De acordo com a defesa de Francisco Leitão – autointitulado Rei Ghob, condenado pela prática de três homicídios e ocultação dos cadáveres – o acórdão deve ser considerado nulo, uma vez que “não apresenta provas” dos crimes de que Leitão é acusado.
A agência Lusa revelou que o advogado de defesa, Fernando Carvalhal, apresentou um recurso no Tribunal da Relação de Lisboa, onde sustenta que não existe “fundamentação para a condenação” de Rei Ghob, além de que a pena é considerada “desajustada”. Por outro lado, o causídico verifica um “erro notório na apreciação da prova”, além de “insuficiência da matéria de facto” que levou à aplicação daquela sentença.
Nesse sentido, solicita a repetição do julgamento que ditou 25 anos de prisão para o acusado, em crimes cometidos entre junho de 2008 e março de 2010. Para fortalecer os seus argumentos, apresenta ainda que não há provas ou indícios que indiquem que “as vítimas estejam sequer mortas”.
Recorde-se que o Tribunal de Torres Vedras condenara o sucateiro da Lourinhã e 25 anos de prisão, depois de considerar provados três dos quatro homicídios de que Francisco Leitão era acusado. Ficou provado na Justiça que Rei Ghob, como era conhecido o homicida, matou Ivo Delgado, de 22 anos, Tânia Ramos, de 27, a menor Joana Correia, de 16 anos.
A leitura do acórdão foi feita a 29 de março e determinou pena máxima para Rei Ghob, o que não agradou à defesa e suscitou uma reação imediata: o advogado anunciou que iria recorrer da sentença.
Francisco Leitão era acusado de quatro crimes de homicídio (Ivo Delgado, Tânia Ramos e Joana Correia e de uma quarta vítima). Foi formalmente acusado no Tribunal de Torres Vedras por estes crimes, além de ocultação de cadáveres, posse de arma e falsificação de documentos.
Dos quatro crimes de homicídio de que Rei Ghob era acusado, só três ficaram provados e terão ocorrido entre a Lourinhã e Caldas da Rainha. A morte de um idoso sem-abrigo também constava da acusação, mas esse crime carece de prova, segundo o acórdão.
Durante as sessões do julgamento, as testemunhas acusaram Francisco Leitão de exercer coação psicológica, com o pretexto de que possuía poderes sobrenaturais. Há indícios de que terá drogado as vítimas, realizando também cultos de bruxaria, que aconteciam de forma repetida.
Pensa-se que Rei Ghob é um criminoso em série. Segundo fontes policiais, Leitão “matava quem se atravessava no seu percurso sentimental”.
O julgamento foi realizado com um tribunal de júri, formado por três juízes e quatro cidadãos. Esta estratégia do Ministério Público tinha como fim um agravamento da sentença, o que acabou por suceder, com pena máxima aplicada ao sucateiro da Lourinhã.
No entanto, a defesa de Francisco Leitão tenta evitar a pena, através do recurso, por discordar do acórdão e tentando a repetição do julgamento que levou à pena máxima.
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