Celebrou-se a 8 de Março o Dia Internacional da Mulher. A data remete-nos para século e meio atrás quando manifestações feministas exigiram melhores condições de trabalho e direito ao voto, numa altura em que a mão-de-obra feminina começou a entrar em massa na indústria. Essas operárias fabris, da indústria têxtil, em 1857, a 8 de Março, em Nova Iorque, deram corpo a uma luta pela igualdade de direitos políticos, económicos e sociais – luta e ideais que foram ganhando força e diversos matizes nos Estados Unidos e na Europa ao longo do século XX. Ficou célebre a manifestação de 15.000 mulheres que, em 1908, marcharam sobre a cidade de Nova Iorque exigindo direito ao voto, redução de horário de trabalho e melhores salários. O 1º dia Internacional de Mulher foi celebrado a 28 de Fevereiro de 1909 nos Estados Unidos, por iniciativa do Partido Socialista de América. Em 1910, precisamente há um século, ocorreu a 1ª conferência Internacional da Mulher em Copenhaga e foi aprovada a proposta de instituição do Dia Internacional da Mulher, então ainda sem data especificada. Em 1911, por exemplo, o Dia Internacional da Mulher celebrou-se a 19 de Março, e muitos milhares de mulheres manifestaram-se por toda a Europa – Alemanha, Áustria, Suíça, Dinamarca… Durante as décadas de 1910 a 1920 o Dia Internacional da Mulher foi comemorado no Ocidente mas gradualmente foi perdendo força e só ganho de novo dinamismo com o Movimento Feminista dos anos 60. O ano de 1975 foi designado como o Ano Internacional da Mulher e a partir de 1977 a Organização das Nações Unidas instituiu o Dia Internacional da Mulher. A tomada de consciência pelas mulheres dos seus direitos deu origem a diversos Movimentos Feministas, muito diferentes entre si e que originaram um diálogo nem sempre pacífico entre feminista e anti-feministas. No entanto, independente das opiniões de cada um, não deve esquecer-se o papel que os Movimentos Feministas desempenharam no último século na conquista de direitos fundamentais das mulheres e na consequente mudança da sociedade, ultrapassando-se situações inadmissíveis de discriminação de género; o seu contributo foi fundamental para o alcançar do direito ao voto das mulheres e para a sua progressiva participação na vida política e social, para uma alteração progressiva do seu papel na família e da sua consequente emancipação em relação ao marido. As mulheres portuguesas não ficaram alheadas a esta crescente consciência dos seus direitos. Em Portugal, a primeira comemoração de que existe notícia, data de 1953. Apesar da proibição da ditadura, algumas dezenas de mulheres reuniram-se em Lisboa, para comemorar o Dia Internacional da Mulher. A primeira comemoração do 8 de Março em liberdade realizou-se em 1975. A primeira mulher a votar em Portugal, e a primeira no quadro dos doze países que viriam a integrar a União Europeia, foi Carolina Ângelo em 1911 que contornou a lei – que permitia votar as cidadãs maiores de 21 anos que fossem chefes de família e soubessem ler e escrever; ela era médica, mãe e viúva e por isso votou. Para evitar estes contornos, a lei mudou para permitir o voto somente ao sexo masculino. Só em 1931, é que as mulheres foram consideradas eleitoras, mas só poderiam votar as que fossem chefes de família ou cujos maridos estivessem no estrangeiro ou colónias e tivessem o ensino secundário. Foi nesta altura que ganharam também o direito de ser eleitas para a Assembleia Nacional. Foram eleitas três deputadas nas primeiras eleições legislativas do Estado Novo. O Sufrágio universal feminino só foi alcançado após o 25 de Abril. Actualmente existem a nível nacional e internacional vários mecanismos para promover a igualdade entre géneros. Em Portugal existem vários programas que através de comissões tentam facilitar a igualdade entre géneros na família, não trabalho, tendo como vista a igualdade de oportunidades. No entanto, apesar de todos os avanços no que respeita a igualdade no mundo ocidental há ainda um longo caminho a percorrer se tivermos em conta as estatísticas: As mulheres detêm só 1% da riqueza mundial; Ganham 10% das receitas mundiais; As mulheres trabalham mais do que homens: 20% a mais no mundo industrializado e 30% no resto do mundo; As mulheres estão sub-representadas em todos os corpos legislativos mundiais; Ganham em média 30% menos que os homens quando têm o mesmo emprego. Neste início do século XXI a questão do Feminismo e de haver um Dia Internacional da Mulher continua em aberto e a ser muito discutido, até porque os movimentos feministas são muito diferentes. Nos meus dezasseis anos, e assumindo que ainda quase tudo me falta por saber, considero que o foco da nossa atenção, quando se pensa na situação da mulher, deverá sobretudo ter em conta que a mulher é pessoa e, como pessoa, a sua dignidade, os seus direitos, não podem ser objecto de discriminação de género. Assim a luta da mulher não deverá ser feita contra os homens; mas antes, juntamente com eles, criarem as condições para que se encontre um novo equilíbrio, um novo paradigma onde a igualdade de facto seja uma realidade e onde todos possam crescer como pessoas contribuindo para que todos gozem da dignidade que a pessoa humana tem direito. Tendo em conta o longo caminho que falta percorrer até a igualdade de facto, o Dia Internacional da Mulher deve fazer-nos pensar o que cada um de nós pode fazer para contribuir para que no futuro não seja mais necessário haver Dia da Mulher, ou Dia seja lá do que for… Porque a verdadeira igualdade, a verdadeira justiça já se concretizou. Sara Meireles
Dia Internacional da Mulher

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