Sofia Borralho, da Bebé Vida, explicou que a empresa é um banco privado de tecidos e células que criopreserva as células estaminais do sangue do cordão umbilical. A criopreservação é um método de conservação de células estaminais que estão no sangue do cordão umbilical de um bebé. As células estaminais são guardadas a uma temperatura muito baixa, cerca de 196ºC abaixo de zero, de modo a que garanta a sua viabilidade durante muitos anos. As células estaminais são as células mestras do corpo humano. Podem dividir-se para produzir cópias de si mesmo e muitos outros tipos de células. São encontrados em várias partes do corpo humano em cada fase do desenvolvimento do embrião a adulto. As células estaminais retiradas de embriões com poucos dias de idade podem transformar-se em qualquer um dos 300 tipos diferentes de células que compõem o corpo do adulto. Como as células estaminais são tão versáteis, podem potencialmente ser usadas para reparar e substituir os tecidos humanos. Esta capacidade de transformação das células estaminais pode representar tratamento para muitas doenças que afetam milhões de pessoas no mundo. O processo de criopreservação é relativamente simples. O 1º passo é consiste em solicitar o kit de recolha a uma das empresas que disponibilizam o serviço em Portugal. O kit deve preferencialmente ser encomendado com dois meses de antecedência para o caso do bebé nascer mais cedo que o previsto. Na palestra a empresa ofereceu uma sessão de esclarecimento gratuita, onde se falou da criopreservação das células estaminais e das aplicações terapêuticas que hoje em dia já se fazem com este tipo de células. A enfermeira Graça Alves, enfermeira especialista da maternidade das Caldas, falou também sobre a sexualidade na gravidez. Segundo Sofia Borralho, as pessoas estão cada vez mais preocupadas com a preservação das células estaminais: “Os pais colocam-nos dúvidas nas aplicações terapêuticas. Que doenças hoje em dia são tratadas, quais as diferenças entre os bancos privados e o banco público”. A responsável refere ainda que existe um banco público, onde os pais podem doar as células, mas depois perdem o direito às células, mesmo que um dia seja necessário usar para uma terapia. Já no banco privado, que pode ser na Bebé Vida, os pais pagam entre os mil aos 1400 euros para a criopreservação, num prazo contratual de 15, 20 a 25 anos. Os pais podem pagar na totalidade ou através de prestações e até existem campanhas sem juros. Graça Alves, especialista em saúde materna, com mestrado em sexualidade humana, explicou que existe uma grande envolvência porque as senhoras levam os kits. “Nós não temos nenhum kit e vemos muita gente a levar kits de empresas privadas e da empresa pública Lusocor. Pedem-nos e nós colhemos no momento do parto”, disse. Contudo, não são feitas colheitas em todos os partos, algo que a enfermeira gostaria de mudar. “A placenta é para o lixo e se temos um banco público, pelo menos quem não possa fazer doação para uma empresa privada, porque é algo dispendioso para alguns casais, que dessem para o banco público. Nós temos capacidade para recolher e temos sempre tempo para fazer a colheita. Cada casal traz o kit, mas muitos não trazem”, relatou.