Unidos na diversidade, forçados pela necessidade Foram, até agora, estes os dois principais argumentos, exaustivamente repetidos e relembrados pelos eurocratas de Bruxelas, a favor da balcanização da Europa, do europeísmo e do projecto federalista europeu de Monnet e Coundenhove-Kalergi. A Europa, artificial mas, de acordo com Bruxelas e Estrasburgo, não apenas real como quase paternalista, de cuja existência tentam convencer-nos desde o final da Segunda Guerra Mundial, é, segundo os seus defensores, essencialmente eurocratas internacionalistas da esquerda europeísta do Velho Continente, uma entidade étnica e cultural milenar, cuja existência, identidade e vontade foi, e é, supostamente defendida por Bruxelas. Foi com base nesta errónea afirmação, de acordo com a qual a Europa é mais que uma entidade geográfica, é um território étnica e culturalmente unitário, com uma entidade comum, não apenas nunca provada mas, pelo contrário, várias vezes desmentida, com, por exemplo, a dissolução da Checoslováquia, da União Soviética (cujo modelo é, curiosamente, muito semelhante com o da supranacionalidade institucional da UE) ou da Jugoslávia, que a Europa política e económica tem vindo a ser construída, tendo inclusivamente ignorado e/ou rejeitado sucessivos sufrágios e referendos, olvidando assim algo tão básico como a própria vontade dos povos europeus. Inicialmente, logo após o final da Segunda Guerra Mundial, os arquitectos do já falhado projecto europeu, justificavam a integração europeia com a efectiva desunião e antagonismo entre as nações do Velho Continente, verificada nas duas guerras mundiais, em que os povos europeus se tinham lançado uns contra os outros. Não conseguiram, no entanto, explicar a total ausência de conflitos militares na Oceânia e na América do Norte, por exemplo, que nunca esteve, até há pouco tempo, organizada em estruturas supranacionais. Obviamente, é de facto, possível afirmar que essa inexistência de guerras na região se deveu aos interesses estratégicos comuns dos países norte-americanos. Mas não os tinham também os estados da Europa Ocidental, ainda mais quando se encontravam ameaçados a leste pelo terror vermelho do império comunista? Fará esse argumento algum sentido? Mais recentemente, porém, os europeístas e federalistas europeus têm vindo a alterar o seu discurso, não justificando a existência (ou continuidade) da União Europeia com a suposta necessidade de minorar o ódio entre os países e povos europeus mas, por outro lado, com uma absolutamente pretensa indispensabilidade da cooperação económica, política e financeira inter-europeia. Chegam inclusivamente ao absurdo de tentar convencer-nos que só podemos comerciar com os restantes países europeus se formos membros da UE. Nada mais ridículo. Agora, no entanto, com a emergência da crise da dívida pública grega, esta Europa fingida, artificial, postiça e visivelmente carcomida por dentro, mostra aquilo que, de facto, é: O maior castelo de cartas da História Europeia e Mundial. Com o euro e a própria União em risco, os governos europeus e europeístas, ciosos do seu condenado projecto anti-identitário, preparam-se para disponibilizar mais de 100,000,000,000€ (cem mil milhões de euros, imagine-se) à Grécia, ajuda em que Portugal participará com mais de 2000 milhões de euros, o suficiente para construir todo o projecto de alta velocidade português ou 5 submarinos U-209PN, do mesmo tipo dos dois que Portugal adquiriu em 2004, negócio que tem sido fortemente criticado pelo PS (apesar de Guterres, durante o governo socialista, anterior ao de Durão Barroso, ter planeado comprar três e não dois navios, no que é já exemplo de como a hipocrisia política pode ser levada ao absurdo). Assim sendo, a pequena Grécia, país com pouco mais de 11 milhões de habitantes (número absolutamente insignificante entre os mais de 500 milhões de europeus), pode, efectivamente, fazer toda a UE cair. Talvez assim a Europa, ou, mais precisamente, as nações europeias, forçadamente unidas numa efectiva diversidade que não é respeitada, e sob o argumento de uma pretensa necessidade, que, de facto, nunca existiu, recuperem aquele que é simultaneamente o seu direito mais importante e mais esquecido e ignorado: A independência política, económica e cultural. Rafael Pinto Borges Presidente da Mesa do Plenário Concelhio da JP das Caldas da Rainha
Castelo de cartas europeu
19 de Maio, 2010
Unidos na diversidade, forçados pela necessidade Foram, até agora, estes os dois principais argumentos, exaustivamente repetidos e relembrados pelos eurocratas de Bruxelas, a favor da balcanização da Europa, do europeísmo e do projecto federalista europeu de Monnet e Coundenhove-Kalergi. A Europa, artificial mas, de acordo com Bruxelas e Estrasburgo, não apenas real como quase […]

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