A tradição da corrida de burros reuniu 21 concorrentes, cinco dos quais mulheres, em Ferrel, Peniche, na tarde do último sábado, despertando a atenção de centenas de visitantes, numa homenagem ao papel que os animais desempenharam na actividade económica da vila em tempos passados. A iniciativa surgiu há 40 anos, com a intenção de valorizar um dos maiores recursos da localidade, conhecida como a terra dos burros, dado o elevado número de animais que ali existiam e auxiliavam na agricultura e no transporte de pessoas e bens. Hoje é considerada “uma espécie em vias de extinção”, uma vez que os agricultores foram-se desfazendo deles quando compraram tractores, razão pela qual a organização do evento teve de alugar alguns burros para a corrida. Em disputa estavam taças e prémios entre 10 e 40 euros em carne, uma t-shirt e um pastel de nata, pelo que foi pela tradição que os concorrentes, de várias faixas etárias, disputaram a corrida, inserida nos festejos de Nossa Senhora da Guia, padroeira de Ferrel. A competição consistia em 14 voltas em redor da capela de Ferrel. Aos concorrentes foram dadas regras expressas para não esforçarem demasiado os animais. Quem infringisse era desclassificado. O vencedor foi Carlos Oliveira, 54 anos, agricultor de Ferrel, que disse ter levado à competição o burro “China” que “uso nos trabalhos do campo e com o qual já venci três vezes esta corrida”. “Andar em cima de um burro é diferente do que montar a cavalo. O burro assusta-se com o barulho das pessoas e foge mais”, indicou. Francisco Gomes