Belo espectáculo na tarde da vergonha   Uma coisa não invalida a outra. Que foi um bom espectáculo uma bela tarde de toiros e de casa cheia na tradicional corrida do 15 de Agosto isso foi. Mas vistas as coisas por outro prisma foi a tarde da vergonha, por lapso ou omissão dos respectivos responsáveis (organização da corrida e presidência da Câmara), isso também foi. Poderia fazer disto uma crónica a publicar nas semanas seguintes mas entendo que é na hora que as coisas devem ser ditas. Tento por poucas palavras chegar onde quero. No intervalo da corrida foi anunciado na aparelhagem sonora e desceu à arena o presidente da Câmara das Caldas da Rainha para homenagear, entregando até uma lembrança à cavaleira Ana Baptista pelos dez anos de alternativa. Até aqui tudo bem! Então e os artistas da terra não são lembrados nem homenageados? Porque é que o cavaleiro caldense Marco José, que assistiu à corrida na trincheira, teve de engolir esta injustiça? Não perfaz ele igualmente 10 anos de alternativa? Não podia e deveria ser ele incluído no cartel no lugar do praticante Salgueiro da Costa (que teria outras oportunidades) e ser assim Marco José um toureiro da terra homenageado por direito próprio conjuntamente com Ana Baptista? Eu perguntar pergunto, mas das injustiças não é fácil esperar respostas. Para mim e para os aficionados mais atentos foi uma vergonha que manchou a tarde de mais uma gloriosa jornada para a nossa festa, respondendo com firmeza aos manifestantes anti-taurinos para quem é tempo de nos largar a porta.   Luís Rouxinol   Luís Rouxinol apenas regular no 1.º toiro, seria levado a uma actuação de grande nível quando toureou o seu 2.º com quatro ferros curtos sensacionais, culminados com mais um violino outro de palmo e ainda um par de banderilhas a duas mãos caribando assim uma lide à Rouxinol.   Ana Baptista   Ana Baptista encontrou no seu primeiro as qualidades que a levou igualmente ao triunfo toureando no seu estilo clássico a ir de frente e a cravar a preceito no meio da praça. Empolgante nos ferros curtos, no qual o 4.º excepcional,  rematando com uma rosa e saindo aplaudida.   Salgueiro da Costa   Deste jovem cavaleiro ainda praticante, filho de João Salgueiro como toda a gente sabe, que bem me apetecia elegê-lo o triunfador da tarde. Não que estivesse melhor do que Rouxinol ou Ana Baptista, mas sim porque manteve grande nível exibicional em qualquer das suas duas lides. Grande mérito no último toiro da corrida que indicava não ajudar e estar ali uma faena perdida. Pois bem, o jovem Salgueiro soube dar-lhe a volta e atingir de novo planos elevados na sua actuação, não o deixando o público sair da praça sem mais um ferro a pedido, que resultaria monumental.   Grandes Pegas – na próxima sexta-feira há mais   Dos 6 toiros Coimbras apenas o 5.º andou algo perdido na arena, cumprindo os restantes, sendo rápidos a sair para os forcados mas francos, entrando a direito e sem grandes derrotes. Assim foi uma tarde sem grandes pegas, com destaque para os caras Luís Sepulveda, António Imaginário e Manuel Roque Lopes, por parte do Grupo Amadores de Santarém. Francisco Rebelo de Andrade, Oscar Carvalho e Mário Cardeira, pelos Forcados da Caldas, resolveram com brilho e com determinação as pegas aos toiros que lhes calharam em sorte, estando desta feita mais perto do seu real valor. Nesta sexta-feira, dia 20, pelas 22 horas, esta mesma praça das Caldas volta a engalanar-se para dar alternativa ao cavaleiro Francisco Zenkl, toureando ainda Manuel Lupi e João R. Telles (filho), sendo os toiros de Dias Coutinho pegados pelos Grupos de Forcados Amadores de Montemor e Amadores das Caldas da Rainha.   Luciano Silva