Tem apenas 25 anos mas quer fazer história ao dirigir uma empresa que faz investigação e desenvolvimento relacionada com recursos oceânicos. Jorge Pina Rodrigues, com mais dois sócios, investiu 500 mil euros para criar um equipamento para produzir energia através das ondas do mar. Tecnologia nacional que procura aperfeiçoar os dispositivos existentes e atingir o máximo de rentabilização, e que está a ser testada ‘indoor’ num pavilhão nas Gaeiras, em Óbidos. A Sea For Life, Lda. é uma empresa de I&D, orientada para o oceano. Desde 2007 está a desenvolver e construir um dispositivo inovador que seja capaz de se estabelecer no mercado como o modelo comercial de extracção de energia das ondas, designado por WEGA (Wave Energy Gravitational Absorber). A empresa que Jorge Pina Rodrigues dirige tem apenas cinco funcionários. Até agora a Sea for Life não dá lucros. Só despesas. A sociedade por quotas, repartida entre três sócios, foi constituída com 500 mil euros de capital social, e é essa verba que desde há três anos tem vindo a pagar os salários. Mas o director geral da Sea for Life assegura que ainda há margem de manobra e que em breve entrará no mercado. Primeiro foi preciso estudar e desenvolver uma inovadora tecnologia de produção de energia a partir das ondas do mar que fosse “competitiva”. Os empreendedores acabam de apresentar publicamente o seu projecto e procuram agora parceiros nacionais e estrangeiros para o testarem no mar e passarem à fase de comercialização. “É um projecto considerado inovador e que pode revolucionar o mercado pela capacidade de produzir energia sem ter qualquer movimento mecânico na água”, aponta. O WEGA é dispositivo composto por um corpo suspenso articulado, semi-submerso, anexado a uma estrutura de fixação, que oscila numa órbita elíptica com a passagem das ondas. O corpo articulado interliga-se com a estrutura de fixação através de uma cabeça rotativa que lhe permite adaptar-se ao sentido de propagação das ondas, aproveitando ao máximo as leis da gravidade e estimando-se que possa produzir entre 100 a 150 kilowatts de energia. O sistema distingue-se, segundo Jorge Rodrigues “pela durabilidade em condições tão adversas como as que existem no mar”. O facto de não ter movimentos mecânicos submersos “diminui o risco para qualquer investidor que queira ser nosso parceiro no projecto” explica. “Acreditamos que todos os jogos mecânicos em permanência na água podem sofrer danos irreparáveis, pondo em causa a durabilidade e viabilidade de qualquer dispositivo. Todos os jogos mecânicos e vedações dinâmicas, só existem fora de água e devidamente protegidos. Dentro de água todas as aplicações mecânicas e vedações são estáticas, conferindo assim uma elevada fiabilidade ao sistema”, sublinha. O WEGA pode ser colocado no mar em três situações: “Near Shore”, a menos de uma milha náutica da costa e com uma estrutura fixa no fundo, “Line Shore” é aplicado numa linha junto à costa e também fixo ao fundo do mar. Já em “Off Shore”, o Wega fixa-se numa plataforma que também está a ser concebida pela Sea for Live e que pode ir até às quatro milhas da costa. “É um projecto Made in Portugal. Foi concebido e testado dentro das nossas instalações. Produzimos tudo, desde os protótipos, aos tanques de ensaios”, refere Jorge Pina Rodrigues. O sistema pode ser montado por módulos e qualquer avaria que haja num módulo não implica a paragem de todo o dispositivo. “Temos aqui características fundamentais para um futuro promissor”, sustenta. Relativamente a utilizações previstas, indica a aquacultura, a dessalinização da água, a vigilância marítima, a detecção de tsunamis, uma plataforma de comunicações, a produção de hidrogénio e energia para plataformas de petróleo e gás, entre outras. “Estamos a desenvolver contactos com empresas para dar o próximo passo, que será colocar um modelo de estudo do WEGA no mar”, adianta o empresário. “A costa portuguesa tem condições excelentes para a produção de energia