Já lá vão alguns anos que eu assisti no Porto à peça “As árvores morrem de pé”, interpretada pela saudosa e grande Senhora que foi a Actriz Palmira Bastos. Esta frase veio ao meu espírito, quando no dia 6 de Julho, correu célere a notícia da morte de Maria José Pinto da Cunha de Avillez Nogueira Pinto. Toda a sua vida foi pautada pelo serviço aos outros, defendendo sempre as suas convicções: morais, sociais, religiosas, políticas… Essa sua verticalidade – como as árvores de grande porte e majestade – valeram-lhe os encómios das mais diversas personalidades. Mesmo discordando política ou religiosamente dela, todos foram unânimes em enaltecer a sua figura de Mulher, que deixa um vazio na nossa sociedade. Jurista de formação, casou com o jurista Jaime Nogueira Pinto que conheceu quando ela «furou» uma greve na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Casaram em 1972, tiveram três filhos e o casamento só acabou porque «a morte os separou». Estiveram juntos em África e viveram quatro anos exilados em Joanesburgo, Madrid, Brasil. O seu currículo é marcado pela vertente social: entrou na política, «não para se servir da política, mas para servir a política»; foi Subsecretária de Estado da Cultura, Consultora da Fundação Gulbenkian e mais tarde Presidente da Fundação para a Saúde; Presidente da Administração da Maternidade Alfredo da Costa; Provedora da santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Mulher de «antes quebrar que torcer», quando Subsecretária de Estado da Cultura interditou o velho Estádio de Alvalade, por insegurança da estrutura destinada a receber um concerto musical; tendo sido desautorizada pelo Secretário de Estado da altura, demitiu-se. Nas eleições Legislativas de 1995, foi eleita deputada independente por Lisboa nas listas do CDS. Até 1999 é líder da bancada do CDS, onde trava acesos combates com os seus parceiros políticos, com um fulgor que deu nas vistas – o seu estilo é ao mesmo tempo contundente, culto, ágil e desassombrado. Nesse «combate» ganha o respeito e admiração dos colegas de todas as bancadas. Sabe impor aquilo em que acredita e defende, mas sem a arrogância de quem se julga dona da verdade. Venceu muitas batalhas, inclusivamente a última. O cancro venceu o seu corpo, mas o seu espírito crente e lúcido até ao fim, apoiado na graça de Deus que lhe dava a Fé, esteve «em pé» até ao fim. Poucos dias antes do dia 6 de Julho, ainda esteve no plenário para a eleição de Assunção Esteves, como Presidente do Parlamento. Esta, no dia da Missa de corpo presente, disse de Maria José Nogueira Pinto: “Venho representar a dor do Parlamento português pela morte da drª Maria José Nogueira Pinto, que teve um percurso cívico e político que nos merece o maior respeito”. Maria Fernanda Barroca
“As árvores morrem de pé”
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