A caldense Sónia Figueiredo é observadora da Comissão Europeia e no último ano tem vindo a dedicar-se a ajudar várias populações a terem um país livre. Aos 33 anos tem uma profissão que a leva a viajar pelos mais diversos países em conflito e que desejam ser uma democracia, mas para estar neste patamar e ajudar as populações teve de esperar quatro anos após uma inscrição no Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD). “Descobri no site do IPAD uma organização que faz parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros que de vez enquanto recrutava pessoas para missões da União Europeia, como observadores eleitorais. Candidatei-me. Foi uma longa espera, porque demorou cerca de quatro anos até ser chamada. Candidatei-me para ir ao Afeganistão e não estava à espera de ser chamada. Mas fui porque a pessoa que era para ir não podia. Foi uma grande sorte. Precisavam de uma pessoa com alguma urgência e eu fui logo”, contou. Desta experiência de um mês e meio, que classifica de excelente, Sónia Figueiredo relatou o que viu: “É um país em guerra, inseguro para os locais e para os estrangeiros. Uma cultura diferente, em especial para uma mulher. Estava preparada para tudo isto, mas não para o lado positivo do Afeganistão. A população surpreendeu-me pela positiva, porque tem uma cultura muito enraizada, muito conservadora, mas é um povo muito bondoso. Não estão abertos à modernização e à civilização, mas estão curiosos do conhecimento de novos povos, como Portugal. O futebol fez uma grande ajuda na comunicação com a população”. “O Afeganistão marcou-me muito, porque no primeiro dia chorei. Fiquei num hotel na cidade de Kabul, num sítio muito alto e vi a cidade toda destruída. De repente via helicópteros a passarem por cima da cabeça constantemente e perguntei-me o que estava ali a fazer. Sou mãe e pensei que era louca. Mas depois fui enviada para uma cidade e tive muita sorte, porque as pessoas eram muito pacíficas. Ainda assim, o edifício onde estava foi atacado com rockets”, contou. “Foi a parte negativa do Afeganistão, pelo ataque ao edifício das Nações Unidas, por parte de um grupo que não era taliban, mas que de vez em quando se lembrava de atacar as Nações Unidas, a NATO ou o aeroporto. Eu não queria acreditar naquilo. Mas a experiência foi tão positiva que nem fiquei traumatizada com este episódio”, referiu. A observadora da Comissão Europeia recordou o dia das eleições no Afeganistão, porque “havia filas de homens e de mulheres para exercerem o seu direito”. “Foi um dia de festa”. Além do Afeganistão, Sónia Figueiredo esteve em países do Médio Oriente como a Síria, Líbano, Jordânia, na fronteira do Iraque, onde não conseguiu entrar com a comitiva, nos Emirados Árabes e recentemente na Etiópia. Quanto ao trabalho de observadora que Sónia Figueiredo realiza, não é apenas “ver e olhar” para as pessoas e estar de braços cruzados. Um observador vai para o terreno cerca de um mês antes das eleições no país, avalia todo o processo eleitoral, desde a época da inscrição de listas, registo de candidatos e eleitores, observa se todos podem exprimir-se, se podem livremente fazer campanha, se as mulheres têm liberdade, se há medidas parciais ou imparciais, entre outras situações. “Não estamos lá apenas para o dia D. Estamos lá para todo o processo que vai antes do dia D e um bocadinho depois. Normalmente é até à ratificação dos resultados”. “O meu trabalho no terreno, faço-o com muito empenho e acredito mesmo naquilo que faço. Quando falo com pessoas locais e me dizem obrigado por estarem aqui por nos ajudarem, é muito gratificante. Por vezes as pessoas julgam que nós vamos garantir o resultado das eleições, mas não é essa a nossa missão. Nós só observamos e fazemos relatórios e as pessoas por vezes querem uma intervenção mais forte, mas isso não é possível”, concluiu Sónia Figueiredo. Antes de ter esta função Sónia Figueiredo trouxe para Portugal e para as Caldas da Rainha o movimento “Follow the Women”. Carlos Barroso
Caldense observadora da Comissão Europeia
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