Santa Maria, as centenas de cristãos dos concelhos do Oeste e da zona de Lisboa, concentraram-se no Complexo Escolar dos Arcos para o jantar/convívio, dinamizado pelos membros da Comunidade Inter-Paroquial de Óbidos e Serra d’El Rei, com animação dos respetivos jovens e apoio dos escuteiros do agrupamento 753 de Óbidos.
O padre David Palatino irá futuramente exercer o meu ministério sacerdotal, como pároco nas paróquias de Nossa Senhora dos Prazeres deAldeia Galegada Merceana, Santa Maria Madalena deAldeia Gavinha e São Miguel dePalhacana, do concelho de Alenquer.
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