das ondas e com a extensão da plataforma continental ainda ficamos maior área de aproveitamento disponível. Os estudos apontam para uma capacidade de produção energética a partir das ondas de cerca de dez terawatts/ano, o que representa perto de vinte por cento do consumo de energia em Portugal em 2009. É um peso grande e fará diminuir a importação de petróleo, gás natural e fuel-óleo, reduzirá a factura e a dependência energética e irá melhorar a nossa balança comercial”, conclui. Francisco Gomes (texto) Carlos Barroso (foto) Legendas: 1- Dispositivo inovador de extracção de energia das ondas 2-Jorge Pina Rodrigues, director da empresa das Gaeiras CRONOLOGIA 2007 CONSTITUIÇÃO Início de actividade da Sea For Life com apenas dois elementos: o tecnólogo Nuno Teixeira e o director geral Jorge Pina Rodrigues 2008 INSTALAÇÃO A empresa construiu os tanques de ensaios num pavilhão nas Gaeiras, Óbidos, e adquiriu o equipamento necessário à investigação. Também se deram inicio aos ensaios teóricos 2009 INVESTIGAÇÃO Ensaios teóricos, construção de modelos, testes práticos e estudo do fenómeno das ondas do mar. 2010 LANÇAMENTO Após o período de ensaios, depois de ter estudado diferentes conceitos, a Sea For Life faz o lançamento de uma tecnologia de energia das ondas inovadora, designada por WEGA (Wave Energy Gravitaional Absorber) Os CONSELHOS de JORGE PINA RODRIGUES 1-Espírito de Equipa – O aspecto mais importante porque as empresas são feitas de pessoas. Envolver, interagir, reconhecer, recompensar motivar são práticas fundamentais para vencer. 2-Paixão e dedicação – Não encarar o trabalho como uma obrigação. Na Sea For Life temos um lema: “It’s a Way of Life” (É um modo de vida) 3-Criatividade Racional – Promover a criatividade é, obviamente, essencial numa empresa de inovação. No entanto é necessário garantir que não se trata de uma criatividade desenfreada, mas orientada para a missão da empresa. 4-Procurar a perfeição – Estar sempre à procura de uma melhor solução deve fazer parte do quotidiano num mundo em constante evolução. 5-Fazer escolhas sustentáveis – É importante garantir que não se compromete a evolução futura da empresa e para isso é necessário considerar toda a envolvência em cada decisão que se toma. 6-Risco e Coragem – Sem a ambição de ir mais além a humanidade não teria atingido o actual estado de desenvolvimento. Desafiar o status-quo é, por isso, fulcral. 7-Libertar-se de ideia pré-concebidas procurando inovar – As ideias pré-concebidas criam inércia no processo de inovação 8-Explorar as potencialidades locais – Dar primazia soluções e recursos a nível além de, normalmente, ser mais rentável faz parte da responsabilidade social das empresas. 9-Saber promover – Podemos ter a melhor oferta do mundo, mas se não a conseguirmos fazer chegar aos seus clientes, de nada serve. 10-Acreditar nas nossas capacidades – Acreditar que somos, pelo menos, tão bons como qualquer um no resto do mundo. Afinal, somos todos seres humanos. O PULSO DA CRISE + Sensibilização para as questões ambientais Especial destaque para as energias renováveis. A tendência para subida dos preços do petróleo, quer por causa da diminuição das reservas até então disponíveis, quer pelo aumento do consumo energético mundial, garantiu um lugar de destaque para as energias renováveis nesta época – algo que acredito que nos encaminhará para um desenvolvimento mais sustentável. – Falta de investimento em actividades inovadoras Em épocas de crise as empresas têm tendência para cortar em actividades periféricas como a Inovação, I&D e até o Marketing por serem áreas menos maduras ou por estarem a necessitar de receitas. No entanto, para estas actividades, a espera pode ser fatal. Por isso são necessários apoios estatais, principalmente, em projectos com potencial de afirmação a nível nacional e internacional.
Empresa das Gaeiras investiga produção de energia através das ondas

